Análise da série The Sinner (3ª temporada)
Nas temporadas anteriores, o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) demonstrou ter um grande envolvimento com os casos em que ele assume a titularidade da investigação. Mesmo tendo suas condutas questionadas mais de uma vez por seus colegas de trabalho, a forma com que ele lidou com os casos de Cora Tannetti e Julian Walker tornou o seu nome prestigiado no meio policial. Acontece que desta vez Ambrose pode ter ido longe demais.
A história da terceira temporada de The Sinner é introduzida com um acidente de carro envolvendo Jamie Burns (Matt Bomer) e seu antigo amigo de faculdade, Nick Haas (Chris Messina). A colisão em uma árvore provocou a morte de Nick antes mesmo do resgate ser chamado, enquanto Jamie saiu praticamente ileso. O curioso é que a estrada em que o fato ocorreu servia única e exclusivamente para dar acesso à residência da artista Sonya Barze (Jessica Hecht). O que os dois estariam fazendo durante a madrugada naquele lugar?
Jamie é casado com Leela (Parisa Fitz-Henley) e os dois estão prestes a ter o primeiro filho. Ele é professor do ensino médio e ela proprietária de uma loja. Buscando reencontrar um propósito para sua vida, Jamie decidiu ligar para Nick, com quem ele não mantinha contato desde o fim da faculdade, para que eles pudessem se ver. De surpresa, Nick aparece na sua casa, como se fosse um entregador da Amazon, ocasião em que conhece a residência e a esposa do amigo. Esse, no entanto, não foi o primeiro encontro que eles tiveram desde que Nick havia chegado à cidade.
Ao longo dos oito episódios, descobrimos que os dois tinham uma relação muito profunda, intensa e sombria. Tudo é baseado no conceito de “Übermensch” (ou “além-do-homem”, em português), do filósofo Friedrich Nietzsche, ideal em que o homem deve superar-se a si mesmo em busca do seu potencial absoluto, alcançado através do auto aperfeiçoamento. “Aquilo que não me mata, só me fortalece”, frase dita por Nietzsche, parece ser o mote do vínculo existente entre Jamie e Nick: a amizade dos dois é pautada em uma série de riscos, conforme nos revelam os flashbacks. Voltando ao presente, ambos começam um jogo perigoso que culmina com o acidente retratado no começo da atração. Se antes Jamie já lidava com algum tipo de problema, o seu psicológico fica ainda mais abalado quando ele passa a ver Nick constantemente.
Analisando o local da colisão e escutando o que Jamie tinha a dizer, Ambrose desconfia que o professor estava ocultando algo; para o detetive, aquele não era um mero acidente, mas sim um caso de homicídio. Quando a polícia encontra provas que contradizem algumas das declarações de Jamie, Ambrose tenta se aproximar dele com o intuito de descobrir o que realmente aconteceu naquela noite, momento em que o detetive passa a percorrer um caminho perigoso. Da mesma forma que Nick exercia uma forte dominação sobre Jamie, Jamie começa a manipular Ambrose, levando o protagonista ao extremo. Explorando um pouco mais o lado pessoal de Harry, no curso da investigação sua filha e seu neto aparecem pela primeira vez na série e ele começa a desenvolver um relacionamento com Sonya.
Falando em Sonya, ela é outra personagem que não tem muita noção do perigo que Jamie representa. Desde que o acidente aconteceu na sua propriedade, a artista parece ter adquirido algum tipo de obsessão pelo professor, passando a segui-lo pela cidade e fazendo registros fotográficos, tudo para pintar um quadro dele. Como se isso já não fosse o suficiente, quando Jamie vai visitá-la, ela pede para tirar algumas fotos dele sem roupa. Inacreditável!
Considerações finais
Tomando como base as temporadas anteriores, principalmente a segunda, fica nítido que o detetive Harry Ambrose não teve uma infância muito tranquila. Apesar de seus problemas pessoais, ele até então vinha sendo bem coerente no exercício de sua profissão, mas a situação muda de panorama na terceira temporada. O personagem se depara com uma pessoa talvez tão complexa como ele, ao mesmo tempo que vê sua família envolvida no caso em que está trabalhando. É elogiável a tentativa de Derek Simonds, criador da atração, de tentar renovar a série a cada temporada, introduzindo novas temáticas e abordagens, contudo, na terceira temporada a investigação acaba ficando em segundo plano, dando espaço para uma história que busca retratar dilemas psicológicos e filosóficos.
O episódio de estreia é muito bom e cumpre o papel de deixar o espectador intrigado com a narrativa. Na sequência, temos um desenvolvimento lento da trama, que também não se mostra tão elaborada. A verdade é que The Sinner até agora não conseguiu repetir o êxito de sua temporada de estreia. O elenco trabalha muito bem, com destaque especial para Bill Pullman e Matt Bomer. A fotografia segue muito bonita e a direção mais uma vez é bem executada. Para finalizar, deixo registrado que esse, até então, foi o pior final de temporada da série.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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