Análise da série Pacificador (1ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers do filme O Esquadrão Suicida.

Tudo levava a crer que o Pacificador (John Cena) havia morrido em O Esquadrão Suicida, mas a cena pós-crédito revelou que o anti-herói saiu vivo de Corto Maltese. Depois de passar cinco meses internado em um hospital se recuperando dos ferimentos, Christopher Smith recebe alta e está livre para recomeçar a sua vida, ao menos era isso o que ele esperava, principalmente por não ter ninguém da polícia o esperando. Vale lembrar que antes de ser recrutado para integrar a Força Tarefa X, Chris estava cumprindo pena na penitenciária Belle Reve, ou seja, as coisas não seriam tão simples assim. Logo que retorna para o seu trailer, o protagonista é surpreendido por uma equipe liderada por Clemson Murn (Chukwudi Iwuji), que lhe convida para participar de uma operação intitulada “Projeto Borboleta”. Caso não aceitasse, ele imediatamente retornaria para o presídio e continuaria cumprindo a sua sentença de 30 anos. Sem ter muitas opções, o personagem concorda em colaborar com eles.

Além de Murn, que reporta diretamente à Amanda Waller (Viola Davis), o time também é formado pelos já conhecidos John Economos (Steve Agee) e Emilia Harcourt (Jennifer Holland) e a novata Leota Adebayo (Danielle Brooks), que se esforça para desempenhar um bom trabalho, embora o resultado nem sempre saia como o esperado. O que ninguém sabe é que Adebayo é filha de Waller e está ali para cumprir ordens diretas de sua mãe e acompanhar de perto cada passo da missão. Por ter uma maior sensibilidade, ela parece ser a única do grupo que realmente se importa com os sentimentos de Christopher, mas isso não a impede de praticar uma ação que o deixa muito chateado.

Antes de começar a participar da operação, o Pacificador vai até a casa de seu pai, Auggie Smith (Robert Patrick), para pegar Eagly, a sua águia de estimação, e alguns equipamentos que lhe seriam úteis. Também conhecido como Dragão Branco, Auggie é um supremacista que faz questão de humilhar seu filho sempre que tem a oportunidade. Christopher cresceu em um ambiente tóxico e desde cedo teve que lidar com um drama familiar, sendo constantemente acusado pelo pai de ser o responsável pelo ocorrido. A conturbada relação dos dois é explorada ao longo da temporada e indica que o protagonista tem um estado emocional abalado em decorrência da forma com que foi criado por seu genitor.

Quem também passa a integrar o grupo é o Vigilante (Freddie Stroma), que se tornou o meu personagem favorito da série. Trabalhando como garçom em um restaurante, Adrian Chase ganhou notoriedade no meio policial por ter matado vários criminosos fazendo uso da sua identidade secreta. Fã assumido do Pacificador, ele entra para o time após ser flagrado espionando Christopher e os demais durante uma operação. Responsável por grande parte do humor, Adrian constantemente se envolve em situações cômicas, como o fato de considerar o mindinho o dedo mais importante do pé. Falando assim pode parecer algo nada a ver (e realmente é), mas o contexto por trás de suas colocações geram momentos bem engraçados. Como não hesita quando o assunto é matar, o Vigilante rapidamente consegue provar o seu valor e se torna um membro fixo da equipe.

Desde o começo, o “Projeto Borboleta” é tratado como uma operação ultra secreta, razão pela qual os seus detalhes são revelados aos poucos para nós e o protagonista. Antes de saber de fato com o que estava lidando, o Pacificador é atacado por uma mulher extremamente forte e depois participa de uma missão para matar a família de um senador. Só entendemos a razão do comportamento estranho dessas pessoas no quinto episódio, quando é explicado de fato o que estava acontecendo. As ações sangrentas do grupo acabam chamando a atenção da polícia, que passa a investigar as mortes que estavam acontecendo na região. Como estão longe de ser uma equipe organizada, eles precisarão lidar com perseguições e outros vários imprevistos que surgem durante a execução dos trabalhos.

O grande trunfo da atração certamente foi a liberdade criativa dada pela Warner Bros. a James Gunn, que escreveu os oito episódios e dirigiu cinco deles. O cineasta recheou os diálogos com muitos palavrões, piadas e críticas sociais, além de tirar sarro de parcela considerável dos integrantes da Liga da Justiça. Para uma série que conta com alguns personagens insanos, essa fórmula se encaixou perfeitamente bem, resultando em algo divertido de ser acompanhado. Considerando a hilária abertura, acredito que as cenas de humor forçado foram propositais, afinal, quando o Pacificador e o Vigilante estão juntos não dá para esperar algo que fuja disso. Para fechar com chave de ouro, o capítulo final reserva uma surpresinha para os fãs da DC.

Considerações finais
Ao anunciar o spin-off focado no personagem de John Cena antes mesmo do lançamento de O Esquadrão Suicida, tudo indicava que a Warner estava apostando alto nas duas produções. Mesmo tendo gostado do filme, fui assistir a série sem alimentar nenhum tipo de expectativa e talvez esse tenha sido o motivo pelo qual fiquei tão surpreso. É verdade que a história não é a coisa mais original que você vai encontrar por aí, mas ela é extremamente bem desenvolvida, consegue nos surpreender com suas reviravoltas e sabe equilibrar bem os momentos de drama, ação e humor. Temos ainda vários personagens carismáticos, que são interpretados por um elenco competente e que parece ter entendido logo de cara qual era a essência necessária para dar vida a eles. Até mesmo Eagly rouba a cena sempre que aparece, talvez o Mestre Judoca (Nhut Le) seja o único que ficou um pouco perdido na trama.

Para alguém que jurou matar qualquer um em prol da paz, o Pacificador em alguns instantes demonstra ter dúvidas sobre o seu lema de vida. Conhecendo melhor a sua história, passamos a ter um outro tipo de olhar sobre o anti-herói, que desta vez parece estar realmente disposto a fazer o que é certo. Adotando uma postura mais interativa com a sua equipe, Chris até arrisca criar  um vínculo amoroso com Harcourt e faz piadas constantes com a barba de Economos, fatos que ganham desdobramentos interessantes no decorrer da trama. Embora não conte com o alto investimento do filme que lhe deu origem, a série da HBO Max aposta na violência explícita e entrega e ótimas cenas de combate, quando mostra que um escudo também pode servir como ferramenta de ataque. Olhando para o conjunto da obra, Pacificador é uma das melhores adaptações do rico catálogo de publicações da DC.

Nota
★★★★★ – 5 – Excelente

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Review dos filmes:
└ Análise do filme O Esquadrão Suicida

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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