Análise da série Billions (2ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Billions.
Depois do excelente desfecho da primeira temporada, eu imaginei que teríamos fortes embates entre Chuck Rhoades (Paul Giamatti) e Bobby Axelrod (Damian Lewis) ao longo de todo o segundo ano, mas ambos acabaram tendo que lidar com problemas internos nos seus escritórios antes de propriamente retomarem um confronto direto. O jogo de gato e rato demora um pouco para continuar e, desta vez, é cercado por algumas nuances diferentes. Depois de ficarem sem Wendy (Maggie Siff), os dois protagonistas precisarão encontrar meios para retomar seus relacionamentos com a psiquiatra, que não ficará parada e tentará ganhar a vida em outros ambientes, ou melhor, com concorrentes de Bobby, deixando seu antigo chefe extremamente irritado.
Com as instalações da Axe Capital reconstruídas após a busca por uma falsa escuta, Bobby autoriza seus funcionários a retornarem ao ambiente de trabalho. Para impedir que uma ação do tipo venha a se concretizar no futuro, medidas de segurança foram implementadas e o acesso à sede do fundo de hedge agora ficou mais rigoroso. O panorama está um pouco diferente: sem Wendy, com um trimestre não lucrativo e Wags (David Costabile) enfrentando problemas com drogas, Bobby precisa colocar a sua empresa de volta aos trilhos de alguma forma. Contratações para tentar contornar as adversidades são feitas, mas o que Axelrod realmente não esperava é que grande parte da ajuda que ele necessitava viria de um estagiário, alguém que muitas das vezes é menosprezado no ambiente de trabalho.
Tendo a intenção de ficar pouco tempo na Axe Capital, Taylor (Asia Kate Dillon) ganha rapidamente a atenção e o prestígio de Axelrod. Ao longo dos doze episódios, o estagiário conquista o seu espaço e passa a ocupar cargos importantes dentro do fundo de investimentos, ao mesmo tempo que seus ganhos aumentam consideravelmente devido às suas boas estratégias no mercado. Taylor é uma pessoa não-binária, razão pela qual seus pronomes de tratamento devem estar na terceira pessoa (do inglês), para evitar flexões de gênero, como ele próprio menciona ao conhecer Bobby. Vai ser interessante observar o comportamento moral que Taylor adotará quando, mais para frente, descobrir a série de problemas legais existentes na Axe Capital.
A forma com que o distrito sul conduziu as investigações envolvendo o fundo de Axelrod pegou muito mal na estrutura interna do Ministério Público. A procuradora-geral agora está caçando Chuck e a sua demissão é apenas uma questão de tempo. Um processo interno é instaurado e Oliver Dake (Christopher Denham), representante do Escritório de Responsabilidade Profissional, chega em Nova York para investigar as condutas profissionais de Rhoades. Mais do que nunca, Chuck necessita encontrar um grande caso para prorrogar a sua presença no serviço público. Com isso, o seu foco passa a ser atacar alguém que tenha algum tipo de problema com a procuradora-geral, quem sabe assim ele ganhe um pouco de respeito da sua chefe.
A vida pessoal de Chuck também está um verdadeiro desastre, tudo, obviamente, fruto de suas ações na primeira temporada. Depois que Wendy o expulsou de casa, os dois começam a fazer terapia de casal na esperança de conseguir reatar o relacionamento ou então partir para um processo de divórcio. Como Chuck pretende concorrer ao cargo de governador do Estado na próxima eleição, ele precisa rapidamente resolver o entrave com sua esposa. O que observamos no decorrer dos episódios é que o procurador federal passa a realizar uma série de movimentos, seja no trabalho, no dia a dia ou na sua vida pessoal, já pensando no seu futuro. As consequências disso são sentidas pelos seus subordinados no distrito sul, que ficam muitas vezes sem entender as ações que ele toma na condução de alguns casos. É a famosa “politicagem”.
O principal apoio que Chuck recebe para tentar emplacar na política vem de seu pai, Chuck Rhoades Sr. (Jeffrey DeMunn), que utiliza toda a sua influência para colocar o filho em contato com pessoas importantes. Chuck Sr. também tem problemas com Axelrod e fará de tudo para prejudicar os negócios de Bobby envolvendo um cassino no norte do estado. É claro que Bobby não deixará barato e arrumará uma forma para revidar as perdas. O que o bilionário não conta é que o procurador federal pode ter uma carta na manga. O caso da Ice Juice, que envolve especulação financeira e mais algumas coisinhas, é certamente o evento mais marcante do segundo ano da série. Não há limites para os protagonistas quando se trata de sentir o gosto da vitória.
Considerações finais
Assim como na temporada de estreia, Billions nos apresenta uma série de eventos que vão criando um clímax para o confronto entre Chuck e Bobby, culminando em mais uma season finale marcante. A diferença é que desta vez a trama ficou mais densa e os personagens ganharam novas camadas. Wendy, por exemplo, precisa lidar com questões que envolvem não apenas o seu futuro profissional, mas também o da sua família. Mais ousada, a psiquiatra de formação propositalmente toma uma atitude que gera impactos no casamento de Bobby e Lara (Malin Akerman), o que não significa que ela tenha se rendido aos jogos de Rhoades e Axelrod.
Até chegarmos à retomada do embate entre o procurador e o investidor, Billions constrói um grande número de situações que acabam tornando o desenvolvimento da história um pouco lento, principalmente na primeira parte da temporada. É importante dizer que as subtramas não estão ali para “encher linguiça”, já que tudo se encaixa muito bem no enredo da atração, mas é um ponto que merece ser destacado, principalmente quando estamos falando de uma série cujos episódios possuem quase uma hora de duração. Direção e fotografia novamente entregam para o público excelentes cenas, que muitas das vezes são acompanhadas de uma ótima trilha sonora.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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