Análise da série Prison Break (5ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quarta temporada de Prison Break.
Sete anos depois dos eventos retratados no final da quarta temporada, T-Bag (Robert Knepper) está sendo liberado da penitenciária Fox River por ter cumprido sua pena. Enquanto pegava seus pertences de volta, o guarda da prisão também lhe entrega a última carta que ele havia recebido. No interior do envelope havia algo bastante inusitado: um possível indício de que Michael Scofield (Wentworth Miller) esteja vivo. A pergunta é: como ele ficou desaparecido por todos esses anos? Esse é o ponto central da quinta temporada de Prison Break.
É completamente compreensível a escolha de introduzir a nova narrativa utilizando um dos personagens mais marcantes da atração. Se formos parar para analisar os fatos, esta é uma temporada de redenção para T-Bag, quando ele finalmente tem a chance de recomeçar sua vida quase do zero. A forma com que a história é conduzida, no entanto, esbarra nas próprias origens do personagem, que no passado foi condenado à prisão perpétua devido a acusações de sequestro, estupro e assassinato. Não podemos esquecer que ele fugiu da prisão na primeira temporada e posteriormente não foi incluído no acordo de imunidade oferecido por Kellerman (Paul Adelstein), ou seja, a tendência seria um aumento na sua pena e não uma redução. Desta forma, sua liberação soa um tanto quanto estranha.
Muitas coisas mudaram nesses sete anos: Lincoln (Dominic Purcell) retomou sua antiga vida e está novamente em dívida com traficantes; Sara (Sarah Wayne Callies) se casou com Jacob (Mark Feuerstein), com quem cria seu filho com Michael; e C-Note (Rockmond Dunbar) se converteu ao islamismo. Essas pequenas particularidades geram desdobramentos interessantes ao longo dos nove episódios (sim, é uma temporada muito menor do que o habitual). Sucre (Amaury Nolasco) é outro personagem que também está de volta, mas sua participação acaba sendo mais discreta. A primeira coisa que T-Bag faz é procurar Lincoln para informá-lo da correspondência. Devido ao passado controverso de seu ex-companheiro de penitenciária, Lincoln não crê totalmente naquilo que lhe é apresentado, mas mesmo assim decide ir atrás de respostas. Já Sara, ao tomar conhecimento desses fatos, demonstra não acreditar muito na possibilidade de Michael estar vivo.
Analisando com mais cuidado a folha que T-Bag lhe entregou, Lincoln encontra uma palavra escondida: Ogygia. Fazendo uma busca na internet, ele descobre que se trata de uma prisão no Iêmen. É então que chegamos em outra parte que me causou certa estranheza. Depois que C-Note topou ajudar Lincoln a tentar reencontrar seu irmão, eles precisavam de uma foto de Michael para ter certeza que ele realmente estava preso no país árabe. Jogando o nome de Scofield na internet, eles surpreendentemente não encontram nenhuma imagem dele. Como um rosto, que anos atrás estampou os principais jornais do país, passa a não ter mais nenhum registro visual? O amigo de C-Note consegue encontrar fotos (adulteradas) dos registros de habilitação e de trabalho de Michael, mas não é capaz de localizar uma imagem perdida na internet. Esquisito, não?
Desta forma, a única coisa que eles podiam efetivamente fazer era ir até o Iêmen para tirar a dúvida. O problema é que o país está enfrentando uma guerra civil e ainda vê o Estado Islâmico ganhar cada vez mais poder na região. Além de ser um tema bastante atual no momento em que a série foi gravada, as cenas envolvendo o grupo terrorista são realmente muito boas. Enquanto a grande maioria das pessoas está tentando deixar o Iêmen, C-Note e Lincoln seguem o caminho inverso. Mesmo distantes dos Estados Unidos, ambos continuam sendo monitorados por uma equipe liderada por uma pessoa identificada como Poseidon. Em suma, o risco que eles estão correndo é maior do que imaginam. A identidade de Poseidon e sua ligação com Michael são reveladas ao longo dos episódios.
O grande ponto de interrogação da quinta temporada era a forma que eles utilizariam para justificar a falsa morte de Scofield e trazê-lo de volta. Como esperado, trata-se de algo quase fora da realidade, mas observando o histórico de Prison Break a explicação apresentada é até aceitável. Vítima de mais uma armação, Scofield terá que superar muitas barreiras para poder sonhar em retomar sua vida. Sua mente brilhante com certeza o ajudará bastante nesse processo, mas do outro lado existe uma pessoa que também sabe jogar bem: isso gera alguns momentos muito bons, principalmente na reta final da trama.
Considerações finais
Uma quinta temporada era realmente necessária? Diante do desfecho entregue no quarto ano, é provável que não. Já que resolveram reviver a série, nos cabe analisar se a sequência conseguiu, ao menos, manter o nível visto anteriormente. Olhando para Prison Break como um todo, eu diria que as duas primeiras temporadas estão um degrau acima das demais, ou seja, a série já estava há duas temporadas sem conseguir entregar seus melhores momentos. Nesse aspecto, a quinta temporada se assemelha mais com a terceira e a quarta: o saldo final é positivo, mas nada realmente espetacular.
Além das incongruências narrativas, outro grande problema são os exageros retratados na tela, algo que não é exclusivo do quinto ano. Como exemplo, menciono um momento específico do episódio final, quando um dos personagens consegue facilmente burlar um sistema sofisticado de segurança. A opção de produzir uma temporada menor foi acertada e evitou um desgaste maior dos planos mirabolantes, que já não encantam tanto. Outro ponto positivo foi a adição de novos personagens, o que acabou renovando os ares da série. No geral, o elenco desempenha um bom trabalho. Para finalizar, destaco uma mudança na edição: a clássica música presente na transição de algumas cenas foi removida. Definitivamente não é algo que afeta a experiência, trata-se apenas de uma observação.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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