Múltiplas plataformas de streaming: estamos voltando ao tempo da TV a cabo?
A Netflix definitivamente mudou a forma com que consumimos séries e filmes. Pagar um preço absurdo em pacotes de TV com centenas de canais, dos quais não assistimos 90%, entrou para o passado graças a Netflix, que reuniu em um único lugar coisas que você gostaria de assistir por um preço relativamente baixo. Passados alguns anos, estamos prestes a ver mais uma profunda mudança no mercado.
Há alguns anos, quando a Netflix já estava estabelecida, muitas das coisas que você gostaria de assistir estavam lá. Não era mais necessário uma TV por assinatura para ter acesso a certos tipos de conteúdo. Ao ver o sucesso que a Netflix está obtendo com este formato, várias empresas começaram a retirar seus filmes e séries de seu catálogo para disponibilizá-los em suas próprias plataformas.
Como se isto não bastasse, a Amazon também decidiu entrar neste mercado, criando diversos filmes e séries originais e disputando com a Netflix a exibição de conteúdos de terceiros. Por aqui, a série Supernatural é um exemplo que acabou deixando a Netflix e entrou para o catálogo da Amazon. Nos Estados Unidos, uma união da The Walt Disney Company com a Comcast deu origem a outro grande concorrente, o Hulu, serviço que lá abriga séries de sucesso de duas grandes emissoras dos EUA, ABC e NBC, além de também contar com conteúdo original.
As emissoras de TV a cabo também não ficaram imóveis. A HBO criou o HBO GO, permitindo que pessoas do mundo todo possam ter acesso aos conteúdos exibidos pelo canal estadunidense. Somente por lá você pode assistir sucessos como Game of Thornes, Chernobyl, The Sopranos, Westworld, dentre outros.
Outro problema assola a Netflix é demora na disponibilização de novas temporadas de séries exibidas por outras emissoras. No Brasil, parte disso se deve ao fato dos direitos de transmissão no país pertencerem a outras empresas. Um exemplo é The Flash, que está indo para sua sexta temporada, mas somente as quatro primeiras estão na Netflix.
Vendo a movimentação de outras companhias no mercado, a Netflix começou a investir pesado na produção de conteúdos originais, além de comprar os direitos de séries de sucesso produzir suas constinuações (como La Casa de Papel e Lucifer). A grande oferta de conteúdo original, no entanto não vem sendo sinônimo de qualidade: recentemente a Netflix tem cada vez menos acertado com seus filmes e séries, o que vem irritando seus assinantes. Cancelamentos também vêm rendendo abaixo-assinados na internet.
Atualmente, para assistir as séries mais populares, no Brasil é necessário ter assinatura dos serviços HBO GO, Prime Video, Netflix, Globoplay e FOX Premium, sendo que este último exige assinatura de um pacote de TV. A próxima grande plataforma que chegará ao país é o Disney+, que trará originais como o remake de Esqueceram de Mim, séries ambientadas no universo Marvel e StarWars, e também os filmes da Disney+, que serão adicionados ao catálogo assim que sair dos cinemas. É esperado que o serviço seja lançado por aqui no próximo ano.
Pensa que acabou? AT&T, dona do conglomerado WarnerMedia, também está criando um novo serviço, chamado HBO Max, que incluirá conteúdo da DC Comics, The CW (The Flash, Arrow) Looney Tunes, Crunchyroll (diversos animes), New Line (IT, Annabelle, Invocação do Mal), dentre muitos outros. A chegada do HBO Max no Brasil por enquanto é incerta, já que a fusão entre a AT&T e WarnerMedia ainda não foi aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No Brasil, a Lei 12.485/2011 impede que uma controladora de telecomunicações também seja dona de uma produtora de conteúdo ou vice-versa. Por aqui, a AT&T é dona da Sky, enquanto a Warner é proprietária de canais como HBO e TNT.
Com toda essa fragmentação de mercado, estamos vendo um movimento semelhante aos das TVs por assinatura, onde o usuário tem que adquirir vários pacotes para poder ter acesso a todo o conteúdo disponível. Se o preço baixo em relação a TV a cabo era o principal atrativo das plataformas de streaming, isso pode não ser realidade no futuro… A competição sempre é boa para o mercado, mas uma quantidade muito grande de oferta desse tipo de serviço possivelmente contribuirá para o aumento da pirataria, afinal, quantos brasileiros terão a capacidade de arcar dois ou mais serviços desse gênero?