Análise do jogo The Gardens Between
Você já imaginou o quão vazia seria a nossa vida sem a presença de amigos? A proposta de The Gardens Between é retratar esse sentimento de afeto que desenvolvemos ao nos relacionarmos com outras pessoas. No game, o jogador acompanha as recordações de alguns bonitos momentos de amizade existente entre os vizinhos Arina e Frendt.
O jogo inicia-se com Arina e Frendt brincando em uma casa na árvore durante uma tempestade. Quando uma misteriosa partícula luminosa aparecer no ar e Arina toca nela, os dois amigos são teletransportados para um mundo repleto de pequenas ilhas. Começa-se então uma jornada emotiva que leva os personagens a resgatarem suas memórias e perceberem o quão importante é a amizade por eles desenvolvida.
Diferente daquilo que normalmente vemos nos jogos de puzzle em 3D, em The Gardens Between o jogador não assume o comando dos personagens. Toda a mecânica do game gira em torno do controle do tempo. Por meio dos analógicos do controle o jogador avança e retrocede o tempo, provocando o deslocamento dos personagens pelas ilhas. Os personagens somente se locomovem quando há uma ação do jogador no controle do tempo: avançando o tempo, os personagens andam para frente, retrocedendo eles deslocarão para trás.
Cada um dos protagonistas desempenha um papel ao longo da aventura. Na primeira fase do game, Arina coleta uma lamparina com uma partícula de luz dentro. A partir de então, a garota passa a carregar a lamparina em todos os demais níveis do jogo, só que desta vez vazia. O objetivo de cada fase é conseguir pegar uma nova partícula de luz, levá-la até o ponto mais alto da ilha e colocá-la na plataforma lá existente. Essas partículas são responsáveis por formar uma constelação de memórias. Já Frendt é capaz de tocar os sinos existentes nos percursos das ilhas, que ativam/desativam mecanismos, permitindo ainda em algumas ocasiões que o jogador tenha o controle específico de um objeto do cenário.
O game não possui nenhuma narrativa em texto, toda a história é retratada por elementos audiovisuais, permitindo que o jogador aprecie aquilo que está sendo contado e tire suas próprias conclusões. Com uma proposta minimalista, The Gardens Between vai apresentando suas mecânicas de uma forma bem natural. Os puzzles não são complexos, o que não significa que o jogador entenderá logo de cara o que é necessário fazer. Ao longo dos percursos, muitos serão os obstáculos que tentarão impedir que o jogador atinja o seu objetivo. A única solução é mexer no tempo para encontrar uma saída.
Falando agora do aspecto visual, o game apresenta um estilo cartunesco, com cenários muito bonitos, bem construídos e repletos de detalhes. Cada uma das ilhas possui visual único, sendo pontos marcantes sempre os objetos gigantes nelas presentes. Esses objetos estão diretamente relacionados com a história de Arina e Frendt. A trilha sonora é serena e relaxante, encaixando-se bem à proposta do game.
Desenvolvido pelo estúdio The Voxel Agents, The Gardens Between foi lançado em 2018 e está disponível para Windows, PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch, macOS e iOS. Esta análise foi feita com base na versão para Xbox One.
Considerações finais
Algo que torna os jogos independentes especiais são as diversas formas que os produtores encontram para expressar artisticamente suas ideias, mesmo muitas vezes contando com baixo orçamento e uma equipe pequena de desenvolvedores. The Gardens Between é mais uma experiência indie marcante, tendo sua narrativa centrada na amizade, algo que faz parte da vida de todo ser humano. Com comandos simples, o game apresenta puzzles criativos e uma belíssima direção de arte.
É preciso ressaltar que o jogo é bem curto. Muito embora sempre pensamos na relação “custo x benefício”, a decisão de não alongar muito o game mostrou-se acertada. Explico: como sua mecânica é extremamente simples, uma duração maior poderia resultar em experiência repetitiva e cansativa.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo