Análise da série Ozark (1ª temporada)

Marty Byrde (Jason Bateman) e seu amigo Bruce Liddell (Josh Randall) são consultores financeiros em Chicago e há dez anos trabalham lavando dinheiro para o cartel Navarro. O mundo de Marty começa a desmoronar quando, no mesmo dia, ele descobre duas traições: Wendy (Laura Linney), sua esposa, estava tendo um caso extraconjugal com um advogado e Bruce estava desviando parte do dinheiro dos mexicanos em parceria com os motoristas que eram encarregados de fazer o transporte da importância. Como é  de se esperar, essa situação cedo ou tarde seria descoberta pelo cartel e geraria consequências para todos os envolvidos.

Quem fica encarregado de cuidar dos interesses dos mexicanos é Del Rio (Esai Morales), que faz uma visita surpresa e exige saber o que estava acontecendo. O resultado é que todos que participaram da reunião foram mortos, com exceção de Marty, que no desespero para salvar a sua vida e proteger os seus filhos, recorre a um panfleto publicitário para fazer uma promessa que ele não sabia se seria capaz de cumprir. Del Rio compra a ideia que lhe foi oferecida e concede a Marty dois prazos: 48 horas para o pagamento do dinheiro que foi desviado por Bruce, e mais 48 horas para ele e sua família se mudarem para a região do lago de Ozarks, localizado no interior do Missouri, onde o trabalho de lavagem de dinheiro continuaria sendo feito.

Com Del Rio acompanhando cada passo dado por Marty e Wendy, o casal começa uma corrida desesperada para conseguir resolver tudo dentro do período estipulado. Depois de olharem várias casas, a família adquire a propriedade de Buddy Dyker (Harris Yulin), um velho com problemas no coração e que tem, segundo os médicos, expectativa de viver apenas mais um ano. Buddy permanece residindo no porão do imóvel, enquanto os Byrde se instalam no andar de cima. A princípio, acreditei que o velho seria um grande problema para Marty e Wendy, mas ele acabou provando o contrário ao longo da temporada.

O processo de deixar para trás a vida em uma metrópole e passar a morar em um local que sequer tinha vizinhança é encarado de formas diferentes pelos filhos dos protagonistas. A mais velha, Charlotte (Sofia Hublitz), apresenta uma grande resistência com essa brusca transformação, enquanto Jonah (Skylar Gaertner) parece encarar a situação de uma maneira melhor. Wendy decide adotar uma postura franca e conta para seus filhos que Marty está lavando dinheiro para um cartel de drogas mexicano.

Resolvida a questão da residência, Marty agora precisava encontrar um empreendimento para continuar o seu trabalho. Percorrendo os negócios locais, ele consegue fazer uma parceria com a dona da pousada Blue Cat e, posteriormente, adquire um clube de strip-tease e uma funerária. Apesar de aparentar ser um lugar tranquilo, Ozarks reúne uma grande quantidade de pessoas cruéis, que estão dispostas a fazer qualquer coisa para manter seus interesses e patrimônios seguros. A chegada do consultor financeiro mexe com a comunidade local, principalmente pelo fato de ninguém ter conhecimento sobre sua vida. Ademais, os negócios em que Marty se envolve geram consequências imediatas com as quais ele precisará lidar, caso contrário sua passagem pela região será bem breve e sem volta.

Ozark conta também com subtramas muito interessantes, como é o caso de Ruth (Julia Garner) e sua família. Ruth rouba dinheiro de Marty antes dele se mudar definitivamente para a área, mas depois acaba sendo uma de suas principais aliadas (apesar de ter tentado matá-lo), e passa a gerenciar o clube de strip-tease e o que mais fosse necessário. A presença dos fazendeiros Jacob (Peter Mullan) e Darlene Snell (Lisa Emery), donos de grandes terras na região e produtores de heroína, apimentam ainda mais a trama. Como Marty e Wendy conseguirão lidar com todas essas questões? O primeiro passo será superar a infidelidade para, posteriormente, unir a família.

Comparar Ozark com Breaking Bad acaba sendo algo comum, já que nas duas séries os seus protagonistas se envolvem com o mercado de drogas. Há, porém, uma diferença muito grande entre as produções: na atração criada por Vince Gilligan, Walter White era uma pessoa essencial para a operação, enquanto Marty exerce um papel muito mais discreto, podendo ser facilmente substituído por outra pessoa, ou seja, Marty se encontra em um grau de fragilidade muito maior. De resto, Ozark segue o seu próprio caminho e se diferencia bastante de Breaking Bad.

Considerações finais
Criada por Bill Dubuque e Mark Williams, em Ozark acompanhamos a desesperada jornada de alguém que tenta fazer de tudo para evitar que o pior aconteça. Enquanto recomeçam suas vidas, Marty e Wendy enfrentam muitos desafios e precisam lidar com questões morais que definirão os seus destinos. Além dos protagonistas, a série apresenta ótimos personagens secundários, como Ruth e Darlene, fruto do excelente trabalho de todo o elenco. Tudo isso se encaixa muito bem com a narrativa envolvente, aliada a uma paleta de cores frias que contribui para a criação de um tom de mistério e incerteza.

Minha única ressalva é um fato retratado no sétimo episódio: temos uma morte totalmente previsível e, de certa forma, até idiota, que poderia facilmente estar em qualquer filme de comédia, o que acaba destoando de tudo o que foi apresentado anteriormente. De qualquer forma, se trata de um fato isolado e que não compromete a narrativa como um todo. Para finalizar, é legal mencionar que no início de cada capítulo são exibidos símbolos que nos dão pistas sobre fatos que veremos acontecer naquele episódio.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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