Desde o seu surgimento, Gears of War sempre havia sido desenvolvido pela Epic Games. Em 2014, a Microsoft comprou os direitos da franquia e contratou Rod Fergusson, produtor dos quatro primeiros jogos, para supervisionar o futuro da série. Na nova casa, o primeiro projeto foi Gears of War: Ultimate Edition, um rameke do game de estreia da série, lançado originalmente em 2005. Em outubro de 2016, nasceu Gears of War 4, o primeiro trabalho totalmente inédito do estúdio The Coalition na série da Microsoft.
Para aqueles que não jogaram os quatro títulos anteriores, o começo do game apresenta uma breve recapitulação sobre os acontecimentos da franquia. No início do prólogo, o jogador é levado até uma batalha das Guerras do Pêndulo, quando os soldados da CGO conseguiram capturar os planos da URI para o desenvolvimento do Martelo da Aurora. Dois anos depois, o jogador presencia o Dia da Emergência (também conhecido como Dia E), quando uma horda de Locust invadiu a superfície do planeta Sera. 17 anos após o Dia E, o game retrata o final de Gears of War 3, quando o grupo liderado por Marcus Fenix finalmente conseguiu acabar com a ameaça dos Locust.
Só então, 25 anos depois dos acontecimentos de Gears 3, é que a história de Gears of War 4 de fato começa. A nova saga tem início com JD Fenix (filho de Marcus Fenix), Kait, Del e Oscar invadindo um acampamento da CGO para capturar um forjador para restaurar a energia da vila onde moram. Lá dentro, eles enfrentam DeeBees, robôs que realizam a segurança e estão construindo estruturas no local. A atitude do grupo enfurece a primeira ministra, Jinn, que os acusa de terem sequestrado o seu pessoal. Em razão disso, Jinn determina que a CGO ataque o vilarejo onde eles moram.
Eles até conseguem resistir aos ataques da CGO, mas acabam sendo surpreendidos à noite, quando misteriosas criaturas invadem o local e capturam os moradores, incluindo Reyna , líder da vila e mãe de Kait. JD Fenix, Kait e Del agora vão atrás de Marcus em busca de ajuda para solucionar tudo o que está acontecendo. Eu não vou mentir: reencontrar Marcus Fenix velho foi uma das cenas mais épicas de toda a série. Apesar de não ser mais o protagonista, Marcus tem uma participação importantíssima na história.
O ponto alto da campanha é que os novos personagens são carismáticos. A história, no entanto, não desenvolve muito bem alguns aspectos, deixando muitas questões em aberto (pontos que talvez serão explicados nos futuros games). O final também foi um pouco decepcionante para mim. Gears sempre deixou ganchos para o próximo jogo da série, o que nunca impediu que finais conclusivos fossem apresentados. Aqui, a sensação que eu tive foi que o game acabou antes da hora, de forma inesperada. Poderia ter sido algo mais bem trabalhado.
Gears of War: Judgment realizou mudanças de jogabilidade que acabaram não sendo bem aceitas pelos jogadores. Felizmente, Gears of War 4 retoma o padrão adotado nos três primeiros jogos de franquia, além de ter implementado novas mecânicas e novos tipos de armas em seu arsenal. Uma das principais novidades em termos de jogabilidade é uma nova forma de eliminar inimigos: quando um oponente estiver escondido na mesma cobertura em que o jogador estiver apoiado, mas do lado oposto, agora é possível puxá-lo e realizar uma finalização com a faca.
O jogador também se deparará com cenários inéditos na série. As tempestades de vento mudam totalmente o comportamento nas batalhas; usar granadas de fragmentação definitivamente não é uma boa escolha nesses momentos. Para contornar essa situação, o jogador pode destruir objetos do cenário para abater os inimigos, só tome cuidado para também não ser atingido. Em outros momentos, será necessário passar em trechos repletos de raios para conseguir avançar até o próximo objetivo da história.
A inteligência artificial dos inimigos é muito boa. Assim que tomam alguns tiros, os oponentes mudam de lugares. Eles também são capazes de planejar estratégias, e, em certos momentos, irão para cima do jogador na tentativa de surpreendê-lo. Quando se está em um local mais aberto, eles cercarão o jogador, lhe atacando de todos os lados. Os personagens que acompanham JD também possuem uma boa inteligência artificial: eles só não levantarão o jogador, nos momentos em que estiver quase sendo abatido, se estiverem muito longe.
Os efeitos sonoros em Gears of War sempre tiveram papeis muito marcantes, indicando, por exemplo, quando o jogador deve efetuar uma recarga na arma e o momento em que todos os inimigos do mapa foram derrotados. A trilha e os efeitos sonoros continuam sendo um marco nesse novo capítulo da franquia. A música tocando ao fundo das fases vai de encontro com os diversos momentos enfrentados no game. Destaco também a excelente dublagem em português brasileiro que feita no título.
Visualmente, estre provavelmente é um dos jogos mais bonitos que você verá rodando no Xbox One. Os cenários apresentam uma riqueza de detalhes nunca antes vista na série, graças ao maior poder de processamento dos consoles de oitava geração. As feições dos personagens são naturais e realistas. As eliminações estão mais sangrentas do que nunca. Chama a atenção também a destruição dos cenários ao longo dos embates.
No multiplayer online, existem dois modos básicos de jogo, o versus e o horda. No versus, duas equipes se enfrentam e a melhor acaba tornando-se a vencedora. Já no modo horda, os jogadores devem unir suas forças para um objetivo em comum: derrotar hordas de inimigos que avançam em direção às bases; os novos mapas são bem grandes e apresentam um grau de desafio ainda maior. Além disso, toda a campanha do jogo pode ser jogada em modo cooperativo, seja online ou local (neste último caso com tela dividida), por dois jogadores.
Gears of War 4 está disponível para Xbox One e Windows 10. Esta análise foi feita com base na versão para Xbox One.
Considerações finais
Quando você entrega uma grande franquia para um novo estúdio, a maior preocupação é se a essência principal do jogo não vai ser perdida. Gears of War sempre foi uma franquia que teve suas características muito fortes, tendo, inclusive, servido de inspiração para inúmeros games de tiro em terceira pessoa. Em termos de jogabilidade, Gears of War 4 é tudo o que os fãs da franquia esperavam. Até mesmo as lutas contra os robôs, nos primeiros capítulos são divertidas.
Ficou claro que o estúdio The Coalition apostou seguro no seu primeiro jogo da franquia, mantendo o estilo clássico de gameplay, aliado a pequenas novidades. A essência foi mantida, o que é ótimo. A narrativa do game, no entanto, foi um pouco decepcionante: a história da nova saga é sim interessante, mas a forma com que o final do jogo foi tratado me incomodou um pouco, principalmente se formos olhar como as conclusões de
Gears of War 1,
2 e
3 foram feitas. Alguns pontos da história também carecem de explicações. No mais, este é um legítimo
Gears of War!
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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