Análise da série Bates Motel (5ª temporada)
Depois de quatro temporadas, a história de Norman (Freddie Highmore) foi concluída na quinta e última temporada de Bates Motel. Se criar um passado para Norman Bates já foi uma ação ousada, os produtores foram além na despedida da série e resolveram prestar uma homenagem para o filme Psicose (1960), de Alfred Hitchcock, fazendo uma releitura de alguns de seus principais acontecimentos. A forma com que a morte de Norma (Vera Farmiga) aconteceu na temporada passada já era um indício de não haveria uma reprodução literal do filme.
A história aqui se passa dois anos depois dos eventos da quarta temporada. Agora sozinho, Norman gerencia o motel e preenche o vazio deixado por sua mãe criando em sua mente uma própria versão de Norma: ele enxerga a mãe dentro de casa, efetuando as mais diversas tarefas domésticas, e interage com ela como se nada tivesse acontecido. Como Norman parou de tomar seus remédios, seus apagões se tornam mais constantes do que nunca, momentos em que ele é completamente dominado pela personalidade de sua “mãe”.
A vida de outros importantes personagens da trama também passaram por mudanças. Dylan (Max Thieriot) se casou com Emma (Olivia Cooke) e teve uma filha com ela. Tendo se afastado completamente de seu irmão, Dylan nem mesmo sabe que sua mãe morreu. Já Romero (Nestor Carbonell) está cumprindo pena em um presídio depois de ter mentido sobre o seu relacionamento com Rebecca. Revoltado com o que aconteceu com Norma, Romero contratou um matador de aluguel para dar um fim em Norman. Como as coisas não saíram como ele esperava, ao longo da temporada ele mesmo tentará encontrar uma forma de pessoalmente se vingar.
Novos personagens foram adicionados na despedida da série. Como Romero preso, Jane (Brooke Smith) é quem assume as investigações dos desaparecimentos e assassinatos em White Pine Bay. Madeleine Loomis (Isabelle McNally), que gerencia uma loja de ferramentas na cidade, logo se torna amiga de Norman. Sua aparência física é muito semelhante a de Norma, fazendo com que Norman fique confuso. Madeleine é casada com Sam Loomis (Austin Nichols), personagem conhecido de Psicose. Sam mantém um relacionamento extraconjugal com Marion Crane, outra personagem marcante do filme de Hitchcock, aqui vivida pela cantora Rihanna.
Assim que esses personagens surgiram, a história da série ficou bem próxima daquela vista no filme. Mas ao contrário do remake de 1998, os criadores de Bates Motel ousaram em fazer diferente. Referências a Psicose estavam por todos os lados, mas os eventos retratados na série seguiram um rumo diferente. Na hora em que Marion estava tomando banho, um close proposital no chuveiro era um claro indício da clássica cena do filme, todavia a vítima de Norman aqui foi alterada. Isso certamente não é um consenso entre o público da série que também viu o filme, mas eu confesso que gostei muito do fator imprevisibilidade. Além de não terem precisado copiar a cena em questão para prestar uma homenagem ao longa de 1960, os criadores ainda conseguiram fazer algo que se encaixou perfeitamente na narrativa por eles criada.
O ponto fraco desta temporada está mais uma vez nas tramas secundárias. Os eventos envolvendo os novos personagens não são ruins, mas percebe-se claramente que eles não mantêm o mesmo nível da história principal. A conclusão da história foi muito bem elaborada, mas algumas pontas soltas envolvendo Caleb (Kenny Johnson) e Chick (Ryan Hurst) ainda permaneceram. São pequenos detalhes que, com poucos segundos, poderiam ter sido explicados ou esclarecidos. As fitas de Chick e o livro que ele estava escrevendo certamente possuíam um conteúdo no mínimo interessante.
Considerações finais
Com sua quinta temporada, Bates Motel termina a sua missão de contar a história do instável Norman Bates, que está mais descontrolado do que nunca. Apesar dos pequenos deslizes comentados anteriormente, a série foi muito bem conduzida em seu último ano. As inúmeras referências a Psicose e a coragem em inovar uma história tão clássica são pontos marcantes do desfecho da atração, que ainda entregou um final poético para seu público.
A parte técnica se manteve impecável: a fotografia muito bem trabalhada e as várias tomadas de câmera em uma mesma cena entregam momentos memoráveis do primeiro ao último episódio. Ao contrário dos anos anteriores, a quinta temporada apresenta um maior grau de tensão, o que foi ótimo para o atual momento vivido por Norman. As atuações impecáveis de Freddie Highmore, Vera Farmiga e Nestor Carbonell, os grandes destaques da despedida de Bates Motel, acrescentaram ainda mais valor para a série.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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