Análise do jogo Fort Solis

Planeta Marte, 2080. Os engenheiros Jack e Jessica estavam em Fort Minor realizando reparos de danos causados pelo clima quando um alarme vindo de Fort Solis foi recebido. Jack tentou fazer contato por meio do sistema de comunicação, mas como não recebeu nenhum retorno ele decide ir até a base vizinha averiguar o que estava acontecendo. A partir desse momento, começamos a acompanhar uma história repleta de mistérios e segredos para serem desvendados.
Com visão em terceira pessoa, no jogo assumimos o controle de Jack e nosso primeiro objetivo é encontrar uma forma de entrar em Fort Solis. A instalação de mineração se encontra em sistema de lockdown, o que por si só causa estranheza, já que essa era uma medida extrema, motivo pelo qual as portas estavam bloqueadas. Assim que conseguimos adentrar na base, encontramos um local aparentemente vazio. Mesmo sem saber com o que iria se deparar, o protagonista decide retirar o seu capacete, demonstrando um certo grau de relaxamento e coragem. A meia hora inicial de jogatina é um pouco parada, mas as coisas começam a ficar mais intensas no final do primeiro capítulo, quando presenciamos acontecimentos que indicam que algo anormal estava acontecendo naquele lugar. Por meio do rádio, Jack comenta com Jessica parcela daquilo que ele presencia e em determinado ponto do título também temos a oportunidade de controlar a engenheira.
Dividido em quatro capítulos, o jogo é inteiramente ambientado durante uma noite. Além de ser essencial para avançar, a exploração dos ambientes é determinante para uma melhor compreensão do enredo. Pelos cenários encontramos computadores e dispositivos que nos revelam detalhes importantes sobre as pessoas que trabalham em Fort Solis. E-mails, vídeos e gravações de áudio apresentam um pouco da rotina dos funcionários e o que estava sendo desenvolvido na instalação. Certos computadores também têm acesso a câmeras de segurança, que exibem imagens ao vivo, gravações de atividades já ocorridas e em casos específicos podem destrancar portas. Andando pelo local também nos deparamos com pôsteres de filmes que podem ser colecionados, entretanto eles não acrescentam praticamente nada à história. Gastei pouco mais de 4 horas para chegar ao final, atualmente estou com quase 7 horas de gameplay e ainda faltam poucos coletáveis para serem localizados.
A instalação conta com diferentes níveis de segurança, portanto de início não é possível destrancar parcela considerável das portas; à medida que progredimos conseguimos cartões de acesso com permissões mais elevadas. Às vezes também é preciso encontrar baterias para ativar o mecanismo de abertura. Outra situação que pode ocorrer é a porta emperrar, exigindo que utilizemos a força para conseguir passar. Detalhes como esse e alguns diálogos deixam claro que o local estava precisando de manutenção. Para nos deslocarmos por Fort Solis utilizamos um mapa que pode facilmente ser acessado pela multiferramenta, uma espécie de computador que está acoplado ao braço do personagem. Enquanto jogava, não achei o mapa muito preciso e houve momentos em que ele mais me atrapalhou do que ajudou, uma vez que nem sempre ele é preciso em apontar a exata localização em que estamos.
Outro ponto que me incomodou é o fato do personagem não conseguir correr ou andar um pouco mais rápido. Somos obrigados a passar por longos corredores e a nos deslocar pela superfície do planeta vermelho caminhando lentamente. Talvez essa tenha sido uma escolha proposital pelo fato do game ser curto, porém isso afeta a exploração, principalmente após finalizar o título, ocasião em que podemos retornar aos ambientes e tentar localizar os coletáveis que foram deixados para trás. Diferente de alguns jogos que permitem que revisitemos os cenários com uma opção no menu após a conclusão, em Fort Solis só há a opção de carregar o checkpoint antes da sequência final. Não há indicação em quais setores os colecionáveis faltantes estão, tudo tem que ser descoberto na raça. Apresentando dois finais, esse é outro fator para estender a jogatina.
Além de deslocar e interagir com objetos, outra mecânica presente são os quick time events, quando temos uma fração de segundos para apertar o botão que é exibido na tela. Na maior parte do tempo, o fato de errarmos o comando não gera grandes consequências, já que tudo está pré-determinado para acontecer. Existe apenas um momento específico em que temos a chance de presenciar algo realmente diferente no game.
Com relação aos aspectos audiovisuais, o jogo conta com gráficos bonitos, cenários muito bem construídos, ótimas animações dos personagens (com destaque para os rostos), excelentes texturas e a transição entre o gameplay e as cenas é bem fluida. Roger Clark, que interpretou Arthur Morgan em Red Dead Redemption 2, dá vida ao protagonista Jack, enquanto a atriz Julia Brown fez capturas de movimento e forneceu sua voz para Jessica. Troy Baker, que trabalhou em The Last of Us e Death Stranding, também faz parte do elenco do game. A dublagem do título é simplesmente espetacular! Os demais efeitos sonoros e a música discreta em certos momentos também me agradaram. Como o jogo está totalmente legendado em português, podemos facilmente acompanhar todos os detalhes do enredo.
A versão de Fort Solis que recebi para análise no PC apresentava alguns problemas técnicos já conhecidos pelos desenvolvedores e que eles prometeram corrigir. No geral, apesar de breves travadas e problemas de iluminação, o título teve um bom desempenho na RTX 3060 e consegui finalizá-lo sem complicações que comprometesse a minha experiência. Outra coisa que reparei é que o cabelo de Jack fica um pouco esquisito quando giramos a câmera. São detalhes que acredito que podem facilmente ser resolvidos com atualizações.
Projeto de estreia do estúdio Fallen Leaf, Fort Solis está disponível para PC e PlayStation 5 a partir de hoje. Agradecemos a Dear Villagers por nos ter fornecido uma cópia.
Especificações do computador utilizado para a análise: Ryzen 7 5700X, RTX 3060 12 GB, 32 GB de memória RAM DDR4 3200Mhz.
Considerações finais
FirewatchWhat Remains of Edith Finch e Gone Home foram alguns simuladores de caminhada que conseguiram me deixar fascinado com suas propostas. Fort Solis oferece uma boa história, algo que é determinante nesse gênero para motivar o jogador a seguir adiante, o problema é que ela demora a engrenar. Até acredito que a monotonia inicial faz parte da proposta do jogo em abordar o desconhecido, uma vez que os protagonistas não tinham a mínima noção do que estava sendo desenvolvido na instalação de mineração, mas por outro lado ela pode ser relativamente frustrante, já que nos primeiros 30 minutos não vemos nada que realmente cause algum impacto. 
O título alcança o objetivo de transmitir uma experiência cinematográfica profunda e imersiva por meio de sua narrativa. Considerando que se trata de uma produção independente, o jogo entrega um visual realmente impressionante. Fort Solis, por outro lado, deixa um pouco a desejar no gameplay e nos obriga a deslocar lentamente pelos ambientes, fazendo uso de um mapa que muitas vezes não é preciso em apontar a localização do protagonista. É um bom game, mas poderia ser ainda melhor com pequenas mudanças.
Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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