Análise do jogo Uncharted: Drake’s Fortune

Sempre tive vontade de conhecer a franquia Uncharted, mas até então não havia tido a oportunidade de jogar os seus títulos. Como entendo que bons jogos podem ser experienciados em qualquer época, nada melhor do que começar a série de games desenvolvidos pela Naughty Dog com aquele que deu origem a tudo. O que você confere a seguir são as minhas impressões sobre Uncharted: Drake’s Fortune dezesseis anos após o seu lançamento.

No jogo assumimos o controle de Nathan Drake, um caçador de tesouros que embarca em uma expedição para localizar o caixão de Sir Francis Drake, um explorador que ele acredita ser seu ancestral. Quem acompanha o protagonista é a repórter Elena Fisher, que financiou a viagem e está realizando filmagens para um programa de TV. A bordo de um barco, Drake abre o caixão retirado do fundo do mar e encontra apenas um diário, o que alimenta sua teoria de que Sir Francis teria forjado a própria morte. Quando piratas começam a atacar a embarcação em que estavam, Nathan pede ajuda a Victor Sullivan, seu mentor, que os resgata com um hidroavião.

Ao analisar o diário, Natan descobre que Sir Francis tinha descoberto um tesouro conhecido como El Dorado, mas como a última página havia sido arrancada, as informações estavam incompletas. Arranjando uma forma de se livrar de Elena, Drake continua a jornada junto com Sullivan e logo percebe que esse não seria um trabalho tão simples. Enquanto investigava um submarino alemão no meio da selva, um credor de Sullivan aparece junto com mercenários e também começa a tentar desvendar a localização do El Dorado. Quando Nate menos espera, Elena volta a cruzar o seu caminho e passa a ser uma peça importante na aventura.

A narrativa de Uncharted: Drake’s Fortune se destaca devido às relações existentes entre os personagens Natan, Sullivan e Elena. No caso da repórter, Drake a princípio demonstra não estar disposto a revelar detalhes sobre o tesouro, porém o protagonista compreende que eles estavam naquela juntos e precisavam um do outro para alcançar o objetivo. Nate tem um tipo de humor que acaba funcionando bem dentro daquilo que se propõe, soltando algumas frases engraçadas em momentos digamos que não muito adequados e sendo um pouco desastrado em certas ocasiões. A mitologia em torno de Sir Francis e do El Dorado é outro ponto de destaque do enredo, que também apresenta bons antagonistas, reviravoltas satisfatórias e algumas surpresas sobrenaturais.

Com relação a jogabilidade, é interessante observar como a Naughty Dog refinou a fórmula que vinha sendo utilizada por Tomb Raider e posteriormente influenciou o reboot que a franquia protagonizada por Lara Croft sofreu em 2013. Jogar escalando estruturas, se pendurando em beiradas, balançando em cipós é uma experiência divertida, só é preciso cuidado para não escorregar nas beiradas das estruturas e errar os saltos. Nos trechos envolvendo plataformas, há momentos em que a câmera não oferece uma visão muito boa para a realização dos saltos, o que pode eventualmente resultar na morte do personagem. Nate ainda é capaz de nadar, realizar ataques corpo a corpo e se esconder atrás de paredes e barreiras durante os tiroteios. Na maior parte do tempo temos a visão em terceira pessoa, sendo que alguns pequenos trechos contam com câmera fixa.

Existem dois pontos do título em que a jogabilidade deixa a desejar. No primeiro deles, Elena está dirigindo um carro e temos que atirar nos inimigos que estão nos perseguindo. No segundo, o protagonista e a repórter estão em um jet ski e precisam seguir contra a correnteza para chegar em um determinado local; neste trecho, assumimos o controle da moto aquática e também conseguimos atirar em barris que estão na água. Em ambos os casos, os comandos não são muito precisos, o que cria um desafio extra para o jogador. No caso de falhar, ao menos o game conta com um bom sistema de checkpoint.

No decorrer da aventura, Drake pode carregar dois tipos de armas, além das granadas, e o jogador é livre para trocar os equipamentos com base naquilo que encontrar pelos cenários. No caso das granadas, para arremessá-las é preciso utilizar o sensor de movimento do controle, algo que até achei bacana; também utilizamos o sensor de movimento quando Natan passa por estruturas estreitas, como os troncos de árvores. O nível de vida do personagem se regenera automaticamente após alguns segundos e quanto mais danos levamos, mais sem cor a tela fica.

O título basicamente se divide em combate, exploração e resolução de pequenos quebra-cabeças. Se por acaso ficamos sem saber o que fazer, o sistema do game dá uma pista do que é necessário para avançar. Percorrendo os ambientes podemos encontrar tesouros, os colecionáveis do jogo. Já nos momentos de confronto é bom ficar atento, uma vez que os inimigos irão tentar cercar Drake, principalmente se ficarmos parados. No geral, a inteligência artificial dos oponentes tem um bom comportamento. Como é praticamente impossível seguir de forma furtiva, o jogador não tem escolha a não ser descarregar tiros e arremessar granadas.

Visualmente, Uncharted: Drake’s Fortune impressiona pelo nível de detalhes, sobretudo se levarmos em conta que se trata de um jogo de 2007. O game conta com cenários variados, bonitos e bem construídos, ficando perceptível que houve um cuidado especial com o aspecto visual. Destaque também para as animações dos personagens, que são bem executadas. Apresentando faixas que complementam bem os diversos momentos que enfrentamos durante a jornada, a trilha sonora me agradou.

Uncharted: Drake’s Fortune foi originalmente lançado para PlayStation 3 e posteriormente ganhou uma versão remasterizada para PlayStation 4 em 2015, por meio da coletânea Uncharted The Nathan Drake Collection. Esta análise foi feita com base na versão do PlayStation 3.

Considerações finais
Apresentando uma proposta totalmente diferente dos trabalhos anteriores da Naughty Dog, Uncharted: Drake’s Fortune certamente foi o ponto de virada para o estúdio. Levando o jogador a vivenciar uma jornada épica de aventura, o game proporciona uma experiência divertida, aproveitando muito bem os recursos tecnológicos existentes na época do seu lançamento. Os personagens são carismáticos e a trama consegue chamar a atenção com seus variados acontecimentos.

Existem alguns pequenos problemas na jogabilidade, mas não é algo que chega a comprometer profundamente a experiência. Senti falta de uma maior variedade de gameplay, como a possibilidade de escolher avançar de forma furtiva ou não. Além disso, o ataque corpo a corpo não costuma ser uma boa opção devido a quantidade de oponentes para serem derrotados. Desta forma, os trechos em que há inimigos basicamente se resumem a esconder e atirar, o que acaba sendo repetitivo em alguns momentos. Analisando o jogo como um todo, mesmo com pequenas falhas foi uma boa forma de se iniciar uma nova franquia.

Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom

➜ Você pode ler análises de outros games clicando aqui.

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
Deixe seu comentário ›