Análise da série The Flight Attendant (1ª temporada)

Acostumada a flertar com homens durante o seu tempo livre, Cassie (Kaley Cuoco) é uma comissária de bordo nada discreta e muito desastrada. Com o apoio do pai, que também era viciado em bebidas, ela começou a consumir cerveja muito cedo, quando tinha apenas dez anos. Hoje, a vodca está presente em sua vida como se fosse água: Cassie bebe o dia todo, inclusive quando está trabalhando, e ressaca parece ser uma palavra inexistente no seu dicionário. Mesmo com essas atitudes e os problemas que enfrentaram no passado com o pai, seu irmão, Davey (T.R. Knight), tenta manter algum tipo de ligação com ela, ao mesmo tempo que não quer que Cassie seja um mau exemplo para suas filhas.

Durante um voo de Nova York para Bangkok, a protagonista conhece o empresário Alex Sokolov (Michiel Huisman), que se mostrou interessado nela mais de uma vez. Enquanto o avião não pousava, os colegas da tripulação de voo percebem que Cassie estava oferecendo um tratamento diferenciado para o cara que ocupava a poltrona 3C, ao passo que ela tenta, sem sucesso, disfarçar que estava rolando um clima entre eles. Mais tarde, os dois novamente se encontram e saem para curtir a noite na capital tailandesa.

Ao acordar no dia seguinte, a aeromoça leva um susto quando encontra Alex morto na cama, com um corte no pescoço e o corpo coberto de sangue. Sem saber o que fazer, Cassie liga para sua melhor amiga, Annie (Zosia Mamet), que é advogada, pergunta sobre um caso de homicídio ocorrido na Itália e fala sobre ser presa em outro país. Não tendo a mínima ideia do que estava acontecendo, Annie apenas menciona que a Tailândia não era um bom lugar para ser detido, já que as leis do país são bizantinas. Desesperada, a personagem limpa a cena do crime e vai embora. Aos poucos, Cassie começa a ter pequenos flashes de memória, momentos em que a sua mente faz com que ela tenha conversas com o cadáver de Alex.

A notícia da morte do empresário rapidamente se espalha pelo mundo e todos os que trabalharam no voo são interrogados pelo FBI assim que retornam aos Estados Unidos. Esse era o momento em que a comissária de bordo deveria pensar bem no que ia fazer, mas ela deixa uma péssima primeira impressão ao tentar fugir. A verdade é que a personagem está mais perdida do que tudo e tem poucas pessoas em que pode realmente confiar. Além disso, por estar quase sempre bêbada, os seus relatos não geram muita credibilidade. Vendo que as coisas estão ficando cada vez piores para o seu lado, Cassie tenta, do seu jeito, levantar informações que possam auxiliar a sua defesa, mas suas atitudes aumentam as suspeitas do FBI e ainda colocam a sua vida em risco.

Quando se lembra que ela e Alex se encontraram com uma mulher chamada Miranda (Michelle Gomez) em Bangkok, Cassie busca formas para descobrir quem é essa misteriosa pessoa. Mal sabe a protagonista que Miranda pode estar mais perto do que ela imagina. Os eventos envolvendo as duas personagens representam uma das reviravoltas mais interessantes da primeira temporada de The Flight Attendant. Outra que também tem seus segredos é Megan (Rosie Perez), colega de trabalho de Cassie. Embora o arco de Megan se torne interessante no decorrer dos oito episódios, o grande problema é que ele não tem relação alguma com a trama principal.

Mais do que tentar desvendar o que aconteceu no quarto de hotel em Bangkok, a série é uma jornada de autodescobrimento e reflexão para Cassie. Incapaz de compreender os traumas do passado envolvendo o pai abusivo e a péssima relação que ele construiu com ela e com Davey, a protagonista também não se considera uma alcoólatra. A bebida, o sexo descompromissado e as ligações para os amigos em horários muitas das vezes inapropriados são as válvulas de escape que ela encontra para tentar fugir momentaneamente da realidade. Quando os problemas voltam à tona, o desespero reina e a aeromoça pratica atitudes que claramente mostram que ela não está bem.

Considerações finais
Desenvolvida por Steve Yockey e produzida para a HBO Max, The Flight Attendant é baseada no livro homônimo escrito por Chris Bohjalian. Misturando comédia e drama, a atração tenta no começo prender a nossa atenção com a misteriosa morte de Alex e as ações para tentar descobrir quem era o autor do crime, mas o uso excessivo dessa fórmula torna a história um pouco repetitiva. O destaque positivo fica por conta das conversas que Cassie tem com Alex no interior de sua mente e o processo que a personagem passa para entender o seu passado. Já a subtrama de Megan fica praticamente isolado e só faz sentido no capítulo final. Apesar dos pequenos problemas, é uma produção agradável de ser assistida.

Kaley Cuoco está muito bem no papel da protagonista e consegue transmitir as múltiplas camadas que a sua personagem possui. Os demais membros do elenco também desempenham boas atuações. Gostei muito da direção, com destaque para forma com que algumas transições de cenas são construídas, fazendo uso de múltiplas imagens. Além da bela abertura, a série não esconde a sua inspiração na obra de Alfred Hitchcock, o sobrenome do cineasta inclusive aparece no título do sétimo episódio. Com uma segunda temporada garantida, vamos ver como a história de Cassie será desenvolvida daqui para frente. Sinto que uma continuação não era necessária, tomara que eu esteja errado.

Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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