Análise do jogo The Outer Worlds

Uma nave transportava diversas pessoas que seriam acordadas de um longo sono quando chegassem em seu novo lar. Algumas complicações acontecem e a nave acabou nunca chegando ao seu destino. Em razão disso, todos ficaram presos em seus sonos. As coisas começam a mudar quando você, o protagonista do game, é acordado por Phineas e recebe a missão de conseguir salvar aqueles que ainda estão em sono criogênico.

Antes de chegar em terra, Phineas lhe avisa que alguém experiente estará te esperando para facilitar sua jornada, mas sua capsula acaba por esmaga-lo. Você então fica sozinho em um planeta desconhecido e logo começa a sentir as sequelas por ter ficado tanto tempo adormecido. O objetivo é arrumar uma forma de conseguir acesso à nave do capitão que iria lhe ajudar, e, para isso, será necessário concluir algumas tarefas na cidade de Pontágua.

Chegando em Pontágua o mundo é todo do jogador: você pode simplesmente ignorar as missões principais e explorar o que o planeta tem a oferecer, mas saiba que existirão locais que você só conseguirá acessar após uma certa progressão na campanha. Mesmo que o mundo não seja completamente aberto, tarefas são o que não faltam em The Outer Worlds. Ao explorar ambiente e conversar com NPCs, muitas missões irão surgindo. Enquanto você está concluindo essas missões secundárias, outras vão aparecendo e você tem que decidir se irá ou não aceitá-las. Boa parte dessas missões são muito interessantes e garantem grandes momentos.

Em meu tempo jogando The Outer Worlds eu segui a filosofia de “quanto mais melhor” e fui aceitando todas as missões que os NPCs me ofereciam; algumas delas se estenderam, gerando uma rede de missões para aquele ou aqueles personagens. Fazer missões no game pode ser um tanto recompensador por lhe dar dinheiro e experiência, além de proporcionar momentos muito interessantes de combate e de diálogos.

O game apresenta algumas armas corpo a corpo e outras de fogo, proporcionando diversos tipos de jogabilidade. Mesmo com essas possibilidades, você pode optar por adotar uma abordagem furtiva, evitando a maioria dos combates ou gastando seus pontos na lábia. Para evitar confrontos conversando, é sempre bom ter um dinheirinho para um suborno, caso seja necessário. Existe ainda uma mecânica que lhe possibilita parar o tempo, facilitando a mira e te dá a opção de incapacitar, nocautear, cegar e até mesmo executar seu inimigo. Tal recurso não é simplesmente jogado no game, ele tem uma razão. Se lembra das sequelas do sono criogênico que eu comentei? E de lá que surge tal poder.

Mesmo após a conclusão da campanha, o poder de escolha absurdo que o jogo oferece provavelmente fará com que você queira passar mais algum tempo naquele mundo. Temos as clássicas escolhas morais, onde devemos optar por ajudar um grupo X ou Y de pessoas. A opção feita pelo jogador pode desencadear diversas novas missões secundárias únicas. Para saber o que aconteceria caso tivesse feito a outra escolha, o jogador terá de jogar novamente o game. Além disso, também existem escolhas menores que, mesmo não influenciando tanto no game, o jogador pode se interessar em repeti-las para descobrir as novas possibilidades de diálogo ou combate que podem eventualmente surgir.

Outro fator que pode impulsionar sua vontade de jogar novamente The Outer Worlds são as mudanças causadas pela morte de NPCs. Todos os NPCs do jogo podem ser mortos por você, incluindo os personagens centrais. Isso significa que você pode acabar perdendo missões importantes ou dificultando a sua vida ao sacrificar algum personagem que poderia te ajudar no futuro. Ao mesmo tempo, as vezes matar um NPC e rouba-lo é a opção absolutamente mais simples. Durante minhas jogatinas em The Outer Worlds, eu aproveitei muito essa funcionalidade e acabei matando vários personagens para evitar maiores confrontos. Já na minha segunda jornada, eu segui um rumo mais heroico e, com isso, conheci diversas novas missões e também tive muito mais trabalho.

