Análise da série Dark (1ª temporada)

Dark é primeira produção original alemã da Netflix. Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese, a série é ambientada na pequena cidade de Winden, cujo principal destaque é a existência de uma usina nuclear que está em processo de desativação. A história tem como pano de fundo a existência de quatro famílias, que acabam tendo seus segredos expostos ao longo dos episódios.

A vida dos moradores de Winden sofre uma profunda mudança quando, em um curto período de tempo, duas crianças misteriosamente desaparecem. O mais intrigante é que há trinta e três anos, uma criança também desapareceu na cidade sem deixar nenhum tipo de rastro. Teriam essas duas histórias algum tipo de ligação? O policial Ulrich Nielsen (Oliver Masucci), que teve o irmão desaparecido em 1986 e agora o filho mais novo, começa a investigar a fundo toda essa história.

Os primeiros episódios da série servem para que conheçamos a história das quatro famílias presentes na produção: os Kahnwald, os Nielsen, os Tiedemann e os Doppler. Nesse momento é normal a sensação de não estar entendendo nada, mas tudo fará sentido nos capítulos seguintes. No começo da série, presenciamos uma cena em que Michael Kahnwald (Born Mikkel Nielsen) comete suicídio. Seu filho, Jonas Kahnwald (Louis Hofmann), não consegue compreender as razões que levaram seu pai a praticar tal ato, razão que o obriga a sair da cidade para procurar assistência médica.

Quando Jonas retorna à Winden, o jovem Erik Obendorf (Paul Radom) estava desaparecido. Diante desse fato, Bartosz Tiedemann (Paul Lux) chama sua namorada, Martha Nielsen (Lisa Vicari), e os amigos Jonas e Magnus Nielsen (Moritz Jahn) para irem até a caverna onde Erik costumava esconder suas drogas. No horário combinado, todos comparecem no local. Como não podia deixar seu irmão mais novo sozinho, Magnus leva Mikkel Nielsen (Daan Lennard Liebrenz) com ele. O grupo, no entanto, é surpreendido por Franziska Doppler (Gina Stiebitz), que chega antes ao local e exige um pagamento pelas drogas. Fenômenos estranhos ocorreram e, durante a fuga dos jovens, Mikkel acaba desaparecendo. A chefe da polícia local, Charlotte Doppler (Karoline Eichhorn), é quem tem o desafio de tentar entender o que está acontecendo na região.


A série ainda conta com várias subtramas sobre as quais não falarei para que o texto não fique muito longo e eu não estrague a experiência de quem ainda não assistiu a série. O roteiro bem elaborado é posto em prática quando a atração começa a retratar acontecimentos do passado: é aqui que a série se torna complexa, principalmente em razão da grande quantidade de personagens existentes. Mesmo com um elenco grande, cada um dos personagens consegue ter a sua importância dentro da narrativa. Em um primeiro contato é difícil fazer assimilações de quem é quem na história, mas com o decorrer dos episódios as coisas vão automaticamente se encaixando. Essa complexidade é que torna Dark extremamente interessante.

A fotografia mais escura e os efeitos sonoros criam um excelente tom de suspense para a trama. O grande destaque de Dark certamente são as viagens no tempo, oportunidade em que a produção aprofunda na história das famílias e de seus personagens. Percebemos claramente que os acontecimentos de 1986 refletem diretamente naquilo que vemos no 2019. Debates científicos e filosóficos sobre tempo e espaço também estão presentes. É um excelente quebra-cabeça para você ir juntando as peças e tentar desvendar o mistério.

Considerações finais
Apesar de algumas comparações com Stranger Things terem surgido na internet, ambas as séries possuem temáticas muito diferentes. Os únicos pontos de convergência é que os dois seriados são do gênero ficção cientifica e têm crianças e jovens como protagonistas. De resto, Dark tem uma pegada muito mais sombria e ousada do que a série estadunidense.

Como é composta apenas de atores alemãs, esta é uma boa oportunidade para termos contato com uma produção audiovisual de um país que não costuma ter produtos desse gênero comercializadas globalmente. Ao longo dos seus dez episódios, percebemos que os atores não apresentam muito carisma, o que julgo ser proposital, encaixando-se muito bem ao tom melancólico da série. O enredo apresentou-se complexo e bem estruturado, apesar de algumas questões ainda não terem sido explicadas. Maiores revelações certamente serão feitas na sua segunda temporada.

Nota
★★★★★ – 5 – Excelente

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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