Análise da série Legion (2ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Legion.
Ao longo da primeira temporada, David Haller (Dan Stevens) descobriu que parte de suas perturbações eram decorrentes da interferência de outro mutante em sua mente, Amahl Farouk (Navid Negahban), também conhecido como o Rei das Sombras. Fazendo uma ligação com as informações que tinha, o protagonista descobriu que, no passado, Farouk e seu pai lutaram no plano astral, ocasião em que o Rei das Sombras acabou saindo derrotado. Mesmo sendo entregue a uma família adotiva, para preservar sua segurança, a consciência de Farouk conseguiu localizar David e nele se hospedou (como um parasita) para se vingar. Enquanto estava no corpo de David, Farouk aos poucos recuperava suas forças. 
Quando Cary (Bill Irwin) desenvolveu um dispositivo capaz de bloqueá-lo, Farouk traçou uma estratégia para abandonar o corpo de David se alojar em um novo hospedeiro. Esse processo é retratado no final da primeira temporada, quando o Rei das Sombras acaba possuindo Oliver (Jemaine Clement) e foge de Summerland. Na cena pós crédito, vimos que David foi capturado por uma esfera misteriosa, tecnologia que parece ter vindo do futuro. A segunda temporada de Legion começa exatamente um ano após todos esses eventos. Com um panorama completamente diferente, os mutantes de Summerland e a Divisão 3 se uniram para tentar combater Farouk. Liderados pelo Almirante Fukyama, a missão deles é tentar impedir que o Rei das Sombras encontre o seu corpo e libere todo o seu poder.
Clark (Hamish Linklater) e Ptonomy (Jeremie Harris) encontram David em uma boate, assentado em uma cadeira olhando para o nada. Mais tarde, ao se recompor, David menciona que ele estava desaparecido desde ontem; ele não tinha lembrança nenhuma do que aconteceu no período de um ano, apenas flashes de memórias que não faziam muito sentido. À noite, David lembrou o que tinha acontecido no momento em que foi absorvido pela esfera: ele se encontrou com uma Sydney (Rachel Keller) do futuro, que pediu para ele ajudar Farouk. David então passa a enfrentar um dilema, já que seus amigos de Summerland planejam impedir as ações do Rei das Sombras, ao passo que a mensagem que ele recebeu vai em sentido contrário.
Além desses dois lados da história, temos ainda a presença de uma terceira via. Depois de ser derrotado pelo pai de David, o corpo de Farouk foi entregue aos monges da ordem Mi-Go. Mesmo enterrado, o corpo do Rei das Sombras foi aos poucos acabando com a ordem Mi-Go, restando agora apenas um monge vivo. O monge (Marc Oka) acaba tomando conhecimento dos planos de Farouk e será outro a tentar combatê-lo. Diferente da Divisão 3 e dos mutantes de Summerland, o monge age sozinho e utiliza alguns meios que não inspiram tanta confiança, como contaminar pessoas com uma síndrome psíquica que causa paralisação e batimento de queixo; seu modus operandi chega até mesmo a ser confundido com as ações de Farouk. Não dá para criticá-lo, já que ele não tinha outra pessoa se confiança para auxiliá-lo.
Assim como na primeira temporada, Lenny (Aubrey Plaza) tem novamente um papel importante na história. De prisioneira de Farouk a ajudante de David, em um primeiro momento a personagem tem uma participação bem mais discreta na trama, mas ao longo dos onze episódios ela vai ganhando destaque e desempenha um papel primordial nos acontecimentos do episódio final, o que acaba criando um gancho para o terceiro e último ano de Legion.
Uma novidade implementada na série foi a presença de um narrador em alguns episódios. Ele sempre faz comentários relacionados com a mente humana, como a existência de ideias e ilusões, o ato de atribuir sentido às coisas, o efeito nocebo, dentre outros. Assuntos relacionados com loucura e delírios também ganham espaço. As falas do narrador vão totalmente ao encontro da narrativa: os personagens precisam pensar bem nas atitudes que tomarão com dois mutantes extremamente poderosos, David e o Rei das Sombras. É praticamente um jogo mental de teorias, já que não podemos ter certeza de quem realmente está dizendo a verdade – as pessoas podem facilmente ser manipuladas.
Considerações finais
Repetindo a premissa da sua temporada de estreia, o segundo ano de Legion explora muito bem os elementos narrativos e não entrega respostas fáceis para o expectador. Como tudo é extremamente bem feito, a vontade de continuar assistindo é muito maior do que a de deixar a série de lado. É comum que determinadas cenas sejam mostradas em mais de um episódio: um acontecimento é apresentado, mas as questões que estão relacionadas a ele somente são reveladas em um outro momento.

Legion é uma série que encanta no aspecto visual, seja pelos seus efeitos especiais ou pelas tomadas de cenas fora do padrão adotado pela indústria. Apesar desse aspecto ainda ser um dos principais pontos de destaque da série do FX, a primeira temporada me encantou mais nesse quesito. A temporada de estreia também se sobressai no ritmo da narrativa: aqui temos alguns episódios com desenvolvimento mais lento, mas todos possuem sua importância para a história. O elenco mais uma vez se destaca com ótimas atuações, consolidando a série de Noah Hawley como uma das melhores do gênero.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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