Análise da série Game of Thrones (1ª temporada)

Herbert Viana15 de agosto de 2022

Para novatos como eu no universo de Game of Thrones, o maior desafio ao acompanhar a temporada de estreia certamente é conseguir compreender tudo o que está acontecendo na história, principalmente nos primeiros capítulos. Mesmo com muitos personagens, lugares e interesses em jogo, a presença de protagonistas carismáticos, como o Lorde Eddard Ned Stark (Sean Bean), fez com que a trama rapidamente me conquistasse. Tudo começa quando três soldados da Patrulha da Noite são atacados por um tipo de criatura conhecida como Caminhante Branco, que aparentemente havia desaparecido há milhares de anos. Somente um dos soldados sobreviveu, mas o fato dele ter fugido o tornou um desertor e custou a sua vida. Quais serão as consequências desse relato desacreditado? Já adianto que a resposta não está na primeira temporada.

A narrativa é ambientada no continente de Westeros, que é subdividido em sete reinos, todos governados pelo rei Robert Baratheon (Mark Addy). Quando a sua Mão, uma espécie de conselheiro, morre repentinamente, Robert decide ir até Winterfell convidar seu velho amigo, Ned, a assumir o cargo. Como um incentivo para convencê-lo, o rei propõe um casamento entre Joffrey (Jack Gleeson), seu herdeiro, e Sansa (Sophie Turner), a filha mais velha de Lorde Stark. Esse era um tipo de proposta praticamente irrecusável, mas Catelyn (Michelle Fairley) não queria que seu esposo novamente deixasse o lar por conta do trabalho. Além disso, ela recebeu um recado de sua irmã, que era casada com a Mão do Rei, sobre um possível envolvimento da Casa Lannister, a família da rainha Cersei (Lena Headey), na morte de seu marido. Apesar da relutância de Catelyn, Ned decide aceitar o convite e passa a morar em Porto Real junto com suas filhas Sansa e Arya (Maisie Williams).

Cada vez que conhecemos mais sobre os Lannisters, fica claro o quão desprezíveis eles são. No capítulo de estreia, já dá para ter uma noção do que eles são capazes de fazer para manter os seus interesses: quando Bran (Isaac Hempstead-Wright), um dos filhos mais novos de Ned, sobe em uma torre e vê a rainha fazendo sexo com seu irmão gêmeo, Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), ele é empurrado para manter o incesto em segredo. Ao cair de uma grande altura, o jovem sofre uma fratura na coluna e perde o movimento das pernas, além de não se lembrar do que aconteceu. Mesmo fragilizado, Bran é alvo de uma nova tentativa de homicídio, mas é salvo pelo seu lobo de estimação. O único da família que parece ser uma boa pessoa é Tyrion (Peter Dinklage), mas ainda há muita coisa por vir…

Do outro lado do Mar Estreito, conhecemos os irmãos Viserys (Harry Lloyd) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), que estão exilados desde que o assassinato do seu pai, que era conhecido como Rei Louco. Almejando recuperar o trono de Westeros, Viserys organiza um casamento entre Daenerys e Khal Drogo (Jason Momoa). Drogo é líder dos Dothraki, um grupo de guerreiros nômades que vivem em Essos. Com a aliança, Viserys acreditava que poderia ter forças suficientes para alcançar o seu objetivo, mas as coisas não serão tão simples assim. Os Dothraki têm um estilo de vida bem diferente e querer mudar isso definitivamente não é uma boa ideia. Quando a notícia que Daenerys está grávida chega em Porto Real, Robert e Ned apresentam opiniões divergentes sobre o que fazer com ela.

Paralelamente a esses eventos, o filho bastardo de Ned Stark, Jon Snow (Kit Harington), decide se juntar à Patrulha da Noite, que fica instalada a norte de Winterfell e cuida da Muralha, uma construção gigantesca que foi erguida para proteger os Sete Reinos. É curioso ver que o fato de Jon ser filho de alguém importante não o torna diferente dos bandidos e das outras pessoas que também estão se juntando à Patrulha. A sua ascendência não lhe traz nenhum tipo de benefício, muito pelo contrário, já que alguns começam a praticar atitudes almejando tentar desestabilizá-lo. Apesar das dificuldades iniciais, Jon não nega ajuda a Samwell (John Bradley-West), outro novato, que ao contrário dele, não consegue se defender sozinho e nem possui amigos. Uma amizade surge entre eles e, aos poucos, os dois vão ganhando respeito dentro do grupo.

Ao longo dos dez episódios, a situação entre os Starks e os Lannisters vai se tornando cada vez mais tensa, com Ned descobrindo segredos envolvendo a esposa do rei e Catelyn agindo por conta própria buscando vingança, depois do que aconteceu com o seu filho. Os eventos envolvendo os Targaryens também ganham desdobramentos interessantes, com destaque especial para o fato retratado nos momentos finais do último capítulo. Outro detalhe que me surpreendeu foi a morte de alguns personagens já na temporada de estreia. Eu já tinha lido que Game of Thrones não é uma boa série para se apegar aos personagens, mas não imaginei que logo no primeiro ano teríamos baixas tão significativas.

Considerações finais

Ao terminar a primeira temporada já deu para ter uma pequena noção do porquê Game of Thrones se tornou um fenômeno mundial. Em dez episódios, a atração baseada na obra de George R. R. Martin entrega uma história envolvente e com muitos personagens marcantes. A ligação entre os reinos, o que aconteceu em Porto Real antes de Robert se sentar no trono de ferro e os diversos interesses sobre Westeros são temáticas recorrentes que contribuem para o aprofundamento da trama. Há muito o que ser desenvolvido ainda, como a Patrulha da Noite e as misteriosas criaturas que apareceram no começo da atração. Com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, nem sempre é fácil assimilar tudo o que é retratado.

Objetivando facilitar a compreensão das várias localidades presentes na série, a belíssima abertura também funciona como um mapa, que destaca os principais pontos da região e nos dá uma boa noção de onde os diversos grupos estão instalados. Visualmente, Game of Thrones impressiona pelos seus belos cenários, figurinos e efeitos especiais. As cenas de combate não são tão frequentes, mas cumprem muito bem o seu papel na história. O elenco desempenha um excelente trabalho e contribui muito para a criação de vários personagens notáveis. Estou curioso para saber o que acontecerá na sequência.

Nota

★★★★☆ – 4 – Ótimo