Análise da série Fleabag (1ª temporada)

Criada e protagonizada pela atriz e roteirista inglesa Phoebe Waller-Bridge, Fleabag é uma série de comédia fruto de uma parceria entre a emissora BBC e o serviço de streaming Prime Video. A atração é baseada em uma apresentação de stand-up homônima realizada por Phoebe pela primeira vez em 2013. Com o sucesso obtido pela atriz, a BBC fez um convite para que Phoebe adaptasse o seu show para uma série de TV. O resultado disso é o que acompanhamos nesta primeira temporada.

“Fleabag” é um termo utilizado na Inglaterra para descrever uma pessoa desagradável. Embora o nome da protagonista não seja revelado, o título da série certamente é uma clara referência a sua protagonista. Ela fala o que não deve, dá sua opinião na hora errada, é uma pessoa irresponsável e tenta curtir sua vida na medida do possível (ela é viciada em sexo). Mas por trás de todo o humor, existe uma pessoa que não conseguiu encontrar a felicidade verdadeira. Apesar de não ser o seu nome, para facilitar a compreensão da análise, vou me referir a protagonista como Fleabag.

Fleabag é uma mulher jovem, com seus trinta e poucos anos. Ela tem constantes encontros sexuais, mais poucos deles tem um significado real. Junto com sua melhor amiga, Boo (Jenny Rainsford), ela abriu um café, em Londres, com temática de porquinho-da-índia. Depois da trágica morte de Boo (de que a protagonista constantemente recorda boas lembranças), Fleabag tem tomado conta sozinha do negócio. O estabelecimento, no entanto, está indo de mal a pior, mas a protagonista se recusa a abandoná-lo. Ela tenta conseguir um empréstimo e até pensa em pedir ajuda para seus familiares, mas sempre quando é questionada sobre como anda o negócio, ela acaba escondendo a realidade.

O relacionamento de Fleabag com sua irmã Claire (Sian Clifford) é complicado. Apesar de serem próximas, as duas não se dão muito bem e frequentemente discutem. Enquanto Fleabag tenta gerenciar um negócio à beira da falência, sua irmã construiu uma carreira de sucesso. Uma das características de Claire é que ela não gosta de ser tocada por outras pessoas. Casada com Martin (Martin Gelman), Claire acaba sacrificando os próprios sonhos em função de seu marido, que não se mostra muito fiel a ela.

Claire e Fleabag perderam a mãe há cerca de três anos. O pai delas (Bill Paterson) atualmente vive com uma mulher (Olivia Colman) em sua casa. A madrinha/madrasta de Fleabag é uma artista e aparece quase sempre sorrindo. Mesmo construindo uma nova vida, o pai da protagonista tenta se manter próximo e, ocasionalmente, marca coisas para Fleabag e Claire fazerem juntas. Os encontros em família, como você deve imaginar, acabam não dando muito certo, faltando muita vez diálogo entre Fleabag, Claire e a madrasta.

No meio de toda essa confusão, a parte mais sensacional de Fleabag é a quebra da quarta parede, momentos em que a personagem de Phoebe Waller-Bridge conversa diretamente com o espectador. Os comentários da personagem são feitos de forma bem natural, no meio da série. É como se a cena fosse pausada para a protagonista manifestar, brevemente, sua opinião sobre o que está acontecendo. São nesses momentos que Fleabag costuma ser o mais sincera possível.

Considerações finais
Muito embora seja uma série de comédia, Fleabag também tem uma forte vertente dramática. Não é aquele tipo de série que te fará rir durante todo o episódio (muitos deles possuem uma quebra grande entre uma cena de cômica e outra), mas o humor, quando presente, é muito inteligente e espontâneo. As caras e bocas de Phoebe, por si só, já tornam as cenas engraçadas. A ironia da personagem é o outro ponto alto da série.

O elenco como um todo desempenha boas atuações, mas o grande destaque da série fica realmente por conta de Phoebe Waller-Bridge, que realiza um excelente trabalho ao dar vida para a personagem que foi por ela mesma criada. O trabalho de direção é bem simples, mas funciona muito bem, principalmente nos rápidos trechos de flashback, quando a personagem Boo ganha espaço na atração. Com apenas seis episódios, de aproximadamente vinte e cinco minutos cada, a série pode ser rapidamente maratonada. Fica o alerta: a temática é pesada, é um voltado humor para adultos.

Nota
★★★★★ – 5 – Excelente

Veja mais sobre Fleabag:
└ Análise da série Fleabag (2ª temporada)

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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