Análise da série Homecoming (1ª temporada)

Baseada em um podcast estadunidense de mesmo nome, Homecoming é uma série criada por Eli Horowitz e Micah Bloomberg e lançada pelo Prime Video em novembro de 2018. Sam Esmail, criador de Mr. Robot, trabalha como produtor executivo ao lado de Horowitz e Bloomberg; Esmail também dirigiu todos os episódios da primeira temporada e, assim como fez em Mr. Robot, entrega para o público um espetáculo em termos visuais.
Heidi Bergman (Julia Roberts) trabalha como terapeuta no Centro de Apoio de Transição Homecoming, uma instituição que oferece assistência para que veteranos de guerra com stress pós-traumático consigam se reintegrar na sociedade civil sem grandes complicações. Ao chegarem em Homecoming, os militares são submetidos a uma série de atividades e quase não têm contato o contato com o mundo exterior. Enquanto lida diretamente com os militares, Heidi é constantemente pressionada por seu chefe, Colin Belfast (Bobby Cannavale), para obter o mais rápido possível de dados do programa de tratamento.
O primeiro episódio da série definitivamente não é um bom cartão de visita e pode desencorajar muitos a seguirem em frente, já que não cumpre o seu papel de apresentar qual é proposta da série. O que fica claro é o fato da narrativa ser composta por duas linhas temporais. No passado, acompanhamos a chegada do militar Walter Cruz (Stephan James) ao Centro Homecoming e os primeiros detalhes sobre o trabalho de Heidi no local. No presente, Heidi agora trabalha como garçonete em uma lanchonete e parece não ter recordações do seu passado. O que teria acontecido com a personagem? Essa é a pergunta que fica no ar durante praticamente toda a temporada (e felizmente é respondida).
Ainda no presente, Thomas Carrasco (Shea Whigham), um investigador do Departamento de Defesa, começa a trabalhar em um caso após tomar conhecimento de uma antiga queixa que dizia que Walter era mantido na instituição contra a sua própria vontade. Thomas começa a ir atrás das pessoas que trabalharam no Centro Homecoming e também consegue acesso a alguns documentos relacionados à instituição. Quando se encontra com Heidi pela primeira vez e começa a lhe fazer perguntas sobre o seu antigo emprego, ela simplesmente não se lembra de nada, inclusive de Walter. É uma situação um tanto estranha, já que Heidi e Walter pareciam ter algum tipo de sentimento um com o outro.
O desenvolvimento inicial da história é lento e demora um pouco até começarmos a entender, de fato, o que acontecia em Homecoming. A atração é praticamente um quebra-cabeças que vai entregando suas peças aos poucos: quando tomamos conhecimento de parte dos mistérios, a série se mostra muito mais atrativa. Um ponto que acaba favorecendo o desenvolvimento da trama é o fato dela contar com capítulos de aproximadamente trinta minutos de duração cada. Se Homecoming mantivesse esse mesmo ritmo, com episódios de quarenta a cinquenta minutos, definitivamente não teríamos um saldo final tão positivo. Como são episódios curtos, mesmo que no começo o desenvolvimento seja lento, acabamos tomando parte das coisas de uma maneira mais rápida.
Se a narrativa demora a engrenar, a direção de Sam Esmail e a fotografia de Tod Campbell já encantam nos primeiros minutos do episódio de estreia, quando acompanhamos um ótimo plano-sequência de Heidi saindo do seu escritório e andando pelas instalações do Homecoming. Até o oitavo episódio, imaginei que o fato de as cenas no presente serem sempre quadradas tinha sido uma escolha do diretor para fazer uma distinção clara entre as linhas temporais da série. No entanto, acabei sendo surpreendido, já que a opção por esse tipo de imagem tem um significado muito maior e encaixando-se perfeitamente com aquilo que é retratado. Por fim, no episódio final, temos mais uma bela montagem de imagens para retratar a passagem de tempo.
Considerações finais
Certamente o principal atrativo da temporada de estreia de Homecoming é a presença da atriz Julia Roberts, que pela primeira vez protagoniza uma série. Vencedora de um Oscar de melhor atriz, Roberts dispensa qualquer tipo de comentário e desempenha uma performance excepcional ao viver a personagem Heidi. Não só ela, mas todo o elenco da atração trabalha muito bem. Destaco também as atuações de Shea Whigham (o desastrado investigador com seus óculos que separam ao meio) e Bobby Cannavale (o misterioso personagem que ocupa um cargo elevado na Geist, a empresa que controla o Homecoming).
A parte técnica da série é um primor: as capturas de imagens de Tod Campbell e a direção de Sam Esmail entregam cenas muito acima da média quando falamos de séries de TV: são ângulos e perspectivas de câmera que tornam a experiência muito agradável. O grande problema é a parte inicial do enredo, quando a série falha em passar para o público qual é a sua proposta. O primeiro episódio parece ser uma mistura de coisas que não fazem muito sentido. Felizmente nos episódios subsequentes o panorama muda e ficamos diante de uma boa história de mistério.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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