Análise da minissérie Alias Grace
Grace Marks (Sarah Gadon) é uma imigrante irlandesa que abandonou seu país junto com seus pais e irmãos por conta de perseguições religiosas. A família escolhe recomeçar a vida no Canadá. Viajando em um navio com condições sanitárias precárias, a mãe de Grace acaba adoecendo e falecendo em alto mar. Ao se estabelecerem no novo país, o pai alcoólatra de Grace coloca nela a responsabilidade de sustentar toda a família. Grace então sai de casa para ir trabalhar. A jovem até tinha intenções de voltar para casa e cuidar de seus irmãos, mas o destino fez com que eles nunca mais se reencontrassem.
Grace começa a trabalhar na casa de uma rica família em Toronto, local onde conhece Mary Whitney (Rebecca Liddiard), de quem se torna muito amiga. Mary Whitney era uma mulher ligada nos acontecimentos políticos, sendo apoiadora de uma rebelião contra a nobreza local. É Mary que convence Grace a não enviar seu salário para seu pai, argumentando que ele gastaria tudo com bebidas.
Ao receber uma proposta de emprego melhor de Nancy Montgomery (Anna Paquin), Grace acaba se mudando para a fazenda de Thomas Kinnear (Paul Gross). Nancy era a governanta da fazenda e mantinha um relacionamento amoroso com seu patrão. Na fazenda também trabalhava James McDermott (Kerr Logan), que cuidava dos serviços mais pesados. Grace e McDermott são acusados e condenados à pena de morte pelo assassinato de Thomas Kinnear e Nancy Montgomery. Grace, porém, consegue a clemência do júri e passa a cumprir a pena de prisão perpétua na Penitenciária de Kingston.
Já estando presa há quinze anos e desempenhando um bom comportamento, a jovem passa a trabalhar durante o dia na casa do governador, onde desempenha tarefas domésticas. Tendo ficado famosa pelo caso em que foi condenada, as pessoas ficam sempre de olho e curiosas em conhecer Grace. A própria Grace estranha a “fama” que foi por ela alcançada.
Um grupo de pessoas que queriam ver Grace perdoada contratam o Dr. Simon Jordan (Edward Holcroft) na esperança de que um relatório seu pudesse libertá-la. O médico então se reúne várias vezes com Grace com o intuito de conhecer o seu lado da história, desde a sua chegada ao Canadá até a morte de Nancy e do Sr. Kinnear. Nesse momento, a minissérie nos faz questionar até que ponto Grace está sendo realmente sincera durante suas confissões. Teria a jovem algum transtorno mental?
Considerações finais
Alias Grace é uma minissérie canadense exibida originalmente pelo canal CBC. A produção é baseada no livro homônimo (no Brasil, Vulgo Grace), escrito por Margaret Atwood, a mesma autora de O Conto da Aia, obra que também deu origem a uma série (The Handmaid’s Tale) na plataforma de streaming Hulu. A história é baseada em um caso real acontecido no Canadá durante o século XIX. Apresentando a forma com que as mulheres eram tratadas naquela época, a atração também aborda temas como xenofobia, aborto, assédio e luta de classes.
Contando com seis episódios, com duração aproximada de 45 minutos, a minissérie é muito bem produzida, apresentando uma ótima fotografia e iluminação. A caracterização da época é impecável, desde os cenários até os figurinos. A atriz Sarah Gadon desempenha um excelente trabalho ao dar vida a protagonista da história. Enquanto apresenta um desenvolvimento mais lento em alguns episódios, o final, ao contrário, foi feito de uma forma bem mais rápida (talvez aqui valesse a pena mais alguns minutos…). Ainda assim, o desfecho é muito bom. Uma dúvida fica no ar em razão de uma fala Grace ao ver uma foto do personagem Jeremiah the Peddler (Zachary Levi) em um jornal.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo