Análise da série Elite (3ª temporada)
Elite começou com uma proposta muito semelhante àquela utilizada por How to Get Away with Murder, misturando assassinato e uma disputa por um troféu que simbolizava o aluno com melhor desempenho da sala, ainda que o ambiente escolar fosse completamente diferente nas duas séries. Na segunda temporada, a atração espanhola da Netflix modificou um pouco a sua proposta e a trama girou em torno do desaparecimento de um dos alunos da classe. Agora, Elite resgata a fórmula utilizada na primeira temporada e novamente tem como o grande mistério a morte de um de seus personagens principais.
Desta vez, os alunos de Las Encinas estão no último ano escolar e grande parte deles já pensa em como será a vida na faculdade. Logo no episódio de estreia, descobrimos que a vítima da temporada é o Polo (Álvaro Rico) e que a situação envolvendo sua morte acontece justamente no baile de formatura da turma. Como de costume, flashforwards revelam detalhes do dia em que ocorreu o fato, mas só somos capazes de entender como tudo aconteceu assistindo o episódio final. O desfecho de toda essa história pode não ser o melhor de todos, mas definitivamente supera aquilo que foi criado para a morte de Marina no ano de estreia. Falando na Marina, o seu assassinato até hoje segue gerando repercussão entre os estudantes, principalmente para Guzmán (Miguel Bernardeau) e Samuel (Itzan Escamilla), que foram os que sofreram as maiores consequências. Enquanto ambos precisam viver com a amargura, Samuel ainda encara problemas familiares decorrentes dessa situação.
A série ganha um tom mais dramático quando Ander (Arón Piper) descobre que está com leucemia. Tentando esconder a realidade de sua família e amigos no começo, o jovem se vê obrigado a enfrentar a enfermidade e inicia o tratamento, apesar de ter um pensamento extremamente pessimista. Ele recebe grande apoio dos amigos durante todo o processo, enquanto seu namorado toma algumas escolhas questionáveis, o que de certa forma vai contra a evolução que Omar (Omar Ayuso) teve na segunda temporada. O “troca troca” entre os personagens e os relacionamentos frágeis e de aparência são um dos principais problemas desta temporada.
Temos outras subtramas interessantes, como a prisão da mãe de Rebeka (Claudia Salas), os problemas familiares enfrentados por Lucrecia (Danna Paola) e Carla (Ester Expósito), com destaque para a “aventura” pelo mundo das drogas desta última. Dois novos personagens entram para o elenco, mas suas adições se mostram completamente destemperadas: Yeray (Sergio Momo) e Malick (Leïti Sené) assumem papéis secundários e de pouca importância, tornando boa parte de suas ações completamente desnecessárias. O saldo positivo fica por conta da aproximação entre Lucrecia e Nadia (Mina El Hammani): Lucrecia, que nas temporadas anteriores servia quase como uma antagonista, sofre uma grande evolução e toma ações surpreendentes; a competição entre as duas personagens ganha um outro tom e se mostra algo bem mais maduro.
Devido ao sucesso, é de se esperar que a Netflix, no futuro, lance um quarto ano. Informações divulgadas na internet sugerem que a plataforma de streaming já renovou o seriado para mais duas temporadas, mas ainda não houve nenhum anúncio oficial. Os criadores da atração, Carlos Montero e Darío Madrona, apresentaram um desfecho conclusivo para a história introduzida no terceiro ano, ao mesmo tempo que deixaram um grande gancho para a sua continuação, algo que ainda não tinha sido utilizado de forma tão profunda como foi agora. A série, no entanto, precisa deixar de ter uma história superficial e apostar em algo um pouco mais maduro, afinal, a trama não é mais protagonizada por adolescentes de 16 anos. Outro fato que merece atenção é o desgaste da fórmula dos interrogatórios policiais, que é a mesma desde a estreia de Elite.
Considerações finais
Ao longo de três temporadas, Elite se mostrou ser uma série no estilo montanha russa, cheia de altos e baixos. Se por um lado a atração demonstra evoluções em alguns quesitos, em outros observamos um retrocesso. É inegável que o seriado lidou melhor com os flashforwards na terceira temporada, mas pecou ao retratar histórias extremamente superficiais e relacionamentos fracos entre seus personagens. O desfecho da história principal mais uma vez não chega a ser algo mega elaborado, mas é melhor do que o que foi visto nos anos anteriores. Um detalhe interessante é o fato de os títulos dos oito episódios sugerirem para o espectador qual ou quais personagens terão um destaque maior no capítulo.
Enquanto a segunda temporada introduziu personagens que realmente ganharam relevância na história, as adições deste terceiro ano se mostram completamente dispensáveis. Sim, existe uma história por trás dos dois novos nomes que afetam alguns personagens, como Carla, Omar e Nadia, mas nada se comparado ao que foi feito com a introdução de Rebeka, Valerio e Cayetana. Direção e fotografia seguem entregando trabalhos satisfatórios, enquanto o nível de atuação melhorou. Diante do desfecho da trama, é provável que na sua sequência a série sofrerá grandes transformações. Sigo na expectativa para que histórias mais maduras e complexas sejam apresentadas.
★★★☆☆ – 3 – Bom
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