Análise da série Sandman (1ª temporada)
Em 1916, o Dr. John Hathaway (Bill Paterson) vai até a residência de Roderick Burgess (Charles Dance) para tentar trazer seu filho de volta à vida. Como Roderick, que gosta de ser chamado de Magus, também havia recentemente perdido um filho, ambos nutriam um sentimento em comum. Pelo diálogo dos dois personagens dá para perceber que eles já haviam falado sobre isso antes. Hathaway tinha em sua posse um livro de feitiços, o que permitiria que Magus invocasse e aprisionasse a Morte, obrigando-a a cumprir aquilo que eles queriam. Acontece que durante o ritual as coisas não saem exatamente como o esperado, já que eles capturam outro membro dos Perpétuos, o Sonho (Tom Sturridge), que não tinha condições de atender os pedidos de ressurreição.
Também conhecido como Morpheus, o Rei dos Sonhos foi pego no momento em que estava tentando conter o Coríntio (Boyd Holbrook), um pesadelo que havia se rebelado e estava causando mortes no mundo desperto. Ao ser capturado, Morpheus teve o seu elmo, seu saco de areia e um rubi furtados por Magus, objetos que poderiam ser utilizados para aumentar o tempo de vida e manipular outras pessoas. Diante dessa situação, Coríntio age para garantir que o Sonho não encontre uma forma de escapar. As consequências dessas ações imprudentes foram sentidas já no dia seguinte: muitas pessoas que dormiam não conseguiram mais acordar, dando origem a uma epidemia que ficou conhecida como “doença do sono”. Mesmo parecendo um pouco complexo à primeira vista, o começo de Sandman é realmente muito bom e conseguiu fisgar a minha atenção.
106 anos depois, quando o parceiro do filho de Magus apaga um pequeno pedaço do círculo de aprisionamento, Morpheus finalmente encontra uma forma de entrar no sonho de um dos guardas que o vigiava e consegue se libertar. Retornando ao Sonhar, ele encontra seu palácio abandonado e parcialmente destruído. A única que ainda estava lá era a bibliotecária Lucienne (Vivienne Acheampong), que tentou, na medida do possível, manter as coisas em ordem. Como estava muito fraco sem os seus objetos, Sonho realiza um sacrifício para poder entrar em contato com as Graças, um trio de deusas que lhe permite fazer três perguntas. Questionando-as sobre a localização de suas ferramentas, ele obtém respostas não muito claras, mas que lhe davam uma pequena noção de onde começar a procurar.
Inicialmente Morpheus vai atrás do saco de areia, que havia sido vendido em Londres e tinha como último dono uma mulher chamada Johanna Constantine (Jenna Coleman). Para recuperá-lo, o personagem se depara com as consequências do término de um relacionamento digamos que não muito cordial. Nesse processo, fica claro o quão prejudicial os objetos do protagonista podem ser para os humanos. Posteriormente, junto com o seu corvo Matthew (Patton Oswalt), Sonho vai até o inferno atrás do seu elmo, que havia sido dado a um demônio em troca de um amuleto de proteção. Lá, ele descobre que as coisas não seriam tão simples e se vê obrigado a travar uma desafiadora batalha contra o próprio Lúcifer (Gwendoline Christie).
Tendo de volta o elmo e o saco de areia, Morpheus consegue localizar o seu rubi, mas ao pegar a joia ele percebe que ela havia sido modificada, ocasião em que uma pequena explosão acontece. No período em que esteve desacordado, John (David Thewlis), filho de Ethel (Joely Richardson), pega a joia e começa a manipular o sonho de outras pessoas. Anos atrás, quando Roderick tentou interromper a gravidez de Ethel, sua amante, ela fugiu levando consigo todos os itens de Sonho. O rubi era o único que ainda estava com ela e seu filho, mas somente John sabia onde ele estava guardado. A relação existente entre os dois é complexa, razão pela qual John foi internado em uma clínica psiquiátrica.
Quando tudo parecia estar se estabilizando, Sonho descobre que a jovem Rose Walker (Vanesu Samunyai) é um vórtice e representa uma grande ameaça para o Sonhar. Considerado um evento raro, um vórtice acontece quando um mortal passa a ter a habilidade de viajar pelos sonhos dos outros e, em estágios mais avançados, pode até mesmo criar e destruir universos. Bisneta de Unity (Sandra James-Young), que recentemente acordou da doença do sono e tem uma história de vida bem curiosa, Rose está atrás do seu irmão Jed (Eddie Karanja), com quem ela perdeu o contato após a morte de sua mãe. Enquanto Morpheus tenta ajudar Rose a encontrar Jed, Coríntio também se envolve nessa história almejando alcançar algum tipo de vantagem. Aos poucos esse arco vai se tornando cada vez mais interessante, nos revelando detalhes sobre o comportamento de outros integrantes dos Perpétuos.
Considerações finais
Se você, assim como eu, não tiver lido a HQ de Neil Gaiman, a narrativa de Sandman provavelmente vai te surpreender, afinal, a proposta da série é bem diferente daquilo que acostumamos ver em outras produções. Assistir os onze episódios sem conhecer nada desse universo resulta em constantes surpresas e também algumas dúvidas sobre o que está acontecendo. Felizmente o enredo é desenvolvido de uma forma bem didática, esclarecendo para o público o que cada personagem representa na história. É verdade que algumas coisas poderiam ter ficado mais claras, porém gostei do ritmo e da forma dinâmica com que a história caminhou nessa primeira temporada.
Em meio a adaptações recentes de quadrinhos que acabaram não dando muito certo, a presença de Gaiman no cargo de produtor executivo serve como alento. Outro grande acerto foi a escolha do elenco: os atores desempenham atuações impressionantes! Tom Sturridge, que dá vida ao protagonista, se encaixou muito bem no papel e entrega uma grande performance. Outro que merece destaque é Boyd Holbrook, que interpreta o enigmático Coríntio. Para finalizar, não posso deixar de mencionar o belíssimo trabalho da equipe de efeitos especiais, que nos apresenta cenas fascinantes.