Análise da série True Detective (1ª temporada)
Uma mulher, identificada como Dora Lange, é encontra morta, nua, amarrada, com um chifre de veado e uma coroa de espinhos na cabeça, com cortes de faca no estômago e um símbolo de espiral desenhado nas costas. Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Marty Hart (Woody Harrelson) são os detetives responsáveis por tentar desvendar o caso, que, aparentemente, está ligado a algum ritual satânico. Junto com o corpo da vítima é encontrado um triângulo feito de pau, mais uma marca utilizada por quem está por trás do assassinato.
Após alguns dias de investigação, sem terem descoberto detalhes relevantes sobre autor do crime, a dupla de detetives começa a sofrer pressão por parte do governo estadual, que chega a enviar uma equipe especial para tentar solucionar o crime. Rust e Marty pedem mais alguns dias para concluírem a investigação. A partir de então, Rust começa criar teorias e encontrar pistas que podem revelar a identidade do criminoso.
True Detective apresenta duas linhas temporais: uma em 1995 e outra em 2012. Na primeira, acompanhamos cada passo dos detetives para solucionar o crime, enquanto a maior parte da segunda linha é marcada por depoimentos de Rust e Marty, a uma outra dupla de detetives, sobre os acontecimentos do passado. Em um primeiro momento, essa forma de contar a história pode parecer um pouco confusa, mas aos poucos percebemos o quão bem ligadas elas estão, servindo os interrogatórios em 2012 como complementos para os acontecimentos dos anos anteriores.
A série concentra a maior parte da sua narrativa na investigação do crime, mas também aborda detalhes da vida pessoal dos dois detetives. Logo percebemos que Marty e Rust são pessoas totalmente opostas, mas ainda assim, apesar de alguns atritos, a dupla se mantém unida durante os trabalhos de investigação. Rust é uma pessoa introvertida e inteligente, extremamente racional e com pouca fé na humanidade. Marty é uma pessoa que não dá muita atenção para sua família e é infiel a sua mulher, sendo facilmente atraído por mulheres mais jovens.
Não espere muitos momentos de ação e adrenalina em True Detective: eles existem, mas esse não é o foco da série. A história se desenvolve de forma lenta, tendo como foco os diálogos e a exploração de ambientes. A dupla de detetives busca tentar desvendar os mistérios por trás de Carcosa e o Rei Amarelo, referências encontradas no diário de Dora Lange e mencionadas por outras pessoas no decorrer da história. Até o episódio 6, se tem mais dúvidas do que soluções.
Além do excelente roteiro de Nic Pizzolatto, tenho que destacar também a direção de Cary Joji Fukunaga. True Detective certamente tem uma das mais bonitas aberturas de séries que eu já vi, percebe-se que houve um cuidado especial com cada detalhe apresentado. Cabe destacar também que a série de antologia, ou seja, cada temporada apresenta uma história completa.
Considerações finais
A primeira temporada de True Detective começa a demonstrar sua qualidade quando coloca os atores Matthew McConaughey e Woody Harrelson para assumirem os papeis de protagonistas da série. O resultado é aquilo que já esperávamos, atuações de altíssimo nível, com um destaque especial para McConaughey, que interpreta o detetive Rust Cohle, o personagem mais complexo da série.
Mesmo apresentando um ritmo lento de desenvolvimento, a série consegue criar muito bem um clima de suspense que as séries policiais devem ter. A complexidade da história é outro atrativo, não estou falando de um enredo cheio de reviravoltas, mas sim recheado de elementos e detalhes que enriquecem ainda mais a trama, apresentando reflexões sobre diversos temas. Contando com apenas 8 episódios, True Detective é uma série que merece a sua atenção.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente