Como as mudanças culturais na Rockstar podem afetar o lançamento do próximo GTA
Uma reportagem, publicada ontem (16) pelo site estadunidense Kotaku, revelou que a Rockstar Games está realizando mudanças internas nas suas políticas de trabalho. O estúdio já começou a trabalhar no sucessor de Grand Theft Auto V, mas a estratégia de lançamento pode ser diferente daquela que foi adotada nos dois últimos jogos da empresa.
Na véspera do lançamento de Red Dead Redemption 2, a Rockstar se envolveu em polêmicas ao submeter seus funcionários a uma jornada de trabalho extremamente excessiva. Em outubro de 2018, ao promover o Red Dead Redemption 2, o co-fundador da Rockstar, Dan Houser, disse em uma entrevista que ele e sua equipe de roteiristas estavam trabalhando “100 horas por semana” para terminar o jogo. Mesmo se referindo exclusivamente aos roteiristas, surgiram discussões sobre crunch no estúdio. Crunch é um termo em inglês utilizado quando trabalhadores são obrigados a realizarem horas extras para atingir metas e entregar conteúdos nas datas exigidas. No mundo dos games, essa cultura, infelizmente, é não é uma exclusividade da Rockstar.
Na ocasião, vários foram os debates que surgiram na internet sobre a cultura de trabalho na Rockstar e veículos de mídia realizaram entrevistas com funcionários (com autorização da empresa) e ex-funcionários da companhia. Apesar de ninguém dizer que trabalhou 100 horas por semana (o que equivaleria a uma jornada de trabalho de 14 horas, durante 7 dias), muitos disseram que a média de horas semanais chegou perto de 55 ou 60, o que representaria 10 horas de trabalho em 6 dias. A maioria dos atuais e ex-funcionários ainda relataram que foram convidados ou se sentiram compelidos a trabalhar durante a noite e em fins de semana. Alguns tinham contratos por hora e recebiam as horas extras, mas muitos eram assalariados e não recebiam remuneração por suas horas suplementares, conforme revelou o mesmo site. Na época, os que ainda estavam na empresa esperavam que os bônus de 2018 os ajudassem a compensar isso.
Com as críticas pesadas, o clima no estúdio parece estar mudando. Ao realizar entrevistas com 15 pessoas que trabalham na Rockstar ou saíram no último ano, o Kotaku obteve a informação de que a imagem da empresa estaria mudando de maneira significativa. Segundo um funcionário da empresa, a direção agora parece estar “administrando a empresa como uma empresa”. A Rockstar se recusou a fornecer qualquer tipo de comentário sobre isso. Um segundo funcionário disse estar otimista quanto ao futuro, enquanto um terceiro elogiou o comportamento do estúdio com seus funcionários, agora, durante a pandemia do novo coronavírus (COVID-19).
Desde o lançamento do Red Dead Redemption 2, a Rockstar fez várias mudanças importantes na sua administração. Em fevereiro de 2020, o co-fundador do estúdio, Dan Houser, acabou se desligando da empresa. Ao longo do ano, a Rockstar substituiu os chefes de estúdio nos seus escritórios em San Diego, Califórnia e Lincoln, Reino Unido. A empresa também estaria oferecendo treinamento de gestão, e planos para melhorar tecnologia e planejamento para produção do próximo game. Uma crença compartilhada pelos funcionários da Rockstar é que a saída de Dan Houser levará a menos alterações na história e revisões de última hora, o tipo de trabalho que levou a equipe a fazer muitas horas extras em Red Dead Redemption 2.