Análise da série Lost (6ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da quinta temporada de Lost.
Seguindo a teoria de Daniel (Jeremy Davies), no final da quinta temporada os sobreviventes decidiram jogar uma bomba de hidrogênio no local da construção da estação Cisne. No exato momento em que a broca perfura a fonte de energia existente no local, Jack (Matthew Fox) jogou a bomba no buraco, mas ela acabou não detonando. De repente, tudo o que é feito de metal começa a ser puxado para dentro do buraco, momento em que uma corrente de ferro embaraça na cintura de Juliet (Elizabeth Mitchell) e a arrasta para o interior da perfuração. Lá em baixo, ao perceber que a bomba não havia sido detonada, Juliet tenta acioná-la batendo com uma pedra em sua estrutura. Também na quinta temporada, Ben (Michael Emerson) matou Jacob (Mark Pellegrino) a mando de Locke (Terry O’Quinn).

A sexta temporada inicia mostrando uma realidade paralela em que o voo 815 da Oceanic Airlines não caiu na ilha e chegou normalmente até o seu destino, Los Angeles. Ao longo de toda a última temporada, a série intercala cenas da ilha com a vida dos protagonistas nesse outro plano. Toda essa questão está diretamente relacionada com o desfecho da atração: só vamos realmente entender o que isso representa no episódio final. Este é apenas mais um dos enigmas criados pela série.

Outro ponto marcante do último ano de Lost é a presença de Locke. Como você bem deve lembrar, Locke foi morto por Ben, nos Estados Unidos, quando estava tentando convencer os sobreviventes a voltar para a ilha. Quando todos retornam, Locke aparece misteriosamente vivo no local. Seria este mais um milagre ocorrido na ilha? Não! Aquele que vemos não é Locke, e sim a fumaça negra. Ela basicamente escolheu a fisionomia de Locke para tentar cumprir seu antigo desejo de deixar o local. No primeiro episódio da temporada, o corpo de Locke é mostrado no caixão, deixando bem claro que ele não havia ressuscitado.


Quando todos tinham pensado que Juliet havia morrido, ela aparece viva no meio dos escombros (reacendendo nossas esperanças), mas morre instantes depois, enquanto tentava contar algo importante para Sawyer (Josh Holloway). Outro que precisa de ajuda é Sayid (Naveen Andrews), que está gravemente ferido. Depois de Jacob aparecer para Hurley (Jorge Garcia) e lhe passar uma mensagem, Sayid é levado até um local conhecido como tempo. Lá, coisas estranhas acontecem e Sayid é curado, ainda que não fique 100% normal. Esse foi um dos pontos negativos dessa temporada: inseriram a comunidade que habitava o templo, mas ela pouco contribui para o desfecho de Lost.

Em outra parte da ilha, Ilana Verdansky (Zuleikha Robinson), com o restante do que sobrou dos sobreviventes do voo 316 da Ajira, continua sua missão. Como vimos na temporada passada, Ilana foi escolhida por Jacob para fazer algo específico no local. O motivo pelo qual ela estava na ilha é revelado durante os episódios. Outra figura marcante que também chega à ilha é Charles Widmore (Alan Dale). Com tanta gente com interesses e teorias sobre o local, fica até difícil de saber quem está dizendo a verdade.

Ao desaparecer na floresta, durante a quarta temporada, Claire (Emilie de Ravin) não tinha mais sido vista. Depois de ter passado um longo período sozinha, a personagem retorna agora e apresenta uma personalidade totalmente diferente. Como a única “pessoa” que “cuidou” dela foi a fumaça negra, Claire é muito fiel a ela. Seu único desejo é recuperar o seu filho. Coincidentemente, o novo comportamento de Claire lembra muito Russeau.


Dois episódios são muito marcantes na sexta temporada e merecem um destaque especial. O primeiro deles é “Ab Aeterno”, que mostra o passado de Richard (Nestor Carbonell) e os mistérios envolvendo a sua imortalidade. O outro é “Across the Sea”, momento em que conhecemos a história de Jacob, a sua relação com a ilha e com a misteriosa fumaça negra. Esses capítulos são essenciais para compreendermos alguns dos maiores mistérios criados pela atração.

Sem dar nenhum tipo de spoiler, vou fazer uma breve ponderação sobre o polêmico final da série. Eu demorei muito tempo para ver Lost em razão de vários comentários negativos sobre o seu desfecho. Toda a polêmica começou em 2010, quando a série foi encerrada. De lá para cá, muitas são as teorias que tentam explicar o desfecho da atração. Em uma primeira vista, as coisas realmente parecem bem confusas, mas basta prestar atenção no diálogo final para entender o que realmente aconteceu com os personagens. Por mais que haja críticas, a conclusão da trama não fugiu da proposta de Lost. Vale lembrar que John Locke sempre foi um personagem de muita fé e acabou, até mesmo, despertando uma crença em Jack. A narrativa da série se tornou tão complexa que é compreensível a escolha dos roteiristas por esse tipo de desfecho.

Considerações finais
A última temporada de Lost está longe de ser a melhor. Mesmo tendo apresentado respostas para várias questões, o encerramento da atração deixou muitas pontas soltas (algumas não tão importantes, é verdade, mas existem outras que mereciam uma explicação). Como mencionei anteriormente, ao longo dos seis anos a história foi ficando muito complexa e os roteiristas parecem ter perdido o controle de certos pontos da narrativa. Apesar dessa falha, vale elogiar a coragem da produção em apresentar grandes mudanças na história durante o seu desenvolvimento. Mesmo com a nítida queda de qualidade, o seriado ainda conseguiu surpreender o seu público e deixar aquela pulga atrás da orelha para saber o que iria acontecer na sequência.

Lost sempre foi centrada em seus personagens: é difícil ver uma série com tantos protagonistas conseguir desenvolver tão bem todos eles. Esse talvez seja o maior mérito da atração criada por Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof. Para conseguir fazer isso, flashbacks e flashforwards foram elementos marcantes na forma de conduzir a trama. Na temporada de despedida, ainda temos alguns flashbacks, mas o grande destaque em termos narrativos são os flashsideways, mostrando uma realidade alternativa dos personagens. Terminando de assistir a série nove anos após o seu encerramento, posso dizer que, apesar dos problemas e pontas soltas no roteiro, foi sim uma boa jornada acompanhar essa misteriosa história. Dá para entender porque a série ganhou tanta fama e deixou o seu marco na TV.

Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom


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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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