Análise da série Mr. Robot (1ª temporada)
Hacker, anti-social e viciado em morfina: este é Elliot Alderson (Rami Malek), o protagonista de Mr. Robot. Tendo como única companhia o seu peixe, ele mora sozinho em um apartamento, sofre de depressão e possui distúrbios mentais. Elliot trabalha como engenheiro de segurança cibernética na Allsafe Cybersecurity, uma empresa especializada em proteção de dados, cujo principal cliente é nada menos do que uma das maiores multinacionais do mundo, a E Corp, que é carinhosamente chamada de Evil Corp pelo personagem.
Quando não está desempenhando o seu trabalho tradicional, Elliot costuma atuar como hacker e faz uso de suas habilidades para investigar a vida das pessoas que estão à sua volta. Os dados que ele obtém ficam armazenados em discos e são guardados em uma pasta no seu apartamento. Preferindo manter suas descobertas em segredo, Elliot raras vezes faz uso dessas informações para interferir na vida das pessoas. Esse é o motivo pelo qual o protagonista não cria nenhum tipo de vínculo com o namorado de Angela (Portia Doubleday), ele sabe que Ollie (Ben Rappaport) não é fiel à sua amiga. Elliot e Angela se conhecem desde que eram crianças e ambos tiveram que conviver com a dor da perda muito cedo: em 1993, um vazamento de gás tóxico em uma das instalações da E Corp fez com que o pai dele e a mãe dela adoecessem e viessem a óbito pouco depois.
Certa noite, enquanto investigava o marido de sua terapeuta, Elliot recebe uma ligação de Angela pedindo que ele fosse imediatamente até a Allsafe. Os servidores da E Corp haviam sofrido um ataque DDoS e alguma coisa precisava ser feita para conter a invasão. Enquanto tentava paralisar o processo, Elliot descobre que o ataque feito pelo grupo hacker fsociety era na verdade um teste para ele. Em decorrência dessa operação, o personagem conhece Mr. Robot (Christian Slater) e o seu plano de atingir a central de dados da E Corp, que possui 70% do mercado global de crédito. Se tudo ocorresse como planejado, os servidores da companhia seriam formatados, incluindo o backup, e todos os registros financeiros das pessoas seriam perdidos, causando um amplo “perdão” de dívidas. Essa questão envolvendo a luta contra uma gigante da tecnologia me lembrou um pouco o enredo de Watch Dogs, jogo lançado pela Ubisoft em 2014.
O pontapé inicial do plano era incriminar Terry Colby (Bruce Altman), CTO da E Corp, pelo ataque DDoS, alterando o arquivo original e colocando o endereço de IP do executivo lá. Como o FBI iria até a Allsafe para coletar dados, Elliot se vê obrigado a tomar uma decisão complicada: defender a empresa para a qual presta serviços e comprometer a fsociety, ou incriminar Colby por algo que ele não fez e iniciar uma mega revolução financeira. A história de Mr. Robot, em um primeiro momento, é confusa devido à grande quantidade de informações que são apresentadas, mas as coisas vão se ajeitando no decorrer dos episódios. Quando terminei a temporada, ainda haviam muitas perguntas sem respostas.
A atração criada por Sam Esmail conta com um ótimo recurso narrativo, a quebra da quarta parede. Nós somos o amigo imaginário de Elliot, com quem o personagem constantemente fala e compartilha informações. Essa forma de contar a história funciona muito bem, mas é sempre bom lembrar que estamos vendo o ponto de vista de Elliot sobre as coisas. Como ele possui distúrbios mentais, muitas das vezes ficamos em dúvida se determinado evento realmente aconteceu. Graças a essa mecânica, somos surpreendidos com ótimas reviravoltas ao longo dos capítulos.
Os personagens de Mr. Robot são, de longe, a parte mais interessante e instigante da série. Você percebe que todos possuem importância na trama, ainda que alguns tenham feito breves aparições no primeiro ano da atração. O alto grau de mistério deixa sempre a impressão de que nunca sabemos realmente quais são as intenções de cada um, já que não temos certeza daquilo que está por trás das decisões que são tomadas. Espero que na próxima temporada descubramos mais sobre Tyrell Wellick (Martin Wallström) e Whiterose (BD Wong). Detalhe: não deixe de ver a cena pós-crédito do último episódio.
Considerações finais
A princípio, Mr. Robot apresenta mais dúvidas do que respostas. Somente na metade da temporada é que conseguimos ter uma visão mais ampla da narrativa, que por sinal é muito bem elaborada. A história da série pode até não ser complexa, mas a forma com que ela é guiada dificulta um pouco a sua compreensão. Isso não chega a ser um ponto negativo, já que faz parte de todo o mistério que é criado. Em outras palavras, os roteiristas tentam esconder ao máximo determinados fatos.
A fotografia, trilha sonora e direção de arte são impecáveis. Constantemente, temos músicas que são abruptamente cortadas de uma cena para outra, quando o silêncio reina por alguns segundos, algo não muito comum, já que normalmente os produtores optam por suavizar a trilha sonora durante as transições. O elenco como um todo desempenha ótimas atuações, mas preciso destacar o trabalho de Rami Malek, que interpreta o perturbado Elliot. Os diversos problemas enfrentados pelo protagonista são retratados com muita naturalidade por Malek, o que inclusive lhe rendeu um Emmy. Outro que também recebeu prêmios por seu trabalho foi Christian Slater. Estou curioso para saber quais rumos a trama tomará depois daquele final enigmático.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
★★★★★ – 5 – Excelente
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