Análise da série Game of Thrones (4ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da terceira temporada de Game of Thrones.
O final da terceira temporada de Game of Thrones foi um duro golpe para a casa Stark: Robb (Richard Madden), sua mãe e todos os seus aliados foram mortos por Walder Frey (David Bradley) e Roose Bolton (Michael McElhatton). O massacre, que ficou conhecido como Casamento Vermelho, havia sido encomendado por Tywin Lenister (Charles Dance), que recompensou Frey e Bolton com títulos e viu a ameaça vinda do norte acabar completamente. Quem assistiu parte dessa tragédia foi Arya (Maisie Williams), que estava sendo levada por Sandor Clegane (Rory McCann) até Robb; o Cão de Caça esperava ganhar uma recompensa ao entregar a garota, porém eles são obrigados a passar mais alguns momentos juntos diante de tudo o que aconteceu. Isso aumenta o sentimento de vingança em Arya, mas ela ainda é incapaz de matar as pessoas que estão na sua lista. O lado positivo é que a dupla entrega ótimas cenas ao longo de sua nova jornada.
Game of Thrones nos pega de surpresa já no começo do seu quarto ano, quando assistimos algo surpreendente acontecer no segundo episódio. Durante a sua festa de casamento com Margaery (Natalie Dormer), o rei Joffrey (Jack Gleeson) morre ao tomar uma taça com vinho envenenado. Pouco antes disso acontecer, a cerimônia estava sendo marcada por um péssimo clima entre Tyrion (Peter Dinklage) e Joffrey, motivo pelo qual o anão passa a ser o principal suspeito do crime. Por razões óbvias, Sansa (Sophie Turner) também se torna suspeita, contudo, ela recebe ajuda de Lorde Baelish (Aidan Gillen) e consegue deixar Porto Real às pressas. Sendo a primeira grande perda sofrida pelos Lannisters, é interessante observar a maneira com que eles lidam com essa situação.
Como era de se esperar, Cersei (Lena Headey) fica descontrolada e quer ver o irmão morto a qualquer custo. Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), por outro lado, está convencido de que Tyrion é inocente e encarrega Brienne (Gwendoline Christie) de encontrar e proteger Sansa, enviando Podrick (Daniel Portman) para ser seu escudeiro. A morte de Joffrey dá origem a um julgamento polêmico, ocasião em que Tywin mais uma vez manifesta desprezo pelo seu filho caçula. Quem passa a desempenhar um papel importante nessa parte da história é Oberyn Martell (Pedro Pascal), que havia ido até Porto Real para a cerimônia de casamento. A sua presença na capital de Westeros também tinha outro propósito: vingar a morte de sua irmã, Elia, que havia sido assassinada por Montanha (Hafþór Júlíus Björnsson) a mando de Tywin. A introdução de Oberyn foi muito bem feita e o seu destino é a síntese de como Game of Thrones pode ser cruel com seus personagens.
Enquanto isso, com o trono de ferro vago, Olenna (Diana Rigg) incentiva Margaery a conquistar Tommen (Dean-Charles Chapman) antes que Cersei coloque coisas na cabeça de seu filho, uma vez que a rainha regente já demonstrou não gostar muito de sua nora. Ao contrário da mãe e de Joffrey, Tommen não parece ser alguém adepto a maldades e insanidades. Olenna também revela a sua neta uma informação importante no quarto capítulo, mostrando o que ela é capaz de fazer para manter seguro aqueles com quem se importa. Fico me perguntando o que acontecerá quando esse segredo for descoberto.
Depois de permitir que homens, mulheres e crianças pudessem viver livremente em Astapor e Yunkai, Daenerys (Emilia Clarke) parte para conquistar Meereen, a terceira grande cidade da Baía dos Escravos. No caminho até a metrópole, ela fica revoltada ao se deparar com 163 crianças crucificadas, todas filhas de escravos. Buscando fazer justiça, logo que consegue assumir o controle da cidade ela manda crucificar a mesma quantidade de nobres. Ciente que precisava se preparar para governar os Sete Reinos, a descendente dos Targaryens começa a receber as pessoas e a ouvir os seus pedidos, tendo também que resolver os problemas que surgem nas regiões que já haviam sido pacificadas. Além disso, Daenerys precisa lidar com uma questão envolvendo Jorah (Iain Glen) e o fato de seus dragões estarem ficando cada vez mais ferozes, causando inclusive problemas na região.
