Análise da série Narcos (3ª temporada)
Mesmo com o fim da história de Pablo Escobar (Wagner Moura), Narcos decidiu seguir em frente e retratar mais alguns fatos envolvendo a história do narcotráfico colombiano. O foco passou a ser o cartel de Cali, que se tornou o maior produtor de cocaína do mundo após o fim do cartel de Medelín.
Entre os personagens principais, Escobar não é a única ausência. O agente da DEA, Steve Murphy (Boyd Holbrook), também não participa da temporada. Javier Peña (Pedro Pascal) então passa a ser, a princípio, o principal destaque do seriado, sendo agora o responsável por executar as narrações. As ausências, no entanto, são recompensadas com a presença de novos personagens marcantes, dentre os quais destaco Jorge Salcedo (Matias Varela), do qual falarei mais adiante.
Diferente de Pablo, que chefiava sozinho toda a operação de Medelín, o cartel de Cali é liderado por quatro pessoas: os irmãos Gilberto (Damián Alcázar) e Miguel Rodríguez (Francisco Denis), Chepe Santacruz Londoño (Pêpê Rapazote) e Pacho Herrera (Alberto Ammann). Se Pablo buscava o apoio popular para conseguir manter sua operação, Cali segue um caminho diferente, conseguindo influenciar o meio policial e político da Colômbia. Toda a operação é muito bem organizada, assemelhando-se muito à estrutura de uma empresa.
Gilberto Rodríguez é quem comanda o cartel de Cali, preferindo sempre agir de forma pacífica, utilizando do suborno para conseguir o que quer. Apesar de alguns de seus parceiros não concordarem com a forma com que ele lida com certos assuntos, todos são leais às suas decisões. Pensando no futuro e tentando legitimar seus negócios, Gilberto firmou um acordo com o governo para que ele e os três líderes do cartel de Cali se entreguem para as autoridades colombianas no prazo de seis meses. O objetivo do cartel passa a ser então conseguir juntar a maior quantidade de dinheiro possível para poderem manter o padrão de vida após o fim das operações. Acontece que Javier Peña quer prender os chefões do cartel antes do prazo de entrega.
As operações do DEA, no entanto, não serão nada fáceis. Peña passa a trabalhar com dois novos agentes enviados pelos Estados Unidos à Colômbia, Chris Feistl (Michael Stahl-David) e Daniel Van-Ness (Matt Whelan). A dupla de agentes novatos pede para serem transferidos para Cali, passando a acompanhar de perto as operações do cartel. Para lidar com os policiais e autoridades corruptas, será necessário traçar estratégias que consigam pegar todos de surpresa.
Um dos melhores arcos da série é vivido pelo pelo personagem Jorge Salcedo. Ele atua na equipe de segurança de Gilberto e Miguel Rodríguez. Diferente dos demais membros do cartel, Salcedo não anda armado. Enquanto tenta sair desse perigoso mundo, Salcedo acaba ganhando cada vez mais poder e influência dentro da organização. Tentando salvar sua vida e a de sua família, Salcedo entra em contato com os agentes da DEA e começa a passar informações sobre as localizações dos irmãos Rodrigues. Ao longo dos dez episódios, o personagem vive momentos dramáticos e de grande tensão.
Considerações finais
Se a ausência de Wagner Moura gerou algum tipo de desconfiança sobre a qualidade da sequência de Narcos, na prática a produção da Netflix mostra que não é totalmente dependente de Pablo Escobar. Os primeiros capítulos desta terceira temporada podem até não ser muito empolgantes, mas a partir do quarto episódio a história do cartel de Cali torna-se extremamente envolvente.
A construção dos novos personagens é muito bem-feita, o que torna a narrativa da série atraente. Os excelentes momentos de ação mais uma vez marcam presença, assim filmagens dos acontecimentos reais retratados pela produção. A série conseguiu seguir novos rumos mantendo, no geral, o padrão qualidade visto nos anos anteriores. Foi um bom desfecho para a história do narcotráfico na Colômbia.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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