Análise da série F1: Dirigir para Viver (3ª temporada)
2020 definitivamente não foi um ano fácil para ninguém. As incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) mexeram com todo o mundo e com a Fórmula 1 não foi diferente. Em fevereiro, os testes de pré-temporada aconteceram normalmente em Barcelona, mas em março, quando todos já estavam em Melbourne para o início do campeonato, a corrida foi cancelada depois que um integrante da McLaren testou positivo. Embora fosse uma medida completamente compreensível de ser adotada, a série mostra o grande temor que isso gerou nas equipes, uma vez que elas tinham compromissos que precisavam ser honrados com seus funcionários.
Algo que causou muita polêmica logo no início da temporada foi a semelhança do carro da Racing Point com aquele utilizado pela Mercedes em 2019. Apelidado no padoque de “Mercedes cor-de rosa”, o bom desempenho nas pistas levanta a desconfiança sobre uma possível irregularidade. Muitas equipes estavam incomodadas, mas para que houvesse qualquer tipo de investigação era preciso que alguém tomasse uma ação e a Renault foi quem decidiu protestar. Posteriormente, McLaren, Williams e Ferrari também compram a briga por considerar que a Racing Point estava infringindo as regras.
Outro fato que chamou a atenção foi um novo recurso implementado pela Mercedes no seu carro, o sistema DAS. Taxado como algo controverso, o DAS permite que o piloto altere o ângulo dos pneus, melhorando a aderência e dando mais velocidade nas curvas. Isso é feito com um ajuste no volante, que pode ser puxado ou empurrado. Em junho, quando a temporada finalmente começou, a disputa entre os times liderados por Toto Wolff e Christian Horner fica mais intensa e a Red Bull começa a tentar desestabilizar a Mercedes realizando protestos.
Outra polêmica foi o acordo secreto que a FIA firmou com a Ferrari após suspeitas de irregularidades no motor utilizado em 2019. Se no ano anterior a equipe conseguiu resultados impressionantes depois das férias de verão, em 2020 a escuderia italiana fez a sua pior temporada dos últimos 40 anos, um péssimo momento para comemorar o seu milésimo Grande Prêmio. Além disso, o fato da equipe optar por encerrar o vínculo com Sebastian Vettel e oferecer uma grande extensão de contrato com Charles Leclerc nos dá uma ideia dos planos da Ferrari para o futuro. Isso de certa forma cria uma falta de conexão entre Vettel e o time: o péssimo desempenho nas pistas e a forma com que ele ficou sabendo que aquele era o seu último ano com o carro vermelho provavelmente justificaram as ações do tetracampeão.
Além de todas as questões relacionadas a pandemia, 2020 também foi um ano atípico quando o assunto é a dança das cadeiras: Carlos Sainz Jr. e Daniel Ricciardo correram a temporada toda sabendo que no ano seguinte estariam em outra equipe. Enquanto a saída de Sainz da McLaren parece ter sido mais tranquila, Cyril Abiteboul ficou extremamente chateado ao saber que Riccardo deixaria a Renault. Como essas decisões foram tomadas antes das corridas começarem, é legal ver a percepção dos pilotos sobre suas escolhas após a disputa de algumas provas. Durante o campeonato, a Haas decidiu trocar a sua já experiente dupla de pilotos por dois jovens vindos da Fórmula 2, uma decisão ousada e que possui riscos. Já Sergio Perez conseguiu uma vaga para o próximo ano na Red Bull depois de desempenhar grandes performances mas corridas.
O nono episódio retrata o momento mais tenso da temporada e um dos mais assustadores da história recente da Fórmula 1. Pouco depois da largada no Bahrein, Romain Grosjean bateu de forma violenta no guard rail, momento em que seu veículo partiu no meio e começou a pegar fogo. Para alguém que estava assistindo a corrida ao vivo, esse foi um momento bastante angustiante. Em um esporte tão dinâmico, a falta de informações após os acidentes geralmente é seguida de um sentimento negativo, algo que ficou bem claro na produção da Netflix. Ver Grosjean saindo do meio das chamas foi realmente uma cena impactante e emocionante.
Considerações finais
O terceiro ano de F1: Dirigir para Viver faz uma abordagem geral sobre alguns dos momentos mais marcantes da temporada de 2020, como os pilotos e as equipes definindo os seus destinos (incluindo uma nova disputa entre Gasly e Albon por uma vaga na Red Bull) e o impressionante acidente de Grosjean. Além dos já conhecidos comentários de Will Buxton, desta vez a jornalista Jennie Gow também apresenta o seu ponto de vista acerca dos diversos eventos que aconteceram ao longo do ano, o que achei positivo.
Por outro lado, a atração perdeu a oportunidade de explorar alguns momentos marcantes, como o caos que foi o Grande Prêmio da Toscana. O recorde de vitórias de Hamilton e a conquista do sétimo título mundial, igualando-se a Michael Schumacher, ganhou pouquíssimo espaço, assim como a equipe Alfa Romeo. Já a Williams, que foi vendida para um grupo de investimentos estadunidense, sequer teve tempo de tela, o que é uma pena. Outro detalhe que gostaria de ter visto era o ponto de vista de George Russell sobre o desastroso pit stop da Mercedes, que lhe tirou aquela que poderia ser a sua primeira vitória na categoria. Ao substituir Hamilton, que havia testado positivo para Covid, o piloto inglês teve a chance de sair do fundo do pelotão e guiar o melhor carro do campeonato. Com tanta coisa para ser mostrada, alguns episódios exploraram determinadas corridas mais de uma vez.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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