Análise da série Game of Thrones (5ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quarta temporada de Game of Thrones.

Tyrion (Peter Dinklage) passou por muitas coisas na quarta temporada, mas ver a traição da mulher que ele amava certamente foi o seu maior desgosto. Além de mentir no julgamento, Shae (Sibel Kekilli) estava tendo um caso com Tywin (Charles Dance). Descobrindo por conta própria o que acontecia entre eles, Tyrion foi implacável e colocou um ponto final na vida dos dois. Sentenciado à morte por um crime que não cometeu, agora que assassinou seu pai o anão sabia que tinha que deixar Porto Real imediatamente. Recebendo a ajuda de Varys (Conleth Hill), com quem parte em direção a Meereen, ele decide apoiar a reivindicação de Daenerys (Emilia Clarke) pelo Trono de Ferro. A jornada até a mãe dos dragões é repleta de imprevistos: Tyrion é capturado por Jorah (Iain Glen), que estava em busca de uma redenção, e depois ambos são pegos por traficantes de escravos. Para seguirem adiante, eles precisam ser criativos para encontrar uma forma de se libertar.

Será que Daenerys aceitaria ter ao seu lado um traidor e o irmão do assassino de seu pai? Para convencer a rainha serão precisos bons argumentos, oportunidade em que Tyrion pode provar o seu valor. Em Meereen, Daenerys precisa lidar com a resistência de algumas pessoas depois que ela instituiu mudanças na cidade, como o fechamento das arenas de luta. Os Filhos da Harpia, um grupo que usa máscaras douradas e não reconhece a autoridade da descendente dos Targaryens, começam a matar pessoas ligadas à mãe de dragões, uma atitude que claramente visa desestabilizá-la. Na reta final da temporada, Daenerys é surpreendida com algo que pode frustrar, ainda que temporariamente, os seus planos de dominação.

Depois de chegar à Muralha e evitar uma derrota da Patrulha da Noite na batalha contra os selvagens, Stannis (Stephen Dillane) revela os seus novos planos: ele quer atacar Winterfell e derrotar as forças de Roose Bolton (Michael McElhatton), mas para isso era necessário obter apoio. Stannis e Melisandre (Carice van Houten) tentam persuadir Jon Snow (Kit Harington) de diferentes formas, porém ele decide manter o seu juramento e permanecer na Patrulha da Noite, o que acaba influenciando na sua escolha para ocupar o cargo de Lorde Comandante. Stannis também não consegue convencer os selvagens e resolve realizar o ataque apenas com os homens que possuía. Desesperado pelo poder, ele ignora os conselhos de Davos (Liam Cunningham) e mais uma vez escuta Melisandre (Carice van Houten), o que o leva a tomar uma decisão difícil e questionável. Esse certamente é um dos momentos mais marcantes do quinto ano, não só pela escolha feita por Stannis, mas também pelos fatos que acontecem na sequência.

Ciente que a ameaça maior eram os Caminhantes Brancos, Jon tem um plano para resgatar os selvagens que estão além da Muralha, impedindo que eles se juntem ao exército dos mortos. Esse arco da história é muito bem desenvolvido, oportunidade em que podemos ver novamente o misterioso Rei da Noite (Richard Brake). O grande problema é que alguns dos membros da Patrulha da Noite não entendem as ações de Jon e começam a questionar o rumo que a ordem estava tomando, tendo em vista que durante muitos anos eles travaram disputas justamente contra os selvagens. Esse acirramento de ânimos resulta em um final que me pegou completamente de surpresa e me deixou pensativo por alguns minutos. Os eventos retratados no último episódio mostram a ousadia dos roteiristas, algo que não costuma faltar em Game of Thrones.

