Análise da série The Wilds (1ª temporada)

A premissa de um avião cair em alto mar e um grupo de sobreviventes ficar preso em uma ilha não é algo tão original assim, não é mesmo? Ao assistir o trailer de The Wilds, a primeira coisa que me veio à cabeça foi Lost, mas diferente da série da ABC, que contava com um misticismo na sua trama, tudo o que acontece na atração do Prime Video é planejado – na verdade, um único evento sai do controle. Ao contrário do que aparenta, Shelby (Mia Healey), Nora (Helena Howard), Rachel (Reign Edwards), Dot (Shannon Berry), Fatin (Sophia Ali), Leah (Sarah Pidgeon), Martha (Jenna Clause), Toni (Erana James) e Jeanette (Chi Nguyen) não foram parar naquele local remoto por acaso.

O ponto inicial dessa história é o “Despertar de Eva”, um retiro exclusivo para mulheres no Havaí. A promessa era de um final de semana totalmente focado no aprendizado e crescimento feminino, com realização de diversas atividades durante o dia. O que levou cada uma das nove adolescentes a participar do retiro foram circunstâncias relacionadas às suas vidas, fatos que são explorados ao longo dos dez episódios. Enquanto se deslocavam para o local em que tudo seria realizado, o jatinho particular em que elas estavam sofre um acidente e acaba caindo. Com a tripulação morta, as garotas se reúnem em uma ilha deserta enquanto aguardam a chegada do resgate.

A narrativa de The Wilds é construída por meio de flashbacks e flashforwards, elementos que são utilizados desde o primeiro capítulo. Para que não reste dúvidas, nesta análise estou considerando como tempo presente os acontecimentos retratados na ilha, já que os próprios títulos dos episódios fazem referência aos dias em que as garotas lá permaneceram. Partindo desse ponto, se olharmos para a cena inicial da série, veremos que ela se trata de um flashforward com Leah.

Em geral, cada capítulo é focado em uma das garotas, ocasião em que a atração nos mostra como eram suas vidas antes de tudo aquilo acontecer. Vindo de realidades completamente diferentes, as personagens também têm problemas pessoais diversos e isso reflete no convívio na ilha, onde várias discussões acontecem. Em alguns momentos isso até chegou a me incomodar, mas olhando para a idade das protagonistas, é aceitável que elas não tenham maturidade para enfrentar aquele tipo de situação de outra forma. A única mais racional do grupo talvez seja Dot, que teve de cuidar do pai acamado, o que certamente lhe deu um grau maior de responsabilidade.

Os flashforwards, por sua vez, abordam o que parece ser uma investigação federal após as garotas terem sido resgatadas. Os agentes Faber (David Sullivan) e Young (Troy Winbush) colhem os depoimentos das meninas, que aparentam estar em uma instalação isolada. No início do primeiro capítulo é mencionado que as personagens estavam em quarentena e não podiam ter contato umas com as outras. Enquanto relatam os acontecimentos de quando estavam ilhadas, os agentes fazem perguntas para tentar entender melhor o que havia acontecido. À medida que cada uma detalha os ocorridos, a série explora o arco narrativo da ilha. A investigação tem um desdobramento interessante na reta final da temporada, quando fica um pouco mais claro porque tudo aquilo estava acontecendo.

A maior incógnita da trama, sem dúvidas, é o envolvimento de Gretchen (Rachel Griffiths) com toda essa situação. Idealizadora do retiro, ela e sua equipe monitoram as garotas o tempo todo, por meio de câmeras escondidas na ilha. Além disso, Gretchen também possui um outro método para conseguir informações atualizadas sobre o estado das meninas. Embora tenha revelado, desde o princípio, partes importantes desse mistério, a série deixou muitas questões em aberto. Como a segunda temporada já está garantida pela Amazon, espero que Sarah Streicher, criadora da atração, entregue para o público as informações necessárias para uma melhor compreensão da história.

Considerações finais
No começo, The Wilds me pareceu uma espécie de “Lost adolescente”, mas depois de ter assistido alguns capítulos percebi que a série era muito mais do que isso. Sarah Streicher conseguiu criar uma identidade própria para a sua obra e abordou diversas questões delicadas no decorrer dos capítulos. O episódio inicial foi um bom cartão de visitas e despertou a minha curiosidade para seguir adiante e ver como as coisas seriam conduzidas.

Os dramas adolescentes existem, são bem desenvolvidos e servem para conhecermos melhor cada uma das personagens. No entanto, a parte mais interessante da série é o que levou aquelas garotas a serem enviadas para uma ilha deserta. A atração se saiu bem ao apresentar uma narrativa atrativa em torno dessa situação, mas falhou na hora da sua conclusão: o encerramento da temporada expandiu ainda mais o universo ao invés de apresentar as respostas que estávamos esperando.

Nota
★★★☆☆ – 3 – Bom

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Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV".
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