Análise da série Better Call Saul (1ª temporada)

Antes de se tornar o advogado trambiqueiro que conhecemos em Breaking Bad, Saul Goodman (Bob Odenkirk) passou por momentos muito complicados, especialmente no início de sua carreira jurídica, época em que era conhecido pelo seu nome verdadeiro, Jimmy McGill. Com um carro em péssimas condições e um escritório discreto no fundo de um salão de beleza, Jimmy tenta ganhar a vida como defensor público, mas o que ele recebe não é suficiente para pagar suas contas. Dá para perceber que ele está se esforçando, no entanto o universo parece não conspirar a seu favor.
Se Jimmy não tem muitos motivos para comemorar, o seu irmão mais velho, Chuck, que também é advogado, construiu uma trajetória de grande sucesso. Sócio do renomado escritório de advocacia Hamlin, Hamlin & McGill, Chuck só parou de trabalhar por acreditar ter hipersensibilidade eletromagnética, uma doença que faz com que ele sinta dores, náuseas e queimação na pele sempre que é exposto a qualquer tipo de electromagnetismo. Morando atualmente sozinho em uma casa, ele frequentemente recebe o auxílio de seu irmão, que compra tudo o que ele necessita. Para se ter ideia da situação, ao chegar na residência de Chuck, Jimmy tem que deixar o celular na caixa de correios para evitar qualquer tipo de problema.
Logo nos primeiros minutos do episódio de estreia, as cenas em preto e branco mostram o que aconteceu com Saul após quinta temporada de Breaking Bad. Entretanto, esse não é o foco da produção: a história de Better Call Saul é ambientada em 2002, anos antes dos eventos retratados na série que lhe deu origem, ou seja, não espere ver Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) novamente em ação, ao menos por enquanto. No decorrer dos dez capítulos, Jimmy se encontra com nomes já conhecidos, como o ex-policial Mike (Jonathan Banks), que trabalha no estacionamento do tribunal, e o traficante Tuco Salamanca (Raymond Cruz). Mike tem uma grande presença na série e, em um momento específico, até contrata Jimmy para ser seu advogado. Já no arco dos mexicanos conhecemos Nacho Varga (Michael Mando), personagem que foi citado em Breaking Bad, mas nunca havia aparecido.
Com o passado marcado pelos golpes que aplicava nas pessoas quando era mais jovem, Jimmy não recebe nenhum tipo de ajuda profissional de Chuck (Michael McKean). Conhecendo a pessoa que ele se tornou, resta saber até quando o protagonista terá paciência para continuar desempenhando a sua profissão sem cometer nenhum delito. Ao se deparar com um casal que estava sendo acusado de desviar uma grande quantia em dinheiro, o advogado tenta convencê-los a contratá-lo, mas eles preferem que a defesa seja feita pelo Hamlin, Hamlin & McGill. Como não é alguém que desiste das coisas facilmente, Jimmy acaba se envolvendo em uma confusão com o cartel mexicano enquanto tentava persuadir os seus potenciais clientes a mudar de ideia.
A relação de Jimmy com o Hamlin, Hamlin & McGill não é muito boa, principalmente pelo fato dele não concordar com os valores que Chuck vem recebendo após ter se afastado da firma de advocacia. Esse é um dos motivos pelo qual ele não se dá bem com Howard (Patrick Fabian), que assumiu sozinho a posição de liderança no escritório de advocacia. Dá para perceber que Jimmy também sente uma certa inveja do sócio de seu irmão, principalmente quando ele manda fazer um outdoor que claramente era inspirado em Howard e copiava a identidade visual do HHM. Tal fato desencadeia uma ação judicial, mas Jimmy consegue encontrar uma forma de se autopromover, mesmo após ter sido obrigado a retirar o anúncio, e torna o seu nome muito mais conhecido na região.
Quem também desempenha um papel importante em Better Call Saul é Kim Wexler (Rhea Seehorn), a amiga confidente de Jimmy. Sempre que tem a oportunidade, Kim tenta ajudá-lo a alavancar a sua carreira, da mesma forma que ele oferece apoio nos momentos em que ela precisa. Quando Jimmy consegue um grande caso envolvendo um lar de idosos, com o qual ele não conseguiria lidar sozinho, Chuck age como um lobo em pele de cordeiro ao oferecer ajuda para o irmão. Nesse momento, fica bem claro que as desavenças existentes entre eles vão além de fatos ocorridos no passado. Vendo tudo o que estava acontecendo, Kim entra novamente em ação e sugere a Jimmy uma alternativa; já deu para perceber que existe uma forte sinergia entre os dois.
Considerações finais
Embora seja um spin-off de Breaking BadBetter Call Saul apresenta uma proposta completamente diferente, portanto evite fazer comparações. São duas atrações que compartilham o mesmo universo e cada uma possui o seu próprio estilo. Caso não tenha assistido Breaking Bad, é possível acompanhar tranquilamente a história de Jimmy, o máximo que pode acontecer é você não entender algumas referências, nada que prejudique a compreensão da narrativa.
Com uma temporada sem enrolação, Better Call Saul mantém alguns dos pontos fortes da série que lhe deu origem, como o roteiro, a produção e a fotografia. Além dos rostos já conhecidos, temos a introdução de vários personagens inéditos, que são muito bem desenvolvidos e rapidamente conquistam o seu espaço na narrativa. A atração também dá um destaque especial para o arco de Mike, e é interessante ver como o seu destino aos poucos vai se entrelaçando com o de Jimmy. Better Call Saul teve uma ótima temporada de estreia e conseguiu me deixar ansioso para a sua continuação, que será lançada em 2016.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo


➜ Você pode ler análises de outras séries clicando aqui.
Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
Deixe seu comentário ›