Análise da série The Mandalorian (1ª temporada)

Desde 2015, quando a Disney lançou o primeiro filme de Star Wars, a franquia vem dividindo opiniões e não tem conseguido agradar toda a sua base de fãs. The Mandalorian, primeira série live action derivada de Star Wars, veio tentar alterar esse contexto, trazendo novos ares para franquia e buscando resgatar a essência que fez a saga se tornar tão popular. Mas será que uma produção feita diretamente para o streaming é capaz disso? É o que você descobre abaixo.
A história já começa bastante diferente do que se espera de Star Wars, afinal, não acompanhamos um Jedi ou usuário da força, mas sim um caçador de recompensas mandaloriano, apelidado de Mando, que está lidando com os novos tempos que começaram na galáxia. O imperador Palpatine e Darth Vader já estavam mortos e a segunda estrela da morte havia sido destruída; o império caiu e a nova república assumiu o controle da galáxia, provocando alterações na economia e deixando os caçadores de recompensa em uma situação bastante complicada.
Em meio a várias missões que não pagavam bem, surgiu uma tarefa que oferecia uma boa recompensa, cujo objetivo consistia apenas em capturar uma criatura de 50 anos de idade e leva-la aos seus contratantes, que eram remanescentes do império galáctico. Mando obviamente aceitou a missão e foi até o local onde encontraria seu alvo. Com ajuda do droide IG-11, que também havia sido designado para a missão, o protagonista achou a criatura, mas diferente do que se esperava, aquele ser ainda era um pequeno bebê. Mando acaba criando um laço com a criança e opta por não entregá-la, tornando-se seu guardião. Assim, uma jornada pela galáxia se inicia: a criatura, que antes parecia ser apenas uma espécie qualquer, demonstra ter uma extrema afinidade com a força, o que fez dela algo extremamente valioso para os remanescentes do império.
No começo, a série até parece seguir um estilo procedural, mostrando um caçador de recompensas fazendo várias missões, mas logo as coisas caminham para uma épica jornada de Mando com o bebê (que foi apelidado de bebê Yoda pelos fãs, por parecer ser da mesma raça do mestre Yoda). Em alguns momentos, a atração abre espaço para a exploração de tramas secundárias. Algumas funcionam bem e servem para apresentar e desenvolver novos personagens, mas outras parecem apenas estar ali para impedir o avanço da história, fazendo a jornada ser desnecessariamente arrastada em alguns momentos.
Ambientado cinco anos depois de O Retorno de Jedi e mais de vinte anos antes de O Despertar da Força, The Mandalorian consegue explorar uma época não muito aproveitada em Star Wars. A nova república foi vista apenas no começo do sétimo filme, quando ela aparece nos seus anos finais. Embora alguns elementos dos filmes e das animações da saga sejam introduzidos ao longo dos episódios, a série funciona surpreendentemente bem para os não iniciados em Star Wars, já que ela não se foca na trama da família Skywalker, que é o principal foco dos nove filmes. Não é necessário que você tenha assistido outras obras desse universo para entender The Mandalorian, mas é bom ter em mente que sua experiência será melhor se você conhecer o universo da franquia.
Mesmo sendo parte de Star Wars, a série consegue fugir bastante do que é rotineiro, sendo uma espécie de faroeste espacial, algo que George Lucas sempre tentou colocar em seus filmes, mas nunca conseguiu de forma tão eficaz quanto é feito aqui. Mesmo com essa mudança de estilo, a essência de Star Wars não foi perdida: a galáxia presente na série é tão fantástica e mítica quanto a das películas. A trilha sonora se diferencia bastante, mas ainda mantém a identidade da saga e consegue ser muito boa e marcante. Os efeitos especiais são incríveis, mas a produção tentou trabalhar mais com efeitos práticos, como eram nos filmes mais antigos, resultando em alguns momentos um pouco bregas, mas que funcionam bem como um todo.
Apesar das ressalvas quanto algumas tramas secundárias, conforme foi mencionado anteriormente, The Mandalorian consegue dosar bem os momentos de calmaria, diálogos, ação e humor, o que torna a série muito mais convidativa para os jovens do que os filmes, afinal, vários deles não envelheceram muito bem e hoje tem um ritmo que pode ser considerado lento. O elenco principal de personagens é muito bem desenvolvido, todos são carismáticos, têm visuais incríveis e estão ali por algum motivo – nenhum deles foi jogado para escanteio na trama, algo que vimos na mais recente trilogia de Star Wars nos cinemas. 
Considerações finais: 
Dar novos rumos para Star Wars após tantos filmes focados exclusivamente na família dos Skywalker foi uma decisão muito inteligente e The Mandalorian já provou ser digna de carregar o legado de uma das maiores franquias do cinema, mesmo sendo uma produção de porte menor do que qualquer filme. Os clássicos personagens da saga acabam não fazendo falta, já que os novos conseguem sustentar a série sem problema algum. Mesmo que ver os Jedi em ação seja legal, o universo dos caçadores de recompensa se mostrou interessante o suficiente para garantir mais temporadas e, quem sabe, até futuros derivados. 
Os realizadores da série se mostraram extremamente competentes e parecem realmente entender de Star Wars. Mesmo com alguns episódios menos relevantes, The Mandalorian conseguiu se tornar uma das melhores e mais originais produções da franquia. Agora, resta saber se a série conseguirá manter o mesmo padrão de qualidade na segunda temporada e como os roteiristas ditarão o rumo da história e as questões envolvendo seus personagens.

Nota
★★★★☆ – 4 – Ótimo
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