Análise da série Billions (5ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quarta temporada de Billions.
Apesar de ter vencido a eleição e assumido cargo de procurador geral do Estado de Nova York, Chuck Rhoades (Paul Giamatti) acabou com o seu casamento e ainda precisou enfrentar uma dura perseguição orquestrada pelo procurador geral dos Estados Unidos e por Bryan Connerty (Toby Leonard Moore), seu antigo companheiro de trabalho. Como Rhoades está longe de ser uma pessoa ingênua, ele usa toda a sua esperteza para se livrar dos seus inimigos. Com o caminho livre, a sua caçada a Bobby Axelrod (Damian Lewis) poderia ser retomada, mas isso não significa que ele deixará de enfrentar problemas na estrutura interna do Ministério Público.
A primeira jogada de Chuck é fazer com que Bobby morda a isca e pense que Taylor Mason (Asia Kate Dillon) foi pego em uma emboscada, mas na verdade o procurador quer usar Taylor para atingir o bilionário. Como não está nem um pouco interessado nessa disputa, Mason até conta a Bobby que só voltou a trabalhar com ele por causa do plano de Chuck. Em resumo, Taylor também distribui as suas cartas no tabuleiro e almeja alcançar algum tipo de vantagem: no meio dessa batalha, poderia surgir uma oportunidade para que ele se livrasse de Bobby e retomasse a autonomia do seu negócio. Enquanto isso não acontece, Mason e sua equipe retornam para a Axe Capital, causando uma forte divisão na empresa, algo com o qual Wendy (Maggie Siff) precisará lidar.
As coisas parecem mais calmas do que o comum no começo da quinta temporada. Bobby e Wags (David Costabile) fazem uma viagem de moto para participar de uma espécie de jornada espiritual, ao passo em que Chuck está junto com parentes e amigos celebrando o segundo casamento de seu pai. O lado familiar ganha um grande espaço na trama, não só pelos desdobramentos envolvendo o fim do casamento de Rhoades e Wendy, mas também pelo fato de Chuck Sr. (Jeffrey DeMunn) descobrir uma grave doença renal. Desesperado com o diagnóstico do pai, o procurador faz de tudo para tentar ajudá-lo de forma legal, mas chega um momento em que as soluções se encontram em um campo no qual Chuck não quer colocar as suas fichas, já que terceiros serão afetados. Outro personagem que sente na pele a frustração é Wendy, que tenta começar dois novos relacionamentos, mas o destino ironicamente parece trabalhar contra ela.
O enredo ganha um novo panorama com a presença de Mike Prince (Corey Stoll), alguém que também construiu um grande patrimônio no mercado financeiro. Hoje, Prince é um investidor de impacto e trabalha tentando diminuir as desigualdades sociais. Embora suas ações pareçam louváveis, no fundo ele é tão perverso quanto Bobby e usa as pessoas para conseguir alcançar os seus próprios objetivos. Os caminhos dos dois bilionários se cruzam quando eles participam de uma sessão de fotos para uma revista, cujo resultado é uma capa em que apenas Mike aparece. Como se isso não bastasse, a matéria continha alguns trechos que pareciam ter sido escritos apenas para desmerecer tudo o que Axe construiu.
Depois desse duro golpe, Bobby não ia ficar quieto vendo Mike construir a imagem de bom moço na imprensa. A verdade é que Prince desperta em Axelrod novas metas e faz com que ele reflita sobre o seu passado, oportunidade em que conhecemos mais detalhes sobre a história do protagonista. Os novos desejos de Bobby envolvem conseguir uma coleção inédita de quadros pintados por um artista em ascensão e transformar a Axe Capital em um banco. Esse último objetivo é certamente muito mais complicado, já que por trás de toda a burocracia, Chuck age de forma ofensiva para frustrar os planos do seu antigo rival. Ocasionalmente, o procurador também recebe o auxílio de Prince, que tem interesse nessa questão, mas como todo bom jogador, ele só revela as suas cartas no momento adequado.
Além da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que afetou profundamente a produção da série e ganhou até mesmo espaço na narrativa, o quinto ano de Billions é marcado pelo encerramento de um ciclo: esta foi a última temporada com a presença do ator Damian Lewis, o que significa que eventos importantes acontecem para a conclusão da trama de um dos personagens mais marcantes da atração. Posso dizer que a história de Bobby Axelrod teve um bom desfecho, mesmo que alguns eventos tenham sido muito corridos. Os roteiristas também deixaram o terreno preparado para os próximos acontecimentos e uma porta ficou aberta caso Lewis decida retornar no futuro com o seu personagem.
Considerações finais
Desde o começo da temporada, Mike Prince sempre ganhou destaque, o que indicava que ele teria um papel relevante no quinto ano de Billions. Com o decorrer dos episódios, Mike passa a ter interações com os principais personagens e vai aos poucos revelando os detalhes do seu plano ambicioso, cujo resultado final é apresentado apenas no décimo segundo episódio. Ele é casca grossa e promove uma reorganização completa no jogo de poder e interesse. Sua adição foi muito bem trabalhada, provavelmente já pensando no futuro da série.
As questões familiares e a tentativa dos personagens em iniciar um novo relacionamento também são elementos relevantes, mesmo que eles não tenham tanta sorte nesse último quesito. A aproximação de Wendy e Taylor no mundo dos negócios pareceu interessante, mesmo que o resultado final não tenha sido favorável para ninguém; é provável que vejamos a dupla novamente em ação no sexto ano. Dois fatos relacionados com a mineração de criptomoedas são abordados na trama, sendo que um deles até tem um desenvolvimento legal, envolvendo Bobby e o seu filho. No entanto, olhando para a temporada como um todo, sinto que coisas de pouca importância acabaram ganhando uma ênfase maior do que o necessário, tempo esse que poderia ter sido gasto para explorar melhor tudo o que acontece com Axelrod nos capítulos finais.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo