Análise do jogo Inside
Em 2010, a Playdead lançou um dos títulos independentes mais marcantes da sétima geração de consoles: Limbo conquistou os jogadores com a sua simplicidade e o seu tom de mistério. Essas mesmas características estão presentes em Inside, o segundo jogo da desenvolvedora dinamarquesa. Mais uma vez a história é contada sem fazer uso de nenhuma linha de texto, permitindo que o jogador extraia as suas próprias conclusões com base naquilo que presencia.
Ao carregar o game pela primeira vez, não encontramos nenhuma indicação como “novo jogo” ou “jogar”. Pressionando um botão, a aventura imediatamente tem início e assumimos o controle do protagonista, uma criança que começa a ser perseguida já nos primeiros atos. Como não há tutorial e nem explicação, nossa única opção é fazer com que o personagem se desloque da esquerda para a direita. O mesmo acontece com os botões de interação e pulo, que devemos descobrir sozinho enquanto jogamos. Para quem está acostumado com games de plataforma, os comandos são os mesmos vistos em outros títulos do gênero. Inside não exige uma grande precisão de movimentos, o desafio consiste na resolução dos puzzles. Tal como acontece em Limbo, constatamos o que é necessário para avançar por meio de tentativas e erros.
Depois de caminhar brevemente por uma floresta, logo avistamos os primeiros seres humanos, mas eles claramente não querem saber da nossa presença. Pelo forte esquema de segurança, algo secreto estava acontecendo na área e qualquer tipo de informação não deveria sair dali. Caso o personagem seja visto, se prepare para correr e preste atenção no chão para não tropeçar, mas haverá casos em que não será possível fazer nada. Nesse processo, os momentos mais tensos são os encontros com os cães e uma outra coisa que eu vou deixar você mesmo conhecer.
Se tem algo que funciona bem em Inside é o sentimento de descoberta. Além de passarmos a compreender melhor o que está acontecendo no universo do game, também temos uma sensação muito boa ao resolver os quebra-cabeças da aventura. O jogo não é difícil, mas nem sempre a solução para seguir em frente estará na sua cara, às vezes é preciso voltar e interagir com um objeto em outra sala. Como os desenvolvedores se preocuparam em trabalhar bem esses elementos, de forma alguma temos uma experiência frustrante. No início, os desafios são mais simples e basicamente nos apresentam as mecânicas que serão novamente utilizadas, resultando em uma curva de aprendizagem natural.
A ausência de textos torna a parte audiovisual mais importante do que a de outros jogos, já que tudo é transmitido puramente através de imagens e sons. Nesse aspecto, o jogo da Playdead brilha e fica claro todo o trabalho que foi desempenhado pelo estúdio ao longo dos seis anos de desenvolvimento. Os cenários 2D são bem construídos, enquanto a parte 3D do fundo complementa os ambientes e muitas das vezes desempenha um papel importante para a resolução dos desafios. Percebemos que também houve um grande cuidado com a criação das animações, que apresentam um nível elevado de detalhes e respondem muito bem às ações que praticamos. A baixa saturação da paleta de cores contribui para a criação do clima distópico e misterioso.
Os elementos sonoros são outro ponto que merece ser elogiado. Se possível, jogue Inside com um headset para aproveitar ao máximo a sonoplastia do game. É possível escutar tudo, até mesmo os passos do garoto nos diferentes tipos de superfície. Como os ambientes normalmente são silenciosos, qualquer barulho é facilmente ouvido e existem ocasiões em que os sons nos fazem tomar ações em uma fração de segundos. A trilha sonora é discreta e se mostra presente em partes específicas do game.
Podendo ser finalizado em aproximadamente três horas, Inside entrega uma experiência curta, mas extremamente satisfatória. A jogatina pode ser ligeiramente estendida se você for atrás dos colecionáveis escondidos. Coletando todos eles, além de ganhar conquistas, você também desbloqueia um final alternativo.
Lançado em 2016, Inside está disponível para Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Windows, macOS e iOS. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.
Considerações finais
Surpreendente acredito que seja uma boa palavra para definir a experiência proporcionada por Inside. Esse é o tipo de jogo que te cativa pelos mínimos detalhes, houve momentos em que eu parei apenas para prestar atenção no ambiente que estava ao meu redor. Com uma belíssima direção de arte, o segundo título da Playdead nos coloca em uma jornada que aos poucos nos deixa cada vez mais intrigado. A busca pelo desconhecido é um elemento central no jogo e precisamos lidar com as consequências geradas por nossas ações. À medida que avançamos, passamos a ter contato com coisas cada vez mais insanas.
Com comandos simples, a grande maioria dos quebra-cabeças têm um baixo grau de dificuldade, o que não significa que você perceberá o que precisa ser feito logo de primeira. Serão poucos os desafios que te farão realmente gastar uma maior quantidade de tempo para solucioná-los. Apesar da curta duração, Inside é marcante e gostoso de ser jogado do início ao fim.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
★★★★★ – 5 – Excelente
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