Análise da série Better Call Saul (2ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Better Call Saul
Se fazer o seu nome no mercado sozinho já não fosse um grande desafio, na reta final da primeira temporada de Better Call Saul descobrimos que Jimmy McGill (Bob Odenkirk) é boicotado pelo seu próprio irmão, que deveria lhe dar todo o tipo de apoio. No passado, quando o protagonista passou no exame de ordem, Chuck (Michael McKean) impediu que ele fosse recontratado pela HHM. Se você acha esse tipo de comportamento repugnante, Chuck conseguiu fazer ainda pior: depois de Jimmy descobrir sozinho o caso envolvendo o lar de idosos Sandpiper, Chuck demonstrou boa vontade em ajudá-lo, mas na verdade estava era orquestrando uma forma de impedi-lo de trabalhar no processo. Com o irmão para cuidar e percebendo que se tratava de algo muito grande, Jimmy permite que a HHM assuma o caso.
Se tem alguém que realmente se importa com Jimmy é Kim Wexler (Rhea Seahorn). Quando soube que o Davis & Main trabalharia junto com a HHM no caso Sandpiper, ela liga para o protagonista e informa que o escritório parceiro estava disposto a lhe oferecer uma proposta de emprego, tudo dependia apenas de um encontro entre eles. Jimmy, no entanto, está pensando em abandonar a advocacia, razão pela qual não aceita a oferta. Enquanto tenta convencê-lo a reconsiderar o que lhe foi proposto, Kim estreita a sua relação com Jimmy e até participa de uma de suas falcatruas. O mais engraçado é que ela parece ter gostado do plano que eles criaram para enganar um corretor de ações e beber às suas custas, mas Kim deixa bem claro que isso não pode se tornar algo rotineiro. Refletindo sobre o assunto, o personagem decide dar sequência à sua carreira e se junta ao Davis & Main.
Em um primeiro momento, Jimmy ficou impressionado com todos os benefícios que recebeu, como um carro bom e um apartamento espaçoso, mas sabemos que cumprir regras não é o seu ponto forte. Sua missão era conseguir mais clientes para a ação coletiva contra o lar de idosos, mas ele utiliza métodos que não agradam Cliff (Ed Begley Jr.), seu chefe. Quando Jimmy se mostra insatisfeito com o seu novo emprego e Kim também manifesta o interesse em sair da HHM, o casal decide montar um escritório próprio, porém cada um trabalharia de forma independente. Tomando conhecimento que Kim perdeu o caso Mesa Verde, Jimmy utiliza as suas melhores habilidades para tentar fazer com que ela reassuma a condução do processo. No episódio final, descobrimos que as ações do protagonista podem em breve desencadear consequências.
Preocupado com o futuro de sua neta, Mike (Jonathan Banks) segue se aventurando em novas empreitadas para fazer uma renda extra. Apesar de ter sido dispensado por Pryce (Mark Proksch), Mike decide ajudá-lo ao perceber que ele estava cavando a própria cova ao chamar a polícia para relatar o furto da sua coleção de cartões de beisebol. Sabendo que Nacho (Michael Mando) era o responsável pelo ocorrido, Mike arruma uma forma de resolver a situação entre eles. Como a parte legal ainda estava pendente, Jimmy é contratado para defender Pryce e desviar completamente as suspeitas de que ele era um traficante de drogas.
Mike e Nacho voltam a ter os seus destinos entrelaçados quando o mexicano contrata o ex-policial para executar um serviço: assassinar Tuco Salamanca (Raymond Cruz). Mantendo um negócio de drogas paralelo, Nacho teme que Tuco o mate caso descubra que ele também trabalha de forma independente. Sabendo que essa ação poderia trazer diferentes tipos de consequências, Mike sugere um outro plano para afastar Tuco de Nacho. Essa maior aproximação com cartel mexicano traz de volta alguns rostos conhecidos, como Hector Salamanca (Mark Margolis) e os seus dois sobrinhos gêmeos, além de adicionar um ótimo clima de suspense e tensão na série.
Assim como ocorreu na temporada de estreia, as primeiras cenas do segundo ano de Better Call Saul são ambientadas após os acontecimentos de Breaking Bad. Vemos novamente Saul com sua nova identidade, enquanto ele trabalha na padaria de um shopping. Se por um lado ele tenta ao máximo evitar chamar a atenção, por outro ele deixa uma pequena nota em uma das paredes do estabelecimento: “SG esteve aqui”. Novos detalhes de como está a vida do agora ex-advogado devem ser revelados apenas na terceira temporada. Estou muito curioso para descobrir qual será o destino final do personagem.
Considerações finais
Mesmo apresentando uma proposta completamente diferente, dá para perceber que muita coisa de Breaking Bad marca presença em Better Call Saul. Não estou falando apenas dos personagens, mas também da maneira com que as cenas são construídas, utilizando ângulos de câmeras que proporcionam tomadas bonitas e diferentes daquelas geralmente vistas em outras séries. É um tipo de cuidado que traz uma experiência diferente para quem está assistindo, destacando muitas vezes detalhes que poderiam facilmente passar despercebidos. Realmente me encanta como nada acontece por acaso na atração: por mais simples que algo pareça, podemos ter certeza que aquilo foi mostrado com algum propósito.
Ao mesmo tempo que nos apresenta a história de Jimmy, a série reserva um espaço maior para o desenvolvimento do arco de Mike, o que achei sensacional. O ex-policial sempre chama a atenção quando aparece em cena, fruto do excelente trabalho de Jonathan Banks. Bob Odenkirk e Rhea Seahorn também estão incríveis em seus papéis. Personagens secundários, como Chuck, Nacho e Howard (Patrick Fabian) são melhores trabalhados na segunda temporada e tornam a narrativa de Better Call Saul ainda mais interessante. O final emblemático nos deixa com uma pulga atrás da orelha: o que será que Chuck está planejando fazer?
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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