Análise da série Sons of Anarchy (7ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da sexta temporada de Sons of Anarchy.
Gemma (Katey Sagal) é uma personagem capaz de despertar diferentes tipos de emoções no telespectador. Manipuladora, possessiva e durona, ela não é o tipo de pessoa que leva desaforo para casa. Quando o assunto é a família, sua posição é bem clara: seus netos devem ser criados em Charming para, no futuro, fazerem parte de SAMCRO. Esse nunca foi o desejo de Tara (Maggie Siff), que queria que os filhos tivessem uma vida segura, longe da criminalidade. Durante a sexta temporada, a médica elaborou um plano para afastar as crianças da avó, que era o principal obstáculo que a impedia de deixar a cidade junto com Abel e Thomas. Se ela e Gemma já não estavam se dando muito bem, com a história da falsa gravidez a situação azedou de vez.
Depois de vários acontecimentos, Tara conseguiu se reconciliar com Jax (Charlie Hunnam), que firmou um acordo com Patterson (CCH Pounder) para se entregar, conseguindo proteger, ao mesmo tempo, sua esposa e o clube. As coisas pareciam estar finalmente se ajeitando, mas um desencontro de informações levou Gemma a cometer uma atitude sem volta. Invadindo a casa de Tara, ela golpeou a nora na cabeça enquanto a afogava na pia da cozinha. Quando descobre que não tinha sido Tara quem fez o acordo com a promotoria, mas o próprio filho, Gemma entra em desespero e recebe a ajuda de Juice (Theo Rossi) para se safar. Em decorrência desse ato, quem também morre é Roosevelt (Rockmond Dunbar), que estava cuidando da segurança da esposa de Jax.
Diante do ocorrido, a matriarca de SAMCRO e o seu cúmplice criam uma espécie de união para ocultar a verdade: enquanto Juice não fala nada sobre a morte de Tara, Gemma passa a ajudá-lo a se esconder dos demais membros do clube. Apenas a título de lembrança, depois que revelou a Nero (Jimmy Smits) detalhes sobre a morte da namorada do seu primo, Jax passou a considerá-lo um traidor. Nesse processo, Wendy (Drea de Matteo) e Unser (Dayton Callie) tomam conhecimento do paradeiro de Juice, mas nenhum deles imagina o real motivo pelo qual Gemma o está acobertando. Um tempero extra para essa sequência de eventos é o estado emocional de Juice, personagem que em temporadas passadas até tentou se suicidar.
Como consertar toda essa situação, se é que é possível? A culpa pela morte de Tara precisaria recair sobre alguém, e é isso que Gemma procura fazer ao contar para o filho que viu um chinês saindo da casa de Tara na noite em que ela foi assassinada. Mais do que isso, ela identifica o “culpado” na festa que o clube promoveu após Jax deixar a prisão. Nesse exato momento, Gemma estava escrevendo a sentença de morte de um homem inocente, já que o filho não ficaria inerte diante de tal situação. A personagem foi tão manipuladora que, antes de escolher o seu alvo, ela fez questão de conhecer detalhes sobre a vida dele; optar por alguém que não tivesse família poderia ser uma forma de causar um estrago menor. O que a mãe de Jax certamente não imaginava era que sua ação provocaria um grande derramamento de sangue.
A partir de então, aquele papo de legalizar os negócios do clube sai de cena e o foco passa ser acabar de vez com os chineses, que são atualmente liderados por Lin (Kenneth Choi). Como há muitas coisas envolvidas nas alianças construídas pelos grupos da região, SAMCRO começa a agir silenciosamente e sem deixar qualquer tipo de rastro, principalmente para evitar problemas com August Marks (Billy Brown). Ao mesmo tempo, Jax busca construir uma aliança com os Niners e os Mayans para tirar Marks da jogada, mas nem tudo será tão simples como ele imaginava. Retaliações acontecem e o clube precisa ter serenidade e inteligência para lidar com as situações e tentar evitar novas mortes. Tudo isso faz Nero (Jimmy Smits) pensar no que ele se meteu quando aceitou ser um parceiro de negócios de Jax.
Com a morte de Roosevelt, a xerife Althea Jarry (Annabeth Gish) é quem assume o departamento de polícia de Charming. Novata na região, Jarry aceita a colaboração de Unser, que começa a exercer o cargo de consultor investigativo e passa a auxiliá-la na apuração dos atos ilícitos que acontecem na cidade. Ele também repassa a Jarry informações importantes, mas nem sempre revela como as obteve. Agora que tem acesso a todos os documentos envolvendo a morte de Tara, Unser está determinado a descobrir o que realmente aconteceu com a mulher de Jax. Percebendo que Jarry está se aproximando muito de um dos membros do motoclube, o ex-policial encara um novo dilema: alertar ou não a sua colega de trabalho sobre os perigos que isso pode representar para ela.
Considerações finais
Se ao longo das temporadas Jax passou por uma transformação de personalidade, principalmente após assumir a presidência de SAMCRO, com a morte de Tara ele se torna uma pessoa imperdoável. Movido por um forte sentimento de vingança, sua impulsividade coloca não apenas a sua vida em risco, mas a de todos que estão ligados a ele, ainda que de forma indireta. Por outro lado, a responsável por tudo isso vive momentos de tensão e um profundo receio que o filho descubra toda a verdade. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, o que torna o ano final de Sons of Anarchy extremamente agitado, envolvente e sangrento.
Kurt Sutter encerrou a série no momento em que Jax faz reflexões sobre os seus atos e os ensinamentos que foram deixados por seu pai. Os dois tinham intenções de mudar o rumo do motoclube, cada um do seu jeito e na sua época, mas pelo caminho surgem desafios que inevitavelmente precisavam ser enfrentados. Foi um desfecho marcante e que me agradou muito. Com uma trama bem escrita, ótimas reviravoltas, belíssimas interpretações e uma trilha sonora marcante, Sons of Anarchy se despede com uma temporada impactante e cheia de simbolismo.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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