Análise da série Sons of Anarchy (2ª temporada)
Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Sons of Anarchy.
Na temporada de estreia, a ATF, liderada pela agente Stahl (Ally Walker), chegou em Charming acreditando que conseguiria resolver facilmente a questão envolvendo o tráfico de armas. Visando desmantelar SAMCRO, Stahl armou uma situação que dava a entender que Opie (Ryan Hurst) estava colaborando com os policiais federais, o que ela não esperava era a represália que viria do clube de motoqueiros. Quando escutas foram encontradas na caminhonete e no celular de Opie, ficou claro para Clay (Ron Perlman) que estava havendo uma traição. Sem consultar os outros membros, o presidente do motoclube pediu para Tig (Kim Coates) matar o suposto delator. A execução, no entanto, não saiu como o esperado e a vítima do homicídio acabou sendo a mulher de Opie, Donna (Sprague Grayden), que não tinha nada a ver com o problema.
A história ganha um novo tom quando Jax (Charlie Hunnam) começa a desconfiar que seu padrasto foi o mandante da morte de Donna. A partir desse ponto, acompanhamos uma série de embates entre o vice-presidente e o presidente de SAMCRO, provocando uma divisão no clube que perdura por quase toda a segunda temporada. Os demais membros percebem que estava acontecendo algo entre Jax e Clay, mas como a informação não foi compartilhada, eles não conseguem entender qual era a origem da desavença. Com isso, as votações passam a ficar muito acirradas. As coisas ficam ainda piores quando, contra a vontade de Clay, os motoqueiros se tornam sócios da produtora de filmes pornográficos da esposa de um de seus membros, trazendo novas responsabilidades para a organização.
Se o clube já enfrenta dificuldades internamente, a ameaça maior vem de fora: um grupo de separatistas brancos, liderados por Ethan Zobelle (Adam Arkin), decide abrir uma tabacaria na cidade e começa a querer ditar as ordens no local. Ao ir até a oficina e dizer que seria melhor que SAMCRO parasse de vender armas aos Mayans e os Niners, Zobelle não é levado nem um pouco a sério. A resposta do empresário foi rápida: armando uma emboscada para Gemma (Katey Sagal), a esposa de Clay é amarrada em uma cerca, espancada e estuprada pelos homens de Zobelle. Junto com os atos de violência, a mensagem para parar com a venda de armas foi reiterada, mas não necessariamente foi passada da melhor forma.
Depois de receber uma denúncia anônima, Unser (Dayton Callie), o chefe da polícia de Charming, encontra Gemma em um armazém. Recusando ser levada até o o hospital, Gemma liga para Tara (Maggie Siff) e pede que ela lhe preste assistência médica. Querendo ser o mais discreta possível, ela faz Tara e Unser prometerem que não contariam nada a ninguém. Almejando justificar os ferimentos, o policial simula um acidente com o carro da mãe de Jax; desta forma, não haveria margem para maiores desconfianças. É interessante observar como Gemma tem uma visão ampla dos eventos e sabe o que aquilo poderia significar para SAMCRO.
Esse acontecimento funciona como uma válvula propulsora para o estreitamento da relação entre Tara e Gemma. Se antes Gemma não queria que o seu filho levasse adiante o relacionamento com a médica, agora ela apoia a união dos dois e dá até alguns conselhos de como sua nora deveria se comportar em certas situações. Ainda que esse não seja o seu desejo, Tara se envolve cada vez mais com o clube, prestando sempre auxílio médico para os feridos. Com Jax lhe contando sobre as ações da gangue, a personagem fica mais familiarizada com a nova realidade em que está inserida. A médica tem contato com o manuscrito de John Teller e passa a ter uma pequena ideia do que Jax pretende fazer no futuro. A ligação de Tara com SAMCRO acaba gerando reflexos no seu trabalho, deixando sua chefe bastante irritada. As coisas só mudam de rumo quando ela toma uma atitude inusitada no décimo segundo episódio.
Ao observar que o seu plano não gerou o efeito esperado (já que Gemma não comentou sobre o ocorrido), Zobelle começa a financiar uma distribuição de drogas em Charming, passa a interferir no comércio de armas de SAMCRO com os irlandeses, faz com que um dos membros de SAMCRO seja atacado na prisão e firma uma aliança com os Mayans. Zobelle também faz uso de métodos legais para comprometer o grupo liderado por Clay, entregando a polícia pistas incriminadoras e armando fatos para deixar os integrantes do clube em situações complicadas. Isso desencadeia uma série de eventos que culmina com um final trágico e surpreendente.
Considerações finais
A segunda temporada de Sons of Anarchy testa a capacidade do clube em lidar com problemas dentro e fora de sua estrutura. Para quem esteve por anos controlando praticamente tudo o que acontecia na cidade, a chegada de um intruso “atrevido” acaba sendo um balde de água fria para Clay e sua gangue. Como Zobelle parece estar sempre um passo à frente, SAMCRO enfrenta muitas dificuldades com o novo e poderoso inimigo. O antagonista desempenha um papel de respeito e deixa os motoqueiros totalmente fora da zona de conforto.
Durante os treze episódios, assistimos uma sequência de acontecimentos intensos, mostrando como a atração evoluiu em relação à temporada de estreia. O ponto central acaba sendo a briga entre Jax e Clay, mas o arco envolvendo Gemma também tem uma grande importância para a narrativa, ficando bem claro o papel marcante que a matriarca desempenha em SAMCRO. Outro detalhe que também merece destaque são as mudanças de personalidades de alguns personagens, como a própria Gemma, Tara e Opie. Apresentando subtramas interessantes e que se conectam bem com a narrativa principal, a temporada encerra deixando um enorme gancho para a sua continuação.
Nota
★★★★★ – 5 – Excelente
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