Análise da série The Americans (5ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quarta temporada de The Americans.

O ousado plano de conseguir amostras das armas químicas e biológicas, que estavam sendo desenvolvidas pelo governo dos Estados Unidos, continua gerando consequências na quinta temporada. Depois de ter falhado na tentativa de entregar uma espécie mais perigosa de patógeno para Philip (Matthew Rhys), William (Dylan Baker) decide tirar a própria vida para preservar a operação do seu país. Mas nem tudo está perdido: os cientistas da URSS podem conseguir descobrir detalhes sobre o vírus por meio de uma pequena amostra do cadáver contaminado de William. Para executar essa arriscada operação, os agentes ilegais da KGB precisam ter cuidado redobrado. Quando tudo parecia estar indo bem, um imprevisto acontece e Elisabeth (Keri Russell) age rapidamente para evitar o pior.

Abordando a crise de alimentos enfrentada pela Rússia, nesta temporada Philip e Elisabeth basicamente se envolvem em duas operações relacionadas com esse assunto. O casal recebeu ordens da Central para se aproximar de Alexei (Alexander Sokovikov), um soviético desertor que deixou recentemente a URSS e conseguiu um emprego no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Para executar a missão, os dois assumem novas identidades e passam a trabalhar junto com Tuan (Ivan Mok), um garoto vietnamita que faz parte da agência de inteligência do seu país de origem. Juntos, os três fingem formar uma família e acabam se aproximando de Alexei, sua esposa, e seu filho – este último tem enfrentado profundas dificuldades para se adaptar a sua nova vida.

Gabriel (Frank Langella) pede para que Elisabeth siga Alexei e descubra se ele está trabalhando em algum projeto para sabotar os alimentos que são enviados para a URSS. Nesse processo, ela encontra um galpão com plantações de trigo infestadas por insetos. Para descobrir que tipo de estudo estava sendo feito com o trigo, Philip e Elizabeth precisam se aproximar de duas pessoas que trabalham na empresa que está realizando os experimentos. O problema é que os dois alvos residem em Topeka, Kansas, obrigando o casal a pegar voos durante a semana para conseguir cumprir a operação, o que deixa os dois bastante cansados. Nesse turbilhão de tarefas, Philip e Elisabeth ainda precisam lidar com o namoro de Paige (Holly Taylor) com Matthew (Danny Flaherty) e uma notícia inusitada a respeito do desempenho escolar de Henry (Keidrich Sellati).

No FBI, Stan (Noah Emmerich) recebe pressão do seu chefe e da CIA para tentar recrutar Oleg (Costa Ronin). A ideia é que Stan utilize uma gravação que incriminaria Oleg para convencê-lo a trabalhar com eles. Apesar de estarem em lados opostos, Stan se sente extremamente mal com essa situação, já que Oleg seria morto caso o conteúdo da gravação chegasse ao conhecimento dos líderes da União Soviética. O agente do FBI fará de tudo para evitar que o pior aconteça, enquanto Oleg, na Rússia, começa a trabalhar em uma investigação de corrupção nos centros de distribuição de alimentos. A trama envolvendo Oleg até começa interessante, mas posteriormente ela não é capaz de causar o impacto necessário.

Uma personagem que sofre grandes transformações, ao longo dos treze episódios, é Paige. Depois de presenciar a mãe matando uma assaltante na sua frente, a jovem passa a querer saber de onde vieram todas aquelas habilidades. A partir desse momento, Elisabeth começa a dar aulas de autodefesa para a filha. Entendendo cada vez mais como funciona o serviço dos pais, Paige também começa a dar uma de espiã e ajudá-los de alguma forma, mesmo eles recomendando que ela não faça determinadas ações. O desenrolar dessa parte da narrativa gera desdobramentos interessantes, com Elisabeth e Philip permitindo que a filha, pela primeira vez, tome uma importante decisão que pode influenciar no futuro de todos eles.

Em temporadas anteriores, descobrimos que Philip havia tido um filho antes de começar a trabalhar junto com Elisabeth. A identidade de Mischa (Alex Ozerov) foi revelada no final do quarto ano, quando acompanhamos ele deixando um hospital psiquiátrico após ter se manifestado contra o envolvimento da URSS na guerra do Afeganistão. Agora que está livre, Mischa quer ir até os Estados Unidos para tentar conhecer seu pai. Sua tarefa, no entanto, não será nada fácil. Esse arco da história começou extremamente bem desenvolvido, mas a sua continuação acabou me desagradando um pouco. Eu imaginei que esse arco narrativo seria explorado com uma maior profundidade, mas para a minha surpresa ele foi encerrado já no quinto episódio.

Considerações finais
Depois da intensa quarta temporada, o quinto ano de The Americans retoma o estilo mais lento visto nos primeiros anos. Por sorte, a série ainda apresenta uma ótima narrativa, mesmo que haja uma demora maior para as coisas acontecerem. Philip e Elisabeth precisam entregar cada vez mais de si para o trabalho, o que os faz pensar sobre o futuro. Até quando o casal estará disposto a ter uma rotina tão atarefada em prol de uma causa maior? Como seria um eventual retorno à Rússia depois de tudo que eles construíram nos EUA? Reflexões como essas surgem na reta final da temporada.

O retorno de Oleg para Moscou torna a trama mais fragmentada, mas a ideia de abordar a questão envolvendo os alimentos na URSS, tanto nas operações nos EUA como na Rússia, foi uma maneira inteligente de contornar essa situação. O trabalho de Philip e Elisabeth não tem relação alguma com o de Oleg, mas o objetivo almejado por todos é o mesmo. Embora ainda existam algumas questões pendentes (a namorada de Stan é uma espiã?), The Americans já começa a preparar o terreno para a sexta e última temporada. Talvez isso explique a season finale menos empolgante se comparada com a dos anos anteriores.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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