Análise do jogo RiME

Depois de uma forte tempestade, um gato acorda na praia de uma misteriosa ilha. Sem nenhum tipo de informação, o jogador assume o controle do personagem e tem todo o ambiente livre para ser explorado. Obviamente nem tudo é acessível de cara, mas o jogo te dá uma grande liberdade para descobrir seus segredos que estão escondidos nos pequenos cantos do mapa. Andando pela área, um feixe de luz, visível à grandes distâncias, chama a atenção. Mesmo que não haja nenhuma informação textual indicando que o jogador deve ir até lá, nossa curiosidade automaticamente faz com que nos dirijamos ao local. Assim se inicia esta intrigante jornada.

Se em um primeiro momento são as luzes que indicam onde o jogador deve ir, boa parte do restante da aventura é guiada por uma simpática raposinha. Enquanto se explora o ambiente, o animal fica parado em uma parte do mapa, latindo para chamar a atenção do jogador. Ao se aproximar dela, o animal se desloca, indicando qual é o caminho que deve ser seguido. Além da raposa, uma misteriosa pessoa vestida com um casaco vermelho, que aparece de forma corriqueira, também indica pontos de interesse do game.

O game tem uma arte cartunesca muito bonita, com ambientes bem construídos e detalhados. RiME conta com várias áreas, cada uma delas apresentando suas características e estilos próprios. A surpresa foi a presença de ambientes aquáticos no mar, onde é preciso mergulhar fundo e fazer uso de bolhas de oxigênio para continuar progredindo. A trilha sonora é excelente, combinando perfeitamente com a proposta do game.

Além da beleza, o estilo artístico do game tem um papel fundamental na progressão da aventura em razão da paleta de cores adotada pelos desenvolvedores. Graças as cores empregadas, o laranja da raposa e o casaco vermelho do personagem misterioso são facilmente avistados pelo jogador. Estruturas em dourado e esferas e pequenas estátuas esverdeadas indicam os quebra-cabeças para serem resolvidos. São esses pequenos detalhes acabam fazendo uma grande diferença dentro do game e tornam a experiência com RiME tão agradável.

A maioria dos segredos do game estão escondidos nos cantos do mapa, razão pela qual, a cada nova área descoberta, o jogador deve andar bem pelo local se quiser aproveitar a experiência por completo. Como não se trata de uma narrativa convencional, grande parte de história é contada em pequenos detalhes, como as oito fechaduras que estão espalhadas pelos mapas do game. Cada fechadura guarda uma imagem que ajuda o jogador a compreender o universo em que o protagonista está inserido. Além das fechaduras, as pinturas nas paredes também dão sua contribuição para retratar história. Como colecionáveis, temos brinquedos para serem coletados e emblemas para serem reconstruídos, canções de conchas e trajes para serem recolhidos.

RiME é uma aventura de exploração e resolução de puzzles. O game não apresenta grandes dificuldades nem pune o jogador por tomar decisões “erradas”. Se por acaso você pular de um lugar muito alto ou for pego por um grande pássaro durante uma parte da história, o jogo vai recarregar e deixar o personagem no exato momento anterior ao que o jogador praticou sua última ação. Tudo funciona como um checkpoint instantâneo. Como não há telas de carregamento, a recarga do game é feita em uma fração de segundos, enquanto uma breve tela preta e exibida. O único loading que o jogador enfrentará é o momento em que está entrando no jogo, momentos que, aí sim, o carregamento pode demorar mais do que o esperado.

Em termos de jogabilidade, não há nenhum tipo de combate no game. Além das movimentações básicas de locomoção, o personagem pode nadar e mergulhar, pular, interagir e arrastar objetos, e gritar/cantar. São comandos bem simples e de fácil compreensão. Com relação aos puzzles, não há grandes dificuldades em suas realizações. Como não há uma explicação direta, o maior desafio concentra-se em descobrir o que é necessário fazer para avançar. A maioria dos quebra-cabeças são resolvidos na base de tentativa e erro. A maioria deles envolve o deslocamento de objetos e visão em perspectiva. Existem também momentos de plataformas, onde a movimentação imprecisa acaba dificultando um pouco.

O grande problema de RiME está na sua otimização. Ao longo da jogatina, pude facilmente perceber a queda de quadros enquanto movia a câmera em diversos ambientes. Apesar do problema se mostrar mais constante do que o desejado, a queda de FPS não chega a interferir ou prejudicar a progressão do jogador, o que é bom. Ainda assim, é algo que certamente incomodará jogadores mais exigentes.

Desenvolvido pelo estúdio espanhol Tequila Works e lançado em 2017, RiME está disponível para Windows, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Esta análise foi redigida com base na versão do Xbox One.

Considerações finais
RiME é uma aventura de exploração e resolução de puzzles. Sem ter sua história contada no modo convencional, o jogador deve andar por uma misteriosa ilha em busca de respostas. O universo do jogo, em seus mínimos detalhes, guia o jogador ao longo de sua misteriosa jornada. É um jogo sobre descobrir o desconhecido.

Com boa jogabilidade (ainda que nos momentos de plataforma ela não se mostre tão precisa assim), um visual bonito e trilha sonora espetacular, este é mais um título indie que merece a atenção dos jogadores. Certamente não é um jogo para todos, mas aqueles que estão em busca de novas experiências devem dar uma chance para o título da Tequila Works. O principal problema do game é a sua otimização, que provoca quedas de FPS durante o gameplay: isso é algo que pode incomodar alguns jogadores, mas não chega a comprometer a experiência final com o game.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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