Análise da série Legion (3ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da segunda temporada de Legion.
A segunda temporada de Legion modificou completamente a visão que tínhamos de David (Dan Stevens): há uma inversão de valores entre ele e Farouk (Navid Negahban), ocasião em que o protagonista praticamente vira o antagonista da série. Sob o pretexto de que era alguém bom e que merecia ser amado, David pratica atos que acabam fazendo com que as pessoas passem a duvidar ainda mais dele. Vendo que não conseguiria mudar as coisas, ele usa seus poderes para fugir junto com Lenny (Aubrey Plaza), a única que se manteve fiel a ele.
Agora controlando uma espécie de culto, David encontra uma forma de recrutar Switch (Lauren Tsai), uma jovem mutante que estava insatisfeita com sua vida. As habilidades de Switch são demonstradas logo no primeiro episódio, quando ela age diversas vezes para impedir as ofensivas da Divisão 3 para tentar derrotar David. Impressionado com os poderes da jovem, David vê nela uma chance de poder voltar no passado e impedir a origem de todo o mal: o momento em que ele foi “infectado” pelo Rei das Sombras. Ao compartilhar seu plano com Sydney (Rachel Keller), via projeção no plano astral, ela acaba não acreditando nele e ainda crê que David está construindo uma cortina de fumaça para algo maior.
Na teoria, a ideia de David até que era boa, mas sua primeira tentativa de execução acaba falhando. O processo da viagem no tempo consiste na abertura de um portal que dá acesso a uma espécie de corredor, onde é possível escolher para qual época deseja ir. O problema é que David não consegue sequer passar pelo portal aberto por Switch, o que acaba comprometendo tudo o que ele havia planejado. No entanto, existe uma pessoa que pode ser capaz de solucionar esse problema, o cientista Cary (Bill Irwin). Aprimorar as habilidades de Switch pode ser um caminho viável para possibilitar que David tenha acesso ao corredor do tempo, o problema é que Cary perdeu a confiança nele e não vai querer ajudá-lo.
Sempre que vemos alguma história envolvendo viagens no tempo, é comum sermos alertados sobre os riscos que isso pode causar. Em Legion não é diferente: o corredor utilizado para fazer as viagens é um local habitado por demônios do tempo. Essas criaturas são devoradoras do tempo e estão sempre tentando achar uma entrada para o nosso mundo. O ideal seria que os riscos envolvendo as viagens de Switch fossem compartilhados antes de qualquer ação ser praticada, mas não é isso o que sucede. Loops começam a acontecer e os personagens são obrigados a lidar com o perigo quando as coisas já estavam saindo do controle.
A parte mais legal da terceira e última temporada de Legion é, sem dúvidas, o flashback introduzido no quarto episódio. Mais do que explorar o passado envolvendo os pais de David, a nova linha temporal acaba sendo fundamental para a conclusão da trama. Depois de muitas especulações sobre a origem do protagonista, vemos pela primeira vez a figura de Charles Xavier (Harry Lloyd) e da mãe de David, Gabrielle (Stephanie Corneliussen). Assim como o protagonista precisou aprender a lidar com seus poderes ao longo da história, Charles está começando a desenvolver suas habilidades – momento bem diferente daqueles em que estamos acostumados a ver o Professor Xavier em ação. Também temos a oportunidade de conhecer, em detalhes, como o Rei das Sombras teve contato com essa família.
Eu tenho uma única ressalva para fazer em toda a temporada: a série vai conduzindo muito bem seu espectador para desfecho, mas tudo acaba sendo quebrado pelo sexto episódio, que apresenta uma narrativa inteiramente focada em Sydney, contando ainda com a presença de outros personagens já conhecidos. O episódio não é ruim, muito pelo contrário, mas o momento em que ele foi inserido na temporada não me agradou muito, já que apenas os seus instantes finais é que se conectam com a trama central. Para uma série que está sendo encerrada, o antepenúltimo episódio talvez não tenha sido a melhor escolha para realizar esse tipo de abordagem.
Considerações finais
Marcada desde o começo por uma ousadia visual e por retratar sua trama de forma não linear, Legion é um ponto fora da curva quando falamos em séries de super-heróis. A atração criada por Noah Hawley tem um apelo muito maior para lado artístico do que cenas de ação intensa. Legion manteve suas características até o final, incluindo o sexto episódio que mencionei anteriormente. Como eu disse, o problema foi a sua localização e não o seu conteúdo. Isso, no entanto, não é capaz de diminuir toda a qualidade demonstrada na sua temporada de despedida.
Diante de todo o caos apresentado, fiquei extremamente curioso para saber como tudo seria resolvido. Felizmente, o desfecho amarra muito bem todas as questões e apresenta uma conclusão extremamente satisfatória e marcante, sendo pautada principalmente nas experiências que seus personagens tiveram ao longo das três temporadas. É um final mais racional do que emocional. Quem diz que não podemos aprender com nossos próprios erros?
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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