Análise do jogo Prince of Persia: The Lost Crown

De plataformas 2D a mundos tridimensionais, Prince of Persia passou por algumas transformações ao longo de sua história. Originalmente desenvolvido pela Broderbund, os direitos da série foram adquiridos em 2001 pela Ubisoft, que havia lançado o último jogo original da franquia em 2010. Depois de um hiato de quase quatorze anos, os jogadores agora têm a oportunidade de vivenciar uma nova aventura nesse universo assumindo o controle de Sargon em Prince of Persia: The Lost Crown.

Sargon faz parte dos Imortais, um grupo de guerreiros de elite liderados por Vahram e responsável pela proteção do Reino da Pérsia. No começo do jogo, encaramos uma batalha contra os Kushans e os feitos brilhantes do protagonista rendem a ele uma faixa real, a mais alta honraria destinada aos combatentes de maior valentia. Após a cerimônia, quando Sargon e seus companheiros estavam em um momento de descontração, eles são surpreendidos com a notícia de que o príncipe Ghassan havia sido sequestrado. Tudo o que se sabe é que Anahita, uma das integrantes dos Imortais, estava envolvida na operação.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, a rainha Thomyris determina que Vahram e os demais partam em direção ao Monte Qaf para tentar localizar seu filho. No passado, antes de ser destruído, o Monte Qaf abrigou uma grande cidadela, onde todo o conhecimento da Pérsia era produzido e estava acessível a todos. O local também é lar do Simurg, o deus do tempo e do conhecimento, embora ele esteja desaparecido há 30 anos. Sem compreender o que estava acontecendo, os Imortais começam a suspeitar que Anahita queria tomar o poder do reino e estava com o príncipe para conseguir abrir a porta do templo e receber a benção de Simurg. Com uma história repleta de surpresas, tudo o que mencionei é apenas a ponta do iceberg.

Andando pelo Monte Qaf, não demora para descobrirmos que o tempo no local apresenta um comportamento estranho. Percorrendo os ambientes, Sargon encontra diversos tipos de inimigos e armadilhas, mas também existem aliados que vivem no local e o ajudarão em sua jornada, lhe fornecendo detalhes importantes sobre o que acontece naquele lugar. No começo, a narrativa de Prince of Persia: The Lost Crown é bem detalhada e nos apresenta uma história bastante interessante, mas durante o desenvolvimento senti que o jogo não manteve esse mesmo padrão. O enredo não é ruim, longe disso, todavia em alguns pontos há oscilações e as coisas não ficam muito claras.

Prince of Persia: The Lost Crown é um título de ação, aventura e plataforma 2D no estilo metroidvania. Além de pular e deslizar, Sargon conta com duas espadas, armas que ele utiliza para derrotar os inimigos, se proteger de alguns tipos de ataques e interagir com o ambiente. À medida que avançamos na história conseguimos outros equipamentos e habilidades, permitindo novos tipos de abordagem durante os combates e oferecendo diferentes formas de se deslocar pelos cenários. Como é comum nesse tipo de game, de início não conseguimos acessar determinados locais, portanto explorar áreas já visitadas costuma ser recompensador. Uma boa forma de lembrar onde os itens inacessíveis estão é utilizar os Fragmentos de Memórias, que cria uma captura de tela e a adiciona no mapa, permitindo que posteriormente encontremos facilmente esses locais, mecânica que não lembro de ter visto em outros metroidvania.

Sempre que causamos danos nos oponentes e aparamos seus ataques acumulamos Athra, uma energia sagrada que pode ser utilizada para ativar até dois tipos de habilidades especiais, chamadas de Brilho do Athra; por outro lado, ao sermos atingidos perdemos parte da energia acumulada. Conforme progredimos, desbloqueamos novas habilidades especiais, que são muito úteis, principalmente nas batalhas contra os chefes. Outro recurso que permite personalização são os amuletos que equipamos no colar de Sargon, proporcionando ao personagem poderes adicionais. Os amuletos podem ser encontrados, adquiridos e melhorados durante a jornada.

