Análise da série La Casa de Papel (Parte 5)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quarta parte de La Casa de Papel.
Lidar com a morte de Nairobi (Alba Flores) não foi fácil, mas o plano precisava continuar. Apesar da situação estar ficando cada vez mais complicada dentro do Banco da Espanha, o Professor (Álvaro Morte) precisou ter frieza para colocar em prática uma ousada operação que visava resgatar Lisboa (Itziar Ituño) da Suprema Corte. Fazendo uso dos exageros de sempre, a personagem consegue retornar para o banco de helicóptero, simbolizando mais uma dura derrota para o Coronel Tamayo (Fernando Cayo) e sua equipe. O que ninguém esperava é que a caçada particular de Alicia Sierra (Najwa Nimri) a levaria até a base de operações do Professor, resultando na surpreendente cena final da quarta parte.
Agora que está fora da polícia, qual seriam os reais interesses de Alicia nessa história? A princípio, ela queria descobrir como o ouro seria retirado do banco, possivelmente pensando em recuperar sua credibilidade, mas quando Tamayo começa a divulgar na imprensa informações falsas relacionadas com o seu nome, inclusive a colocando como cúmplice do Professor, o panorama muda completamente. Prestes a ganhar um bebê, a inspetora se torna mais um alvo da polícia, o que significa que ela não poderia se deslocar até um hospital sem ser identificada. Com essas circunstâncias, a visão de Alicia sobre tudo o que estava acontecendo muda e ela finalmente aceita receber ajuda do Professor. A relação entre os dois começa com muita desconfiança, mas com o passar dos episódios eles percebem que realmente podem contar um com o outro.
Dentro do banco, o caos começa a ganhar espaço em dois momentos específicos: primeiro quando Arturo (Enrique Arce) tenta mais uma vez ser o salvador da pátria e depois quando o exército, com o apoio da polícia, consegue entrar no prédio pelo telhado. Se na situação envolvendo Arturo a culpa de tudo foi a falta de atenção dos próprios assaltantes, o mesmo não se pode dizer da invasão do exército, que só aconteceu porque o Professor estava ocupado lidando com outro problema. Antes do assalto, o Professor chegou a comentar com Lisboa que em algum momento as autoridades tentariam acessar o edifício, ou seja, foi um movimento previsto com antecedência. Como todos foram pegos desprevenidos, o processo de reação é mais difícil e imprevistos podem acontecer com uma maior facilidade. O resultado da ação policial foi a morte de mais um integrante do grupo, fato retratado no quinto capítulo, enquanto outro teve um grave ferimento na perna.
Não havia muito tempo para o luto, a operação precisava continuar ou todo o esforço e as mortes teriam sido em vão. Como era de se esperar, o processo de retirada do ouro de dentro do banco não seria algo comum, tanto é que parcela do grupo foi atrás de uma bomba utilizada em plataformas de petróleo. Tendo a posse de um equipamento com grande potência, eles poderiam fazer tranquilamente a extração de forma segura, enquanto a polícia perderia tempo realizando buscas em locais óbvios. Essa talvez tenha sido a grande sacada do plano, mas uma reviravolta retratada no oitavo episódio muda completamente o panorama. Acredito que esse acontecimento foi uma das únicas coisas não previstas pelo Professor, o que faz com que o desfecho da trama fique ainda mais envolvente.
Na quinta parte, a maioria dos flashbacks exploram o passado de Berlim (Pedro Alonso), junto com sua esposa, Tatiana (Diana Gómez), e seu filho Rafael (Patrick Criado). Em um momento específico, essas cenas revelam como ocorreu a morte do pai de Berlim e do Professor e como cada um deles tomou conhecimento desse trágico acontecimento, o que certamente os influenciou a seguir pelo mesmo caminho. Além de explorar o passado desses dois personagens, imaginei que esse arco narrativo serviria apenas como uma espécie de introdução para o futuro spin-off focado em Berlim, que dará continuidade ao universo de La Casa de Papel. Para a minha surpresa, é mais do que isso, mas não farei maiores comentários para não estragar a experiência daqueles que ainda não assistiram a última temporada.
Embora a quarta parte tenha me deixado um pouco desanimado, eu ainda tinha curiosidade em saber como essa história iria acabar. Meu medo era que a série caísse na mesmice e não fosse capaz de nos surpreender, principalmente porque o assalto ao Banco da Espanha não estava na ideia original de Álex Pina, criador da atração, e só aconteceu devido ao enorme sucesso alcançado na Netflix. Por sorte, a temporada final conta com eventos que elevam ainda mais o grau de tensão, sem deixar a emoção de lado. Em meio a situações que fogem totalmente do controle, o Professor faz jogadas extremamente arriscadas, mostrando mais uma vez que não havia uma pessoa melhor do que ele para estar no comando. Para finalizar, não posso deixar de mencionar a versão em samba de Bella Ciao, apresentada no oitavo episódio, uma clara homenagem aos fãs brasileiros.
Considerações finais
Depois de cinco partes e com dois assaltos engenhosos no currículo, La Casa de Papel chega ao fim honrando o legado que foi construído até aqui. Mais do que simplesmente executar os roubos, o Professor sempre quis mostrar para a população o fracasso das autoridades em tentar deter ele e seus companheiros. Desta vez o personagem foi além e colocou em xeque a própria capacidade da Espanha em se manter como país, já que a reserva cambial em ouro estava sob o controle do grupo. A ideia de abordar os impactos econômicos decorrentes dessas ações foi algo genial e representou um papel importantíssimo para a conclusão da trama.
Os exageros típicos estão presentes, mas de uma forma bem menor quando comparado com a temporada anterior. A atração soube mesclar bem os momentos de ação e drama, utilizando os flashbacks para explorar o passado de alguns assaltantes e revelar outros fatos que aconteceram antes do plano efetivamente começar. As relações entre os personagens funcionam bem e percebemos que desta vez há uma maior união entre eles, ao contrário das constantes discussões que já vimos no passado. Algo que ficou completamente desconexo foi a subtrama envolvendo casal Estocolmo (Ester Acebo) e Denver (Jaime Lorente): com o mundo desmoronando ao redor deles, os dois tinham prioridades que não condizem com os interesses do grupo e o ambiente em que eles estavam inseridos.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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