Análise da série Billions (3ª temporada)

Atenção! O texto a seguir contém spoilers da segunda temporada de Billions.
O jogo de gato e rato entre Chuck Rhoades (Paul Giamatti) e Bobby Axelrod (Damian Lewis) já é uma marca conhecida das duas primeiras temporadas de Billions, série exibida pela emissora estadunidense Showtime. O terceiro ano da atração criada por Brian Koppelman, David Levien e Andrew Ross Sorkin é o mais ousado até então, entregando para o público as maiores reviravoltas já vistas na série, além de traçar um novo panorama para o futuro.
Assim como a primeira temporada, o desfecho do segundo ano nos brindou com um excelente embate envolvendo Chuck e Bobby, cujas consequências são retratadas no decorrer da terceira temporada. Dando um tiro certeiro no alvo, Chuck finalmente conseguiu incriminar o líder do fundo de hedge, obrigando-o a abrir mão da sua licença para negociar. Em decorrência disso, Bobby é obrigado a se afastar da Axe Capital e precisa entregar a entregar sua empresa para alguém de sua confiança. O escolhido para assumir o controle do fundo de investimentos é Taylor Mason (Asia Kate Dillon), que surpreendeu Bobby inúmeras vezes desde que começou a trabalhar para ele.
A proibição para atuar no mercado financeiro não é o único problema enfrentado por Axelrod: o que Wendy (Maggie Siff) disse na festa de aniversário do bilionário (evento retratado na temporada passada) parece realmente ter acabado com o casamento de Bobby e Lara (Malin Åkerman). O terceiro ano inicia com o casal já separado e com um processo de divórcio em curso. Sendo agora proprietária de metade do patrimônio do ex-marido, Lara demonstra interesse em saber como o seu dinheiro é investido na Axe Capital. Os dois ainda mantém o diálogo e tentam conduzir em conjunto a criação dos filhos, ainda que Axelrod, devido aos inúmeros afazeres, não consiga dar a eles a atenção que necessitam.
No outro lado da história, podemos dizer que a situação de Chuck foi amenizada. Com o cargo de procurador-geral sendo agora ocupado por Jock Jeffcoat (Clancy Brown), o posto de Rhoades no Ministério Público parece, por ora, estar mais seguro. No entanto, isso não significa que o procurador federal do distrito sul de Nova York terá sossego: o protagonista passa a conviver com interferências diretas de Jock no seu escritório, o que afeta a sua autonomia para investigar e processar casos. Chuck vira uma marionete e se vê obrigado a seguir as determinações do seu superior hierárquico.
Ao mesmo tempo que precisa lidar com esses revés, Chuck pensa na sua carreira política e não descarta a possibilidade de concorrer ao cargo de governador do Estado. Rhoades também tenta manter a sua influência sobre Oliver Dake (Christopher Denham), o novo procurador do distrito leste. O caso de envenenamento da Ice Juice contra Axelrod precisa avançar, mas Chuck tem que ser extremamente cauteloso para impedir que qualquer ligação dele e de sua esposa com a empresa de sucos venha à tona. O desafio maior será conter Bryan Connerty (Toby Leonard Moore), que não compreende alguns atos de Oliver na frente do caso e está disposto a realizar investigações particulares para descobrir qual parte da história está sendo ocultada. O fato do seu antigo chefe poder ter algum envolvimento não impede Connerty de seguir adiante.
Explorando ainda mais os escritórios do Ministério Público (distritos leste e sul) e da Axe Capital, Billions apresenta para o público várias questões que vão, aos poucos, ditando os novos rumos da narrativa. No momento em que as coisas finalmente pareciam estar se ajeitando, duas bombas explodem, uma para Bobby e outra para Chuck. Os dois personagens principais são obrigados a enfrentar situações extremamente delicadas e que vão causar profundas consequências no futuro de cada um. Com um novo panorama instaurado, a conclusão do terceiro ano é empolgante, abrindo precedentes para uma renovação total na história da série.
Considerações finais
Continuar repetindo uma fórmula que vem dando certo ou apostar em algo novo e mais ousado? Imagino que esse questionamento em algum momento deve surgir na mente dos roteiristas, principalmente quando estão à frente de produtos de sucesso. A terceira temporada de Billions me pareceu ser uma etapa de transição, fechando questões que surgiram nos dois primeiros anos e abrindo espaço para que outros caminhos sejam explorados nas temporadas subsequentes. A mudança veio em uma boa hora, afinal, repetir a mesma fórmula por mais doze episódios acabaria tornando a série repetitiva e previsível.
O ponto alto da temporada são as incríveis reviravoltas apresentadas. A atração cuida tanto de construir todos os detalhes do seu enredo que mais uma vez alguns dos seus episódios (com quase uma hora de duração cada) se tornam um pouco arrastados, principalmente no começo da temporada. Esse é o único ponto negativo, já que todo o restante funciona muito bem. Com os personagens secundários ganhando mais espaços e diálogos repletos de referências, a série conseguiu manter o padrão de qualidade visto nos anos anteriores.
Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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