Análise do jogo Assassin’s Creed Syndicate
Assassin’s Creed Syndicate chegou ao mercado com a missão de levantar novamente a moral da série Assassin’s Creed. O lançamento desastroso de Unity, em 2014, gerou discussões sobre a qualidade de produção dos títulos série da Ubisoft, obrigando a empresa a disponibilizar diversos patchs de correção. Um ano depois, a empresa lançou outro game de uma das suas maiores franquias, e você confere a seguir a minha opinião sobre Assassin’s Creed Syndicate.
Em relação ao game anterior, Syndicate não conta com um modo multiplayer e possui um número menor de NPCs nas ruas, possibilitando que a Ubisoft focasse mais no modo singleplayer e trabalhasse melhor o que deu errado no último game. Ambientado na Londres vitoriana, durante a revolução industrial, Syndicate é protagonizado dois personagens: os irmãos gêmeos Jacob Frye e Evie Frye. Os dois possuem temperamentos completamente diferentes: Jacob é destemido e prefere solucionar as situações de uma forma brutal e agressiva, enquanto Evie é mais calculista e estrategista, preferindo agir da forma mais discreta possível. Você consegue evoluir as habilidades de cada personagem de forma individual, tendo Jacob foco no combate e Evie na furtividade. É possível realizar a troca dos personagens a qualquer momento, podendo a maioria das missões ser jogadas com qualquer um dos personagens, salvo pequenas exceções, em que se exige que determinadas ações ou missões seja feita especificamente por um dos personagem. Apesar de ter que acessar o menu para fazer a troca entre os personagens, ela é bem rápida.
Os irmãos Frye chegam à Londres com o objetivo de tornar a cidade mais justa e igualitária, tendo em vista a grande exploração que os trabalhadores pobres passavam, principalmente nos pátios das fábricas; existem objetivos secundários em que você deve libertar crianças e mulheres dos trabalhos em péssimas condições. A missão principal é derrotar Crawnford Starrick, um templário poderoso que possui aliados em todas as áreas econômicas de Londres. Mas para conseguir chegar até Starrick , é preciso derrotar cada um dos seus principais aliados. Como se isso não bastasse, as ruas de Londres estão dominadas pelos Blighters, uma gangue utilizada por Crawnford Starrick para exercer influência na cidade britânica. Para combater esta ameaça, Jacob se junta aos Rooks e os ajuda a conquistar os territórios da cidade – em uma espécie de guerra de gangues. Quanto mais territórios você conquista, mais aliados estarão vagando pelas ruas de Londres.
Além da troca entre os protagonistas, Syndicate traz outros elementos novos para a franquia, como a possibilidade de conduzir e se esconder em carruagens, e um novo equipamento que funciona como uma espécie de gancho. Andar pelo mapa usando as carruagens diminui consideravelmente o tempo do trajeto, e com o simples toque de botão, você consegue atacar carruagens inimigas e até destruí-las; há ainda uma espécie de boost, fazendo com que os cavalos andem mais rápido. A nova mecânica trouxe consigo um novo objetivo secundário, a disputa de corridas com carruagens. Já o gancho, certamente lhe auxiliará muito nas escaladas mais longas, possibilitando ainda a travessia de pontos distantes e uma nova oportunidade de assassinato.
Visualmente o game é bem bonito e detalhado. Londres foi muito bem construída, estando presentes pontos marcantes da cidade como o Big Bang e o palácio de Buckingham, possuindo cada um deles importância na narrativa do jogo. Em um período dominado pela revolução industrial, as fábricas não medem esforços em liberar fumaça e poluir o ar da cidade. Ao subir em construções mais altas, é possível admirar belas imagens da cidade britânica. Uma pena que todo esse cuidado não foi repetido com os personagens secundários, que apresentam poucas variações na aparência físicas: durante uma guerra de gangues, você se depara facilmente com inimigos visualmente idênticos, mostrando uma falta de capricho do estúdio em criar mais fisionomias.
