Análise da série F1: Dirigir para Viver (5ª temporada)
2022 era um ano muito aguardado por todos na Fórmula 1: a categoria iria introduzir uma grande reformulação nos regulamentos técnicos, dando origem a carros completamente diferentes daqueles que vimos nos últimos anos. Era um terreno novo para todas as equipes, o que acabou resultando em carros bastante diferentes. Um fato curioso é que todos os times enfrentaram problemas durante a pré-temporada em Barcelona, sendo a maioria deles relacionados ao porpoising, os quiques que os carros começam a fazer devido à pressão aerodinâmica causada pelo efeito solo. Alguns conseguiram contornar essa situação com maior facilidade, enquanto outros sofreram para encontrar uma solução.
A Mercedes, que havia vencido os oito últimos campeonatos de construtores, fez parte do lado que teve muitas dificuldades em lidar com o porpoising. O carro quicava tanto que Lewis Hamilton sofreu com dores nas costas durante o GP do Azerbaijão, mostrando o quão preocupante era o monoposto da Mercedes. Para quem se acostumou a ter praticamente tudo sobre controle, lidar com esse tipo de transformação não é fácil. Toto Wolff não esconde a sua insatisfação: para que a equipe pudesse evoluir o carro, antes era preciso eliminar os quiques. À medida que Hamilton e George Russell começam a ter resultados mais consistentes, o ânimo e a esperança voltam a rondar o box da Mercedes e, no final da temporada, até há uma disputa com a Ferrari pela segunda colocação.
Falando na Ferrari, o time italiano iniciou 2022 muito bem. Com Charles Leclerc liderando o mundial após as primeiras corridas, essa parecia ser a melhor chance que a escuderia italiana tinha de ganhar o título nos últimos anos. Acontece que na Fórmula 1 não basta apenas ter o melhor carro e os melhores pilotos, o trabalho desempenhado pelo setor de estratégias possui grande importância. Nas corridas em Miami e no Canadá, Leclerc e Carlos Sainz não foram chamados para trocar os pneus durante o safety car, o que fez com que ambos se tornassem presas fáceis para os seus principais oponentes. Já na corrida em Silverstone, apenas Sainz foi chamado, fazendo com que o monegasco, que liderava a corrida e ainda estava na briga pelo campeonato, fosse novamente prejudicado. Por outro lado, Sainz teve a oportunidade de conquistar sua primeira vitória. A série da Netflix mostra bem como o clima piorou na Ferrari após essas escolhas desastrosas.
Já estando na quinta temporada, acredito que seja um consenso que Günther Steiner é uma das maiores estrelas de F1: Dirigir para Viver. Para a Haas, cada ano é um desafio, o que faz com que o chefe da equipe tenha que lidar com diversas situações. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, 2022 começou com péssimas notícias para Steiner, que se viu obrigado a romper o contrato com seu principal patrocinador e um de seus pilotos. Diante dessa situação, Kevin Magnussen recebeu a chance de voltar a ocupar um dos assentos do time estadunidense. Com um carro mais competitivo, Magnussen acumula pontos valiosos, porém Mick Schumacher não consegue repetir tal feito, o que acaba ameaçando a sua continuidade no próximo ano. Acompanhamos então o drama de Mick e a sua luta para tentar pontuar no decorrer da temporada.
Ao anunciar que iria se aposentar, Sebastian Vettel causou um efeito dominó na Fórmula 1. Para 2023, a equipe mais afetada foi a Alpine, que perdeu Fernando Alonso para a Aston Martin, e a jovem promessa Oscar Piastri para a McLaren. Como Alpine e a McLaren travaram uma disputa pelo quarto lugar, temos bons embates entre as equipes, com os comentários de Zak Brown e Otmar Szafnauer. Já Pierre Gasly decide trocar a AlphaTauri pela Alpine; o oitavo episódio foca no piloto francês e a boa relação que ele construiu com Yuki Tsunoda, seu companheiro.
Desde a primeira temporada, Dirigir para Viver sempre deu muito espaço para os comentários de Christian Horner. Diferente do que foi visto anteriormente, desta vez ele é que se torna o alvo dos ataques e reclama da pressão das outras equipes quando rumores de que a Red Bull teria violado o teto de gastos em 2021 começam a rondar o padoque. Considerando as suas ações no passado, é provável que ele teria outra visão sobre esses fatos se eles tivessem ocorridos com outra escuderia. Também temos a oportunidade de ver os bastidores da tensão em torno de Sergio Pérez para somar pontos para a Red Bull, principalmente quando havia uma disputa acirrada com a Ferrari.
Considerações finais
Com a entrada em vigor de um novo regulamento técnico, as equipes da Fórmula 1 viveram uma grande incerteza no começo do ano, afinal, não era possível saber se o carro teria na pista o mesmo comportamento visto nos simuladores. Além de abordar essa mudança, o grande mérito da quinta temporada de Dirigir para Viver foi retratar as disputas pelas equipes por posições no campeonato, sem deixar de lado momentos importantes vivenciados pelos pilotos e os diretores executivos ao longo de 2022. Por outro lado, a produção perdeu a oportunidade de explorar as desavenças que surgiram entre Max Verstappen e Pérez no final da temporada e o clima não muito amistoso entre Alonso e Esteban Ocon. A pole position de Magnussen em Interlagos também foi praticamente ignorada, sendo retratada de forma discreta no capítulo final, assim como a primeira vitória de Russell.
Minha maior crítica à série da Netflix é o fato de sempre deixarem de lado alguma equipe da categoria. Desta vez, mesmo que de forma breve, temos a participação de todos os times, mas acredito que ainda não é o formato ideal. A Aston Martin foi representada por breves falas de Vettel: da mesma forma que a série relembrou corridas marcantes de Daniel Ricciardo, o mesmo poderia ter sido feito com o piloto alemão. A participação da Williams basicamente se resumiu a alguns comentários de Jost Capito, ao passo que a Alfa Romeo só ganhou espaço devido ao impressionante acidente de Guanyu Zhou no Grande Prêmio da Grã-Bretanha.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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