Durante o game, você encontrará alguns companheiros. Você pode recrutar vários deles, sendo que cada um tem personalidade e missões únicas. Eles também podem acabar lhe pedindo ajuda e cabe a você, mais uma vez, escolher o que fazer. Saiba que ao rejeitar missões como essas, além de estar diminuindo suas horas de jogo você também pode perder grandes momentos. Enquanto jogava, me deparei com uma situação muito interessante, em que um personagem específico está desabafando comigo em um bar. Eu tinha diversas opções para conforta-lo ou poderia simplesmente dizer que só estava ali para beber cachaça. Diálogos como este deixam o jogo mais humano e geram situações bem legais e descontraídas.

Graças ao ótimo trabalho do estúdio em criar uma distopia capitalista onde as grandes corporações dominaram tudo, é sempre bom explorar e conhecer este universo completamente louco. A ambientação dos diferentes mundos de The Outer Worlds é impressionante. Personagens sem nenhuma relevância foram colocados em lugares onde você pode nem sequer vê-los, mas se encontra com eles você certamente ouvirá absurdos sobre este universo. Isso se aplica a todos os planetas do jogo, sendo que cada um deles é bem diferente um do outro, o que gera diálogos e situações completamente diferentes (que o faz questionar como as coisas chegaram a esse ponto). A trilha sonora tem músicas marcantes e combinam muito com a proposta do jogo, nos fazendo se sentir em um legítimo universo de ficção científica.

Mesmo que The Outer Worlds seja o tipo de jogo que te influencia a joga-lo mais de uma vez, no geral o game entrega uma experiência curta. Mesmo realizando diversas missões secundárias de companheiros, facções e algumas tarefas mais simples, a campanha principal em si pode ser concluída em um tempo consideravelmente curto (aproximadamente 13 horas). Claro que em algumas situações a melhor opção é parar um pouco a história e se concentrar nas missões mais simples. para evoluir no jogo e conseguir concluir as missões principais com maior facilidade. Isso, no entanto, não muda o fato da história principal ser pequena.

Acontece que sair por aí explorando o mundo do jogo e conhecendo as cidades não é uma tarefa simples. O principal motivo não são as criaturas ou os inimigos, mas sim os loadings absurdamente longos do jogo. Entrar e sair de uma cidade exige que você passe por telas de carregamento que, com o tempo, vão te irritando, principalmente quando você está fazendo algo que exige que você saia entre em alguma cidade ou na sua própria nave várias vezes; em todos esses momentos você irá passar por uma imensa tela de carregamento que em algumas vezes parece não ter fim.

Quando o assunto são os problemas, é impossível esquecer as legendas extremamente pequenas do game. Como se trata de um jogo com grande foco em diálogos, legendas pequenas e difíceis de ler podem desanimar alguns jogadores a seguirem adiante. Há também problemas de otimização: quedas de frames e bugs na renderização foram constantes em minhas jogatinas.

Desenvolvido pela Obsidian Entertainment, The Outer Worlds está disponível para Windows, PlayStation 4 e Xbox One. Uma versão para Nintendo Switch está programada para 2020. Esta análise foi feita com base na versão para Xbox One.

Considerações finais
Com uma ambientação bonita e variada, The Outer Worlds é um RPG caprichado, um prato cheio para aqueles que buscam um jogo com profundidade em seus diálogos e personagens. Apresentando uma variedade de gameplay, o jogo permite que o jogador avance da forma com que ele bem entender, ainda que suas ações comprometam sua progressão na história. As escolhas ditam tudo no jogo, incluindo a dificuldade que você encontrará para finalizá-lo: como qualquer NPC pode ser morto, se você resolver tirar a vida de um personagem ligado a história principal, o desafio para chegar até o seu final certamente será maior.

Como cada escolha gera uma consequência, isso aumenta o valor de replay: se você quiser conhecer o outro lado na história, será necessário iniciar um novo jogo. Mesmo contando com muitas atividades secundárias, é preciso dizer que The Outer Worlds possui uma campanha principal pequena. A má otimização e telas demoradas de carregamento são os principais pontos negativos do game. Mesmo com esses problemas, a Obsidian entregou um grande RPG que certamente lhe renderá boas horas de diversão.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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