A Ubisoft conseguiu tornar Londres uma cidade viva, onde os NPCs desempenham as funções cotidianas de uma forma bem natural. Como de praxe, games com um mundo aberto sempre possuem bugs, mas os que estão presentes em Syndicate não chegam a atrapalhar a experiência do jogo. Por outro lado, a inteligência artificial dos inimigos é um ponto fraco do game: muitas vezes os inimigos escutam barulho, mas não vão até o lugar para verificar o que está acontecendo. O jogador sente bem isso nas missões principais da campanha, quando os inimigos são facilmente enganados, ou te procuram por um certo tempo e depois voltam às suas atividades normais, como se nada tivesse acontecido. Esse problema na inteligência artificial não é algo presente apenas neste game, mas algo que já tornou-se corriqueiro na série. Espero que no próximo título a Ubisoft dê uma reformulada nesse campo, aumentando os desafios do game. A dificuldade no game aparece mesmo quando você tem que combater uma grande quantidade de inimigos sozinho.
O gameplay é bem fluido e intuitivo. Novatos na série não enfrentarão dificuldades, já que tudo é muito bem explicado para o jogador. Você possui opções variadas de ataque corpo a corpo, podendo também fazer uso de uma pistola, dardos alucinógenos, bombas de fumaça e bombas voltaicas. Por meio da árvore de habilidades, você consegue subir o nível do protagonista e consequentemente melhorar o seu desempenho. As próprias missões do game indicam uma sugestão de nível para que você jogá-las, isso se deve ao fato que os inimigos também possuem níveis: iniciar missões principais ou secundárias com um nível abaixo do recomendado certamente acarretará a morte do seu personagem. Você também consegue criar e melhorar as armas de ambos os personagens.
A história do jogo, assim como nos títulos anteriores, mistura elementos da série com acontecimentos históricos reais. Durante a jogatina você se deparará com grandes nomes, como Karl Marx, Charles Darwin, Charles Dickens, dentre outros. A narrativa em si é boa, tendo vários mistérios para serem desvendados. Um dos pontos mais legais do game é que nas grandes missões da campanha o jogador possui uma variedade de opções para conseguir atingir o objetivo principal, o que envolve interações com outros personagens: para conseguir invadir um espaço, por exemplo, o jogador encontra três possibilidades únicas, cada uma oferecendo experiências diferentes.
Durante a jogatina eu tive problema com o desbloqueio de algumas conquistas do Xbox One, inclusive conquistas que se consegue sem a necessidade de cumprir objetivos específicos: eu completei o jogo, mas a conquista de completar a sequência de memória 8 não foi desbloqueada, mesmo eu tendo completado posteriormente a sequência de memórias 9. Dei uma pesquisada na internet e vi que outros jogadores enfrentaram os mesmos problemas.
A Ubisoft posteriormente lançou um DLC intitulado Jack, o Estripador, colocando o jogador no controle de Evie Frye, anos após os acontecimentos de Syndicate. A experiência proporcionada é totalmente diferente do jogo original, cabendo a você investigar vários assassinatos em sequência na cidade de Londres.
Assassin’s Creed Syndicate foi lançado em 2015 para PC, PlayStation 4 e Xbox One. A análise foi feita com base na versão do Xbox One.
Considerações finais
Assassin’s Creed Syndicate é obviamente indicado para os fãs da série e para aqueles jogadores que procuram um bom jogo de ação e aventura, com um vasto mundo aberto para ser explorado. Apresentando diversas mecânicas novas, Syndicate conseguiu, de certa forma, resgatar o prestígio da série após o lançamento desastroso de Assassin’s Creed Unity.
Com um gameplay fluído e bastante interativo, o geme proporciona uma boa experiência para o jogador, aliado a um visual bem trabalhado e uma história interessante e bem contada. O problema da inteligência artificial falha é algo que já vem se repetindo há anos na série, precisando ser urgenemente retrabalhado pela Ubisoft. Os pequenos bugs e a falta de variedade dos personagens secundários não chegam a comprometer a experiência, mas demonstram que o estúdio poderia ter tido um maior cuidado nesses pontos. Este pode até não ser o melhor título da série, mas ele certamente lhe renderá algumas boas horas de diversão!
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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