Análise do jogo Twelve Minutes

Depois de um dia aparentemente normal de trabalho, um homem chega em casa e recebe carinho de sua esposa. Essa não era uma noite qualquer, ela havia preparado a sobremesa e tinha uma surpresa para contar. Quando o casal assenta à mesa e começa a saborear o doce, a mulher entrega ao marido um pacote de presente com uma roupa de bebê no seu interior. Sim, eles serão pais de uma criança! O clima romântico é completamente interrompido quando um policial toca a campainha do apartamento e revela estar ali para cumprir um mandado de prisão. Dizendo que a mulher havia matado o pai há oito anos, o agente também faz perguntas sobre um relógio, mas como não consegue a informação que queria, ele esgana o marido até a morte.

Esse foi o resultado da minha primeira jogada de Twelve Minutes, pode ser que você tenha pequenas variações. De qualquer forma, ao completar o primeiro loop temporal, retornamos à sala do apartamento, no exato momento em que o personagem havia chegado do serviço. Quando a esposa sai do banheiro, ela diz as mesmas frases de minutos atrás. Como isso é possível? Assumindo o controle do marido, a missão do jogador é encontrar alguma forma de parar esse ciclo de repetições e descobrir que história era aquela de sua parceira estar envolvida na morte do próprio pai.

No game, temos ampla liberdade para explorar o apartamento, interagir com objetos e conversar com a esposa. Essa é a hora de usar a criatividade para conseguir desbloquear novas linhas de diálogo. É interessante observar que a personagem reage às ações que tomamos: se você ajudá-la a arrumar a mesa, ela irá te agradecer, mas também existem coisas que a deixam muito irritada, ao ponto dela até mesmo sair do apartamento. Quando o loop reinicia, os objetos voltam aos seus lugares, o que significa que perdemos tudo o que estávamos carregando. Algumas coisas, no entanto, são mantidas, como os números de discagem no celular e as opções de diálogo liberadas.

Em razão do tempo reduzido, no máximo doze minutos, tentei aproveitar bem cada jogada, mas houveram momentos em que eu simplesmente não conseguia mais progredir. Ao perceber que estava travado em uma determinada parte, minha escolha foi dar uma pausa para que conseguisse pensar melhor quando retomasse a jogatina. Não tive uma experiência frustrante, mas entendo que pode ser diferente com outras pessoas. Como muitas das vezes as pistas passam despercebidas, conseguir avançar pode ser algo desafiador, mesmo que Twelve Minutes não seja difícil. Com base na tentativa e erro é que descobrimos o que precisa ser feito e a nossa impaciência também é manifestada pelo protagonista.

O lado positivo é que o game conta com uma história que vai nos deixando cada vez mais intrigados. A narrativa é bem desenvolvida, apresenta reviravoltas extremamente surpreendentes e ainda toca em temas delicados. Por ter esse tom de mistério, cada descoberta, por menor que seja, consegue gerar um sentimento de satisfação muito bom. Essa também é a razão de que quanto menos você souber da história, mais proveitosa será a sua experiência.

Inteiramente visto de cima, a aventura point-and-click apresenta um visual minimalista bonito e detalhado. Considerando que se trata de um jogo indie, as animações e os cenários são bem construídos. A trilha sonora é tímida e dá as caras apenas em determinados momentos. Já a dublagem está espetacular: no elenco estão James McAvoy (X-Men: Fênix Negra), Daisy Ridley (Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker) e Willem Dafoe (No Portal da Eternidade). Como mal conseguimos ver as expressões faciais dos personagens, o trabalho do trio acaba sendo muito importante para transmitir sentimentos ao jogador. Os atores conseguem externar as emoções dos personagens, o que torna os diálogos ainda mais marcantes.

A jogabilidade é simples, sendo facilmente compreendida até por quem não está habituado com jogos do gênero. Talvez a principal novidade seja a forma com que interagimos com o inventário, onde ficam localizados todos os itens que coletamos. Para acessá-lo, basta apertar um botão ou mover o cursor para a parte superior da tela. Não há segredos, o que torna Twelve Minutes extremamente acessível. O fato do game estar inteiramente localizado no nosso idioma é mais um fator facilitador para embarcar no título desenvolvido pelo português Luis Antonio, que também trabalhou na arte de The Witness e tem passagem pela Rockstar Games.

Quanto ao trabalho de otimização, o maior problema que presenciei foi o fato do jogo fechar sozinho algumas vezes. Como os dados são salvos a cada loop completado, isso não gera grandes problemas quanto ao save, restando apenas o incômodo de ter de esperar todo o carregamento inicial, que geralmente leva alguns segundos. Já as transições de uma run para a outra são rápidas, quase que instantâneas.

Publicado pela Annapurna Interactive, Twelve Minutes foi lançado em 2021 e está disponível para Xbox One, Xbox Series e Windows. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.

Considerações finais
Entregando uma história obscura e que muitas vezes nos faz presenciar situações desconfortáveis, Twelve Minutes é totalmente voltado para adultos, não só pela violência explícita, como também pelas ações que precisamos fazer para conseguir avançar. A trama, envolvente e repleta de reviravoltas, consegue prender a atenção do jogador logo nos primeiros minutos de gameplay. Possuindo múltiplos finais, esse pode ser um bom motivo para aumentar o seu tempo de contato com o game. O quão longo ele será dependerá da sua habilidade em descobrir o que precisa ser feito. Eu gastei quase dezoito horas para concluir o título e ir atrás de todas as conquistas.

O maior problema é que o jogo se torna extremamente repetitivo na reta final, já que precisamos escutar alguns diálogos várias vezes. Até existe a possibilidade de acelerar as falas, mas isso não o torna menos cansativo. Como não há nenhum tipo de dica, é muito fácil ficar travado e sem saber o que fazer. Se isso não for um grande problema para você, siga em frente e desfrute de uma experiência que não é comumente encontrada em videogames.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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