Percorrendo as diversas regiões do game iremos encontrar árvores Wak-Wak e pontos de viagem rápida. As árvores Wak-Wak servem para salvar o jogo, recuperar a vida e os equipamentos de Sargon e editar os amuletos e os Brilhos do Athra. Já os pontos de viagem rápida, como o próprio nome sugere, possibilitam que nos desloquemos até partes específicas do Monte Qaf. Durante a exploração podemos encontrar missões secundárias, colecionáveis que nos revelam mais detalhes sobre o passado (alguns com textos bastante longos) e recursos que nos possibilitam adquirir e melhorar os equipamentos do protagonista.

A jogabilidade de Prince of Persia: The Lost Crown se apoia em três pilares: combate, exploração e resolução de quebra-cabeças. O combate é rápido e desafiador, ficando gradativamente mais difícil. Nesse campo, os grandes desafios são as batalhas contra os chefes, tive que repeti-las várias vezes até conseguir superá-las. A exploração se torna cada vez mais diversificada, englobando as novas habilidades do protagonista. Existem trechos de plataforma bem complicados e que não oferecem margem para erros: é necessário executar os movimentos corretos no tempo certo. Já os momentos de quebra-cabeça geralmente envolvem plataformas e alguns deles nos obrigam a executar ações dentro de um tempo determinado.

Se por algum motivo o jogador achar que o nível de dificuldade escolhido no início está muito elevado, é possível alterar algumas definições no menu do game. A opção guiado, por exemplo, indica no mapa onde está localizado o próximo objetivo e quais caminhos estão bloqueados no momento, facilitando a navegação. Também há a opção de ativar assistências para mira e plataforma, o que diminui consideravelmente os desafios. Nas configurações ainda encontramos recursos de acessibilidade, como aumentar a escala dos elementos do HUD e o modo de alto contraste.

No tocante a parte audiovisual, os gráficos me agradaram, já a trilha sonora deixou a desejar. O jogo conta com uma direção artística bonita, cenários bem construídos, detalhados e variados. Cada parte do mapa possui uma pegada diferente e isso fica evidente quando passamos de uma região para outra. Ao longo da aventura nos deparamos com uma vasta variedade de inimigos, animações chamativas e cinemáticas bem trabalhadas nas batalhas contra os chefes. Os elementos sonoros são realmente bons, já a trilha sonora é discreta até demais, o que é uma pena.

Desenvolvido pela Ubisoft Montpellier e lançado em janeiro de 2024, Prince of Persia: The Lost Crown está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series, Xbox One e PC. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox Series com uma cópia que nos foi fornecida pela Ubisoft Brasil.

Considerações finais
Sendo o primeiro título da franquia a adotar o estilo metroidvania, Prince of Persia: The Lost Crown entrega ao jogador uma ótima aventura. Com um grande mapa interligado para explorar e muitos desafios para serem superados, o título facilmente rende mais de vinte horas de gameplay, isso sem considerar os objetivos secundários e os coletáveis. Eu mesmo demorei quase trinta horas para chegar ao fim, e ainda restam partes do mapa que quero explorar melhor. Como se trata de um game desafiador, prepare-se para repetir alguns trechos, principalmente as batalhas contra os chefes.

Diante da introdução apresentada, esperava que o enredo tivesse um melhor desenvolvimento. Em alguns pontos da narrativa faltou uma melhor contextualização, motivo pelo qual achei a história confusa em determinados momentos. De qualquer forma, existem reviravoltas interessantes e o desfecho me agradou. Prince of Persia: The Lost Crown decidiu seguir um caminho diferente dos seus antecessores e obteve sucesso nesse quesito. Com uma jogabilidade fluida e diversos tipos de mecânicas, o game proporciona uma experiência satisfatória e recompensadora.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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