Após a morte de seu pai, Cersei (Lena Headey) assume as rédeas em Porto Real e começa a reorganizar os cargos importantes para o governo de Tommen (Dean-Charles Chapman). Temendo pelo futuro de sua filha, ela faz Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) ir até Dorne para trazer a jovem de volta à capital de Westeros, uma vez que a Casa Martell poderia querer vingar a morte de Oberyn (Pedro Pascal). Ao se casar com Tommen, Margaery (Natalie Dormer) tenta manipular seu esposo a enviar Cersei para Rochedo Casterly, já que ela almeja ter uma vida sem interferências de sua sogra. Tal ato não agrada nem um pouco a Rainha Mãe, que também sente inveja de sua nora pelo fato dela ser querida pela população. Como vingança, Cersei estreita as relações da Coroa com a Fé, fazendo com que Loras Tyrell (Finn Jones) seja preso por homossexualidade. A situação se complica quando Margaery é presa por mentir perante os deuses ao negar as acusações contra seu irmão. Incapaz de fazer qualquer coisa, Tommen se sente extremamente frustrado, mostrando que ele não tem preparo para ocupar o posto de um líder. Cersei prova do seu próprio veneno quando o Alto Pardal (Jonathan Pryce) exige que ela dê explicações aos deuses por atos do seu passado. Não vou mentir: ver a irmã de Tyrion sentir na pele o sofrimento depois de ter feito tanto mal foi recompensador.

Os Starks seguem passando por momentos difíceis, para não perder o costume. Novamente fazendo as suas jogadas, Lorde Baelish (Aidan Gillen) tenta construir uma aliança com os Boltons ao casar Sansa (Sophie Turner) com Ramsay (Iwan Rheon), obrigando a jovem a novamente vivenciar maus momentos com um novo marido abusivo. O destino tem judiado com ela, parece que o único propósito da personagem é sofrer… Brienne (Gwendoline Christie) tentou ajudar Sansa mais de uma vez, no entanto as coisas não saíram como o esperado. Enquanto isso, após abandonar Sandor Clegane (Rory McCann), que estava gravemente ferido, Arya chega a Braavos e vai até a Casa do Preto e Branco, templo dedicado ao Deus de Muitas Faces, tentar encontrar o homem que a ajudou a escapar de Harrenhal. Lá, ela encara uma sequência de testes enquanto aprende a ser ninguém. O treinamento para se juntar aos Homens sem Rosto pode ser difícil, mas não cumprir as ordens que lhe são dadas é ainda pior. Já Bran (Isaac Hempstead-Wright) não é visto nesta temporada, o que aconteceu com ele após o encontro com o Corvo de Três Olhos segue sendo um mistério.

Considerações finais
O quinto ano de Game of Thrones é marcado pela presença da fé em diversos arcos: o Senhor da Luz, o Deus de Muitas Faces e a ascensão do Alto Pardal em Porto Real estão no ponto central de alguns dos principais acontecimentos da temporada. A série também explora os desafios enfrentados por Daenerys, Stannis, Jon e Tommen, mostrando que a tarefa de liderar não é algo simples, principalmente quando suas ações são contestadas. Dentre esses quatro, o filho de Cersei é de longe o mais fraco; ocupando o cargo mais importante dos Sete Reinos, Tommen é incapaz de perceber que está perdendo influência e decide fazer greve de fome quando nota que sua palavra parece não ter peso algum, mesmo ele sendo um rei.

No geral, temos um bom desenvolvimento narrativo, porém algumas subtramas não me agradaram tanto. O arco envolvendo Dorne, por exemplo, poderia ter explorado com maior profundidade as desavenças existentes entre as casas Martell e Lannister. A presença dos Boltons em Winterfell basicamente serviu para colocar Sansa outra vez em uma posição desconfortável, já que a narrativa não caminha para lugar algum. O capítulo oito, o melhor da temporada, apresenta uma sequência épica de acontecimentos e nos dá uma prévia do quão devastadora pode ser uma guerra entre os humanos e o exército dos mortos. Seguindo com uma excelente ambientação, Game of Thrones nos entrega um desfecho de temporada chocante e melancólico.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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