Análise da série The Witcher (1ª temporada)

O universo de The Witcher teve início na década de 1990, quando o escritor polonês Andrzej Sapkowski publicou os primeiros livros da saga. Em 2001 e 2002 surgiram adaptações para o cinema e a TV, mas a história do bruxo Geralt de Rívia só veio a ficar mundialmente popular após o lançamento dos jogos desenvolvidos pela CD Projekt Red, especialmente The Witcher 3: Wild Hunt, que se tornou um sucesso de vendas e crítica, tendo ganhado mais de 800 prêmios.
Enquanto os jogos pegam as obras de Andrzej como inspiração para construir suas próprias narrativas, Lauren Hissrich, criadora da série da Netflix, buscou ser mais fiel ao texto original. A primeira temporada foi baseada nos dois primeiros livros da franquia, que são uma compilação de contos, e isso reflete na forma com que a história do seriado é desenvolvida. Antes mesmo do seu lançamento, a plataforma de streaming já havia encomendado a segunda temporada, o que indica que a empresa está apostando alto na atração.
Embora tenham origens completamente diferentes, as vidas de Geralt de Rívia (Henry Cavill), Yennefer de Vengerberg (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan) são entrelaçadas pelo destino. Fazendo uso de três linhas temporais, que somente se encontram nos últimos capítulos, vamos conhecendo aos poucos os detalhes envolvendo esses personagens e qual é a ligação existente entre eles. A princípio, essa escolha me causou certa estranheza, já que torna a narrativa um pouco confusa, mas as coisas se ajeitam no decorrer dos oito episódios.
Geralt é um bruxo que ganha a vida matando monstros e outras criaturas mágicas em troca de recompensas em dinheiro. Como a sua espécie está em extinção, ele não aceita qualquer tipo de serviço que lhe é proposto. Mesmo cumprindo contratos que beneficiam várias aldeias, sua aceitação não é uma unanimidade entre as pessoas. O ator Henry Cavil, que revelou ter jogado The Witcher 3 duas vezes e meia, encarnou muito bem o personagem e o seu jeito de falar até lembra um pouco o bruxo dos jogos.
Yennefer é uma feiticeira que, quando jovem, foi vendida pelo próprio pai em razão de sua condição física. Passando a frequentar uma escola de magia, ela encontrou meios para se tornar uma bela mulher, ainda que isso tenha lhe custado algo valioso. Ao lado de Cavil, a atriz Anya Chalotra também merece reconhecimento pelo ótimo trabalho desempenhado. Por fim, Ciri é a princesa do reino de Cintra, que é governado pela rainha Calanthe (Jodhi May), sua avó. A história da jovem fica extremamente dramática quando Cintra é atacado por Nilfgaard e ela começa a ser perseguida pelo exército rival. No meio desse caos, Ciri é avisada que ela precisa se encontrar com Geralt, mas cumprir essa tarefa sozinha não será fácil.
Em toda produção medieval, o aspecto visual sempre tem um papel muito importante, quando há magia envolvida as exigências são ainda maiores. The Witcher nos apresenta lindas paisagens e excelentes cenas de ação, com destaque para as lutas de espada de Geralt e os instantes em que o bruxo faz uso de suas habilidades. Os demais momentos em que a magia marca presença são bons, mas nada que chegue a realmente causar impacto. Também percebemos a limitação de orçamento na caracterização de algumas criaturas, como os elfos: eles não são mal feitos, mas poderiam ser muito melhores.

Considerações finais

A criação de adaptações, em qualquer tipo de mídia, sempre exige um grande trabalho daquele que é o responsável pelo projeto. A primeira temporada de The Witcher cumpriu bem o papel de introduzir para o telespectador os personagens e os conflitos políticos existentes no Continente, universo em que a série é ambientada. A existência de três linhas temporais e a grande quantidade de nomes de reinos e personagens podem deixar os novatos na saga um pouco confusos, mas basta ter persistência que é possível compreender a história sem fazer grandes esforços.
Mesmo não contando com os efeitos visuais mais bonitos já vistos em séries, a atração da Netflix tem uma boa direção de arte e entrega ótimas cenas ao longo dos oito episódios. É legal ver que também houve inspiração na forma com que os games lidam com alguns aspectos desse universo. As atuações de Henry Cavill e Anya Chalotra são os grandes destaques da temporada de estreia. The Witcher tem um futuro muito promissor e a showrunner Lauren Hissrich demonstrou ter compreendido bem a essência das obras de Sapkowski. Como a segunda temporada deve ser mais linear, é esperado que a história se desenvolva com uma maior naturalidade. Vamos aguardar e ver o que vem por aí.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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