Análise do filme Scooby!
Scooby-Doo sempre foi uma das minhas animações favoritas. Como era divertido ligar a TV toda manhã e assistir a turma resolvendo novos casos, ainda que eu já conhecesse o episódio que estava sendo transmitido. Depois de acumular um enorme sucesso na TV, a série criada por Joe Ruby e Ken Spears estreou no cinema em 2002, com um filme live action dirigido por Raja Gosnell e roteirizado por James Gunn. Uma sequência foi lançada dois anos depois e, desde então, Fred, Daphne, Velma, Salsicha e Scooby não mais deram as caras nas telonas.
Em 2014, a Warner Bros. anunciou que estava desenvolvendo um longa animado que serviria como reboot para a franquia no cinema. Esse projeto era Scooby! O Filme (Scoob!, no original), produção que estrearia em 15 de maio de 2020, mas teve o seu plano de lançamento modificado em decorrência da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Com as salas de exibição fechadas e sem previsão para receber público, a Warner decidiu disponibilizar o filme exclusivamente em formato digital.
Na história, Salsicha é uma criança que parece não ter com quem brincar. Enquanto refletia sobre a solidão, ele conhece um filhote de cachorro que estava sendo perseguido por um policial, por ter furtado um restaurante. Como o animal não tinha dono, Salsicha decide adotá-lo e os dois se tornam grandes amigos. A dupla conhece Fred, Daphne e Velma durante as festividades do Halloween, logo após outras crianças terem tomado e jogado o saco de doces de Salsicha em uma casa aparentemente mal-assombrada. Enquanto tentavam resgatar as guloseimas, eles resolvem o seu primeiro mistério.
A transição do quinteto da infância para a fase adulta é marcada por uma releitura da clássica abertura de Scooby-Doo, Cadê Você?, algo que certamente causará um sentimento nostálgico nos fãs da animação. Agora proprietários da empresa Mistério S/A, o grupo recebe a visita de Simon Cowell, que está interessado em investir no negócio, embora considere que Salsicha e Scooby acrescentam pouca coisa para a dinâmica da equipe. Revoltados com a fala de Simon, os dois abandonam a reunião e decidem ir jogar boliche. O que era para ser diversão se transforma em um pesadelo: enquanto curtiam o momento de lazer, eles são atacados por vários robôs.
Sozinhos e sem ter muito o que fazer, a dupla fica extremamente surpresa ao receber a ajuda de Dinamite e de Falcão Azul, que não é propriamente o Falcão Azul que eles conheciam, mas sim o seu filho, que assumiu o posto de herói do pai. Instantes depois, Salsicha e Scooby descobrem que estavam sendo perseguidos por alguém conhecido como Dick Vigarista, que estava atrás dos três crânios do Cérebro. O motivo pelo qual Dick precisa dos crânios e qual é a relação dos membros da Mistério S/A com essa história são fatos explicados no decorrer do filme.
Mesmo não estando no comando da Máquina do Mal, a nave espacial de Dick guarda muitas semelhanças com o carro que nunca venceu uma das provas da Corrida Maluca. Sem fazer a mínima ideia do que estava acontecendo no céu, Fred, Daphne e Velma tentam encontrar Salsicha e Scooby. O longa-metragem é bem desenvolvido e consegue criar uma boa conexão entre essas duas linhas narrativas. A história também envolve mitologia grega e comida, guardando alguns eventos emocionantes para a reta final.
Considerações finais
Dirigido por Tony Cervone, Scooby! é divertido de se assistir e conserva muito bem as características de todos os personagens que aparecem no filme. O grande problema é que, embora faça referência a Scooby-Doo no seu título, o longa-metragem não segue a clássica estrutura vista na série animada. O quinteto é até bem trabalhado, mas falta mistério, investigação e, claro, desmascarar o vilão no desfecho. Se olharmos para o longa como um universo compartilhado da Hanna-Barbera, as coisas funcionam muito melhor.
Feito em CGI, a animação moderna é bonita e bem feita, tornando a experiência muito agradável. Além dos bons momentos de humor, temos uma carga dramática maior do que a vista nas séries, mas não é algo que vejo como um ponto negativo. Esse fator, na verdade, é responsável por uma ótima sequência de cenas na parte final. A dublagem brasileira está ótima, com exceção da versão criança do Salsicha, cuja interpretação achei muito forçada. Apesar dos deslizes, o filme transmite uma bonita mensagem sobre a amizade.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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