Análise do jogo Hellblade: Senua’s Sacrifice

Além de ser uma importante mídia de entretenimento, os jogos estão cada vez mais abordando novos temas. Utilizar os games para abordar questões sociais é algo muito interessante, uma vez que a cada jogo assumimos personagens diferentes, que nos colocam em mundos muitas vezes totalmente diferente de nossas vidas, nos proporcionando sensações únicas. Hellblade: Senua’s Sacrifice é um jogo que se encaixa exatamente nesta descrição, tendo inclusive ganhado o prêmio de melhor jogo com impacto social no The Game Awards 2017.

Hellblade é protagonizado por Senua, uma guerreira celta que sofre com psicose severa. A história do jogo gira em torno do sacrifício de Senua em busca de seu amado, Dillion, levando-a a realizar uma jornada até Helheim, o reino dos mortos na mitologia nórdica, governado por Hela. Acredito que esse já seja um bom resumo sobre a narrativa do game, falar mais do que isso pode resultar em spoilers, o que não é o meu objetivo aqui.

Conforme vamos avançado no jogo, descobrimos novos detalhes sobre a história, incluindo um trauma familiar que só piorou a condição vivida por Senua: a luta contra a escuridão. Para uma imersão maior, um headset é essencial! Os efeitos sonoros de Hellblade são incríveis e um tanto perturbadores, mostrando que a Ninja Theory levou a sério o projeto de abordar uma doença mental. Um documentário, disponível no menu do jogo, mostra todo o trabalho de desenvolvimento, que contou com a participação de especialistas no tema e pessoas que sofrem com essa doença.

A progressão no jogo é feita com base na resolução de puzzles e combate. O sistema de puzzles é criativo, mas se torna repetitivo ao longo da jogatina: resume-se basicamente a encontrar no cenário símbolos escondidos para conseguir abrir portões. Existem também puzzles relacionados com ilusão. Já no tocante ao combate, é possível realizar golpes rápidos, ataque pesado, ataque corpo-a-corpo, bloqueio e esquiva. Trata-se de um combate simples, mas extremamente desafiador, principalmente quando você enfrenta vários inimigos ao mesmo tempo. Ao aplicar golpes e esquivas perfeitas, Senua vai preenchendo um medalhão que está preso em sua cintura; utilizando a habilidade de foco, a personagem consegue ficar mais rápida que o tempo padrão, podendo deferir facilmente golpes nos oponentes.

Além dos comandos de ataque, Senua também pode correr e interagir com objetos. A jogabilidade é bem simples e intuitiva. Na tela de gameplay não é mostrado nenhum tipo de informação. Acessando o menu de pausa, há uma lista com os controles gerais e os comandos de combate. Hellblade: Senua’s Sacrifice conta com 44 coletáveis, chamados de sabedorias; ao interagir com estes pontos, histórias da mitologia nórdica são contadas para o jogador.

Por fim, falando da parte gráfica, o jogo é muito bonito, nem parece ser um jogo independente. Assim como o som é um importante elemento de imersão, os ambientes, que por muitas vezes se transformam, tornam a experiência ainda melhor. Os cenários são bem trabalhados, apresentando bons efeitos iluminação. O único problema que eu enfrentei enquanto jogava foi a falta de sincronia de algumas legendas, que as vezes apareciam com alguns segundos de atraso.

Hellblade: Senua’s Sacrifice está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One.

Considerações finais
Abordando uma temática tão pouco explorada pelos meios de entretenimento, Hellblade: Senua’s Sacrifice cumpre com louvor a abordagem de uma doença mental. Trata-se de um projeto muito bem executado, tendo contado com o apoio de neurocientistas, especialistas em saúde mental e portadores de psicose durante o seu desenvolvimento.

Trazendo consigo uma forte carga emocional, a história do jogo vai se tornando cada vez mais interessante conforme o jogador avança. Além de conhecer mais sobre Senua e sua família, é uma oportunidade para ter um breve contato com a mitologia nórdica. Cabe também destacar a excelente atuação de Melina Juergens, que fez captação facial para a protagonista. Os efeitos sonoros de Hellblade são, de longe, o ponto mais alto do jogo, afetando diretamente a parte sensorial do jogador – por isso, jogar com um fone é essencial. No mais, é um jogo obrigatório aqueles que estão dispostos a encarar novas experiências.

Nota
★★★★★ – 5 – Excelente

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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