No norte, após passar alguns dias com os selvagens, Jon Snow (Kit Harington) retorna ferido a Muralha e compartilha com seus colegas da Patrulha da Noite o plano de Mance Rayder (Ciarán Hinds) de avançar rumo ao sul com seu exército, o que inevitavelmente resultaria em um ataque à Muralha. O filho bastardo de Ned Stark também passa por uma espécie de audiência, ocasião em que relata o que aconteceu quando esteve além da Muralha. Como a Patrulha da Noite possui um número de pessoas muito menor do que o exército de selvagens, Jon se preocupa em impedir que o outro lado saiba desse importante detalhe e um grupo amotinado na Fortaleza de Craster era a principal ameaça nesse aspecto. Esse mesmo grupo captura Bran (Isaac Hempstead Wright) e seus companheiros e os mantém prisioneiros. Quando Jon ataca o local, Bran quase reencontra seu irmão, mas como ele precisava ir até o corvo de três olhos, seus destinos permanecem separados.
Ainda digerindo a sua derrota na Batalha da Água Negra, Stannis (Stephen Dillane) decide apostar todas as suas fichas em Melisandre (Carice van Houten), afinal, ele sabe do que ela é capaz. Embora não concorde com essa estratégia, Sor Davos (Liam Cunningham) se mantém leal e busca formas de recuperar as forças militares de Stannis; seu papel é fundamental para o evento que assistimos no último episódio da temporada. Ramsay segue mantendo Theon Greyjoy (Alfie Allen) como refém, mas parou de torturá-lo após receber uma bronca de seu pai, Roose Bolton, afinal, eles estavam lidando com o herdeiro das Ilhas de Ferro. Depois de tudo o que passou, Theon ficou tão abalado que recusou ir embora quando Yara (Gemma Whelan), sua irmã, conseguiu executar um plano para resgatá-lo. Outro ponto de destaque do quarto ano de Game of Thrones são as ações do dissimulado Lorde Baelish, que parece estar sempre orquestrando planos. Por trás do seu ato de livrar Sansa de todo o sofrimento que ela estava vivendo, ele tem um desejo carnal pela filha de Catelyn Stark. Conforme descobrimos no quinto episódio, não é de hoje que Mindinho conspira para enganar as pessoas: ele já havia plantado a semente da discórdia entre os Starks e os Lannisters anos atrás, quando falsamente envolveu a família de Tywin na morte do esposo de Lysa (Kate Dickie).
Considerações finais
Diferente dos anos anteriores, que geralmente apresentavam um ritmo mais calmo no começo, o quarto ano de Game of Thrones tem um início agitado com a morte do insuportável Joffrey. Esse fato afeta muitos personagens e desencadeia uma série de consequências que se arrastam por praticamente todos os capítulos subsequentes. Mesmo sendo um duro golpe para os Lannisters, que estavam cada vez mais consolidando o seu poder, a verdade é que pouquíssimas pessoas sentirão falta de Joffrey. Ademais, o excelente desfecho da temporada deixa bem claro que Cersei e sua família terão preocupações maiores daqui para frente.
O desafio de ter um elenco grande é saber lidar com todos os personagens, algo que Game of Thrones novamente soube fazer bem. Com um bom desenvolvimento da trama e reviravoltas impressionantes, no decorrer dos dez episódios vemos o caminho de muitos personagens se cruzarem, por mais que às vezes não haja um encontro direto entre eles. A ambientação e os figurinos estão impecáveis, da mesma forma que a direção e a fotografia seguem sendo um dos destaques positivos da produção. O elenco outra vez entrega ótimas atuações, dentre as quais destaco o belíssimo trabalho desempenhado por Peter Dinklage, que conseguiu transmitir ao público o mix de sentimentos vividos por Tyrion. O mistério acerca dos Caminhantes Brancos permanece, será que veremos um maior desenvolvimento desse arco da história na quinta temporada?
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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