Análise da série Hanna (2ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Hanna.
Na reta final da primeira temporada, descobrimos que a CIA não tinha de fato colocado um fim no programa Utrax, que agora é controlado por John Carmichael (Dermot Mulroney). Nem mesmo Marissa Wiegler (Mireille Enos), que chegou a liderar a operação, sabia que a agência estadunidense tinha reiniciado o projeto depois de o ter encerrado “oficialmente”. Esse fato não foi bem recebido por Marissa e serviu como pontapé inicial para que ela repensasse algumas de suas ações: se antes tinha embarcado em uma perseguição frenética contra Hanna (Esme Creed-Miles), seu comportamento com a garota passa a ser completamente diferente. A ação de Wiegler no encerramento da temporada passada era um indicativo de que as coisas não permaneceriam da forma como estavam estabelecidas.
Depois de fugirem, Hanna e Clara (Yasmin Monet Prince) passam a viver escondidas em uma floresta romena. Para sobreviver, elas caçam e furtam algumas propriedades na redondeza. Como Clara nunca havia deixado as instalações do programa da CIA, Hanna aproveita a oportunidade para lhe ensinar algumas coisas. Mesmo estando em um ambiente com o qual está bastante habituada, a protagonista e sua amiga são surpreendidas por um drone, que estava atrás de vestígios delas. Embora tenham planejado ficar juntas, a curiosidade de Clara em querer conhecer sua mãe faz com que ela seja capturada.
Paralelamente a esses acontecimentos, acompanhamos a transferência das cadetes para um local chamado de The Meadows, localizado na Inglaterra. The Meadows é basicamente uma nova fase do programa, cujo objetivo é preparar as garotas para o mundo real, possibilitando que elas sejam utilizadas futuramente em missões da agência de inteligência. Deixando de ser identificadas por números, as meninas pela primeira vez ganham um nome e recebem um livro com uma história ficcional sobre suas vidas. Enquanto Jules (Gianna Kiehl) desconfia das informações que lhe foram entregues, Sandy (Áine Rose Daly) leva tudo muito a sério e sofre com os problemas enfrentados por sua suposta família.
Cada cadete tem acesso a um notebook, por meio do qual podem estabelecer contato com seus familiares. Quem fica do outro lado da tela respondendo todas as mensagens é Terri Miller (Cherrelle Skeete), que embarcou nesse projeto depois de receber uma promoção. Ela própria foi pega de surpresa ao descobrir que não poderia manter contato com sua família durante o período em que estaria trabalhando em The Meadows. Talvez por não estar diretamente ligada à operação Utrax, Miller de fato parece se importar com as garotas. A sua última ação, no desfecho da temporada, é a prova que o seu lado humano às vezes fala mais alto do que o seu dever profissional.
Estando novamente sozinha, a única pessoa com quem Hanna pode contar é Marissa. Sabendo que seria monitorada pela CIA, Marissa encontra formas para se encontrar com Hanna e tentar dar a ela uma nova vida, longe de toda essa loucura. Apesar das boas intenções, a jovem segue desconfiada e decide abrir mão de tudo o que lhe foi oferecido e inicia um plano extremamente ousado para retirar Clara de The Meadows. Sem saber sequer onde a amiga estava, Hanna se expõe e corre riscos, além de complicar ainda mais a situação de Marissa, que já estava totalmente desprestigiada no seu emprego.
Na primeira temporada, o que mais me incomodou foi o fato da série tornar a sua história muito superficial em certos aspectos: as coisas aconteciam com um grau de facilidade não condizentes com a realidade. Isso foi amenizado na segunda temporada, o que considero um ponto positivo. Por outro lado, o enredo se tornou maçante e repetitivo. Temos um bom episódio de estreia, seguido por alguns episódios medianos; somente na reta final da temporada é que temos, de fato, capítulos empolgantes. A narrativa se apoia muito na relação de amizade de Clara e Hanna, mas não consegue apresentar grandes variações nesse campo, comprometendo o enredo como um todo.
Considerações finais
Ao assistir a segunda temporada de Hanna, chego à conclusão que a série evoluiu em alguns aspectos e regrediu em outros. No geral, a trama apresentada ficou abaixo daquela vista no ano de estreia. Para uma atração com apenas oito episódios, os roteiristas parecem ter perdido a mão na hora de retratar certos eventos, resultando em um desenvolvimento lento da trama, principalmente na primeira metade da temporada: gasta-se muito tempo explorando questões que no final não apresentam grande relevância.
Sendo novamente ambientada em vários países, a direção e a fotografia conseguiram valorizar muito bem os ambientes que foram utilizados para as gravações. As cenas de ação, embora presentes com menor intensidade, continuam muito bem executadas. O elenco, que passou por uma pequena renovação, entrega boas atuações. No fim, fica evidente que os maiores problemas da atração estão ligados ao seu enredo, que apesar dos equívocos, ainda conseguiu entregar um bom desfecho. Criada por David Farr, Hanna apresenta uma premissa interessante, mas até então vem falhando em parte de